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Sete anos paralisado, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) retoma suas atividades, nesta quinta-feira (6), sob forte pressão da indústria brasileira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pôs o vice-presidente Geraldo Alckmin no comando do ministério que atende ao setor, assumiu o governo com a promessa de recuperar as bases industriais do País, num cenário de reclamação de falta de investimentos, de carência de estímulos à inovação e de concorrência desleal em relação a produtos que chegam de fora.

Além de apresentar oficialmente as sete missões definidas pelo comitê executivo do CNDI em maio, o governo também quer levar no encontro de hoje as fontes e os volumes de recursos disponíveis para financiar o fortalecimento industrial nos próximos quatro anos.

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O Estadão/Broadcast conversou com empresários que representarão a iniciativa privada no "Conselhão da Indústria", que terá sua primeira reunião nesta quinta com participação do presidente, no Palácio do Planalto. A iniciativa é bem recebida no mercado. Em comum, executivos enxergam no colegiado uma oportunidade de institucionalizar o debate sobre a chamada "neoindustrialização", como Alckmin tem classificado a política industrial que será elaborada até o fim do ano.

Eles têm, contudo, pressa em saber da posição detalhada do governo em temas relativos à proteção da indústria nacional e o grau de disposição do Executivo em trabalhar em pacotes de incentivo ao segmento - além de estarem na expectativa pela aprovação da reforma tributária, que tem na indústria um forte apoiador.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), André Passos Cordeiro, com assento no CNDI, classifica como "tempestade perfeita" o contexto vivido pelo segmento no último ano, em especial após a guerra na Ucrânia, que desestabilizou o mercado de fertilizantes e combustíveis. Segundo ele, a indústria brasileira já estava em desvantagem em razão da carga tributária e, no caso da química, pela transição energética feita em seus processos de produção - o que até o momento aumentou os custos, mas não representou aumento de competitividade.

"Nossa carga tributária é maior do que dos que produzem fora daqui, mas também porque fizemos a transição e produzimos a partir de matriz mais custosa, por ser mais limpa. Temos que ver qual o tratamento que vamos dar para os produtos que entram no Brasil, de fora, mais emissores de gases", disse Cordeiro ao Estadão/Broadcast. Segundo ele, a Abiquim tem expectativa de fazer no CNDI a discussão sobre como diferenciar nas importações brasileiras produtos mais emissores que os produzidos internamente.

"A reforma tributária fará o dever de casa para o nosso mercado, o mercado de carbono fará também o dever de casa, mas estamos no mercado internacional e por isso é necessário ter uma política de comércio exterior, industrial, sintonizada com isso", cobrou.

Setor com importância econômica crescente do mundo, com peso ainda geopolítico, a indústria de semicondutores também terá espaço no CNDI. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), Rogério Nunes, disse esperar que o governo brasileiro declare no Conselhão da Indústria que o segmento é parte de uma política nacional.

"Essa declaração é importante ao mundo", disse Nunes, que listou uma série de demandas do mercado, como a atualização do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) e a equalização de condição das empresas nacionais em relação à indústria externa.

"Os incentivos e a política que se desenvolveu em torno do Padis buscam o mercado local. O que nós queremos, além da manutenção disso, é penetrar no mercado mundial, ganhar a exportação", disse Nunes, segundo quem o Brasil já tem tecnologia de ponta no segmento de encapsulamento, o que pode ser potencializado para o País avançar no mercado mundial.

Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso segue linha similar ao defender que a nova política industrial seja ligada a tecnologias de ponta, que agreguem produtividade ao setor. "Não adianta fazer política industrial para algo que não venha agregar tecnologia, que não venha melhorar a produtividade do trabalho do Brasil. E tem que ser mensurável, com metas e reexame de políticas", disse o CEO da Abimaq, que também tem representação no CNDI e endossa o apoio à reforma tributária.

Para Velloso, as missões definidas pelo CNDI em maio apontam para um desenho de política industrial na direção correta - o que também foi destacado pelos outros executivos à reportagem. São elas: Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para erradicar a fome; Complexo da saúde resiliente para a prevenção e o tratamento de doenças; Infraestrutura sustentável para a integração produtiva; Transformação digital da indústria; Descarbonização da Indústria, viabilização da transição energética e bioeconomia; Tecnologias críticas para a soberania e a defesa nacionais; e Moradia e mobilidade sustentáveis para o bem-estar nas grandes cidades.

No total, 16 entidades industriais têm assento no CDNI, além de três centrais sindicais (CUT, Força e UGT), Embraer e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). Presidido pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o colegiado é vinculado à Presidência da República. A formação ainda conta com vinte ministros do governo e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou nesta quinta-feira, 6, um decreto que reativa, após sete anos, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). O objetivo do colegiado será debater e propor a Lula uma nova política industrial para o Brasil.

Também será de competência do conselho aprovar as diretrizes para a implementação da política industrial, analisar propostas para aumentar a inovação e o desenvolvimento da economia verde e opinar sobre estratégias para a produtividade e competitividade da indústria.

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O CNDI será presidido pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o vice-presidente Geraldo Alckmin, e composto ainda por mais outros 19 ministros, além do presidente do BNDES. Alckmin também indicará 21 conselheiros representantes da sociedade civil para integrar o fórum.

De acordo com Alckmin, o conselho irá identificar medidas que fortaleçam a "neoindustrialização, a retomada da indústria baseada na sustentabilidade, na geração de empregos e na expansão dos setores produtivos".

O CNDI é um dos oito conselhos reativados por Lula nesta quinta-feira dentro das ações dos 100 primeiros dias de governo, como o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) noticiou mais cedo.

O plano de exportação em elaboração pelo governo será lançado em março, disse nesta segunda-feira (9) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto. Segundo ele, as políticas se concentrarão em dois eixos: a conquista de novos mercados para os produtos brasileiros e a desburocratização das exportações.

Monteiro Neto falou com a imprensa após reunião que reinstalou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), órgão que engloba representantes do governo, dos empresários e dos trabalhadores, e discute políticas para a indústria. O conselho, que não tinha reuniões desde abril de 2013, passará a se reunir a cada três meses.

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Segundo o ministro, as medidas terão impacto fiscal mínimo. “Todos os participantes entendem que estamos em um momento de ajuste, que é necessário para restabelecer o equilíbrio macroeconômico do país e fortalecer a confiança dos agentes econômicos para impulsionar os investimentos”, declarou. “Ninguém reivindicou novas desonerações, porque reconhece que os ajustes [corte de gastos e aumento de tributos] provocam restrições de curto prazo”, disse.

Monteiro ressaltou que o plano nacional de exportações está sendo elaborado em parceria com o setor privado. “Este não é um plano apenas do governo. Mais de 50 setores da economia foram consultados. Agora, os trabalhadores e as centrais sindicais também serão ouvidos. Queremos terminar as consultas nas próximas semanas para recolher as contribuições e apresentar o plano em março”, declarou.

Em relação à conquista de mercados, o ministro explicou que o governo pretende fortalecer políticas comerciais com países em situação econômica favorável, como os Estados Unidos, que estão se recuperando da crise econômica iniciada em 2008, e conquistar novos mercados na Ásia e no Oriente Médio. “Queremos uma política comercial mais ativa para que o Brasil possa diversificar o destino de exportações e se associar a fluxos de comércio de regiões mais ativas economicamente”, comentou.

Sobre as medidas de desburocratização, Monteiro Neto disse que o plano nacional de exportações pretende atuar na simplificação, na facilitação de exportações e na melhoria do ambiente regulatório e tributário. “Essas ações contribuem para melhorar o ambiente de operação das empresas e ampliar as vendas externas”, acrescentou.

O ministro negou que o governo pretenda fechar os escritórios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) no exterior, e defendeu a manutenção de três programas de estímulo comercial. O primeiro dos programas é o Reintegra, que devolve aos exportadores de mercadorias industrializadas 3% do faturamento para ressarcir tributos cobrados ao longo da cadeia produtiva. “O Reintegra não é um bônus, mas uma compensação dos resíduos tributários que oneram as exportações brasileiras”, declarou.

O segundo programa defendido pelo ministro é o Programa de Financiamento à Exportação, modalidade Equalização (Proex Equalização), que financia parte dos encargos financeiros para exportadores ou importadores de bens e de serviços brasileiros. “Cada R$ 1 gasto no Proex gera R$ 20 em exportações”, destacou.

Monteiro Neto defendeu ainda a manutenção do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), que financia a compra de bens de capital (máquinas e equipamentos usados na produção), a exportação e investimentos em pesquisa e inovação por meio de linhas especiais de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“O Orçamento do PSI ficou e ficará menor à medida em que aportes do Tesouro Nacional [ao BNDES] diminuírem, mas o programa é muito importante, sobretudo levando em conta que o Brasil não tem mercado de capitais estruturado para dar suporte suficiente aos investimentos privados”, concluiu o ministro.

O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse nesta quarta-feira que o governo acompanha os desdobramentos do fim da guerra fiscal, determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e confirmou que a equipe econômica deve apresentar um projeto de reformulação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no ano que vem.

"A guerra fiscal está em análise, e o governo terá uma proposta de reformulação do ICMS", afirmou Pimentel. "O governo não pensa em fazer nada radical, mas não posso adiantar mais nada", acrescentou o ministro que participou na manhã desta quarta-feira de reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto, cuja pauta era avaliar a política industrial do governo federal, conhecida como Plano Brasil Maior.

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O STF considerou inconstitucionais todos os incentivos estaduais concedidos sem aval do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), obrigando os Estados a rever desonerações.

Como essa renúncia fiscal está atrelada à atração de investimentos produtivos, o governo federal quer evitar o fechamento de fábricas abertas com incentivos e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar o arcabouço legal para tornar o imposto estadual mais um fator de competitividade. O interesse do governo federal é unificar as alíquotas de ICMS, segundo declarações recentes da equipe econômica.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, defende que a indústria de autopeças seja beneficiada pelo governo e pede a prorrogação, por mais um ano, do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra).

"O programa feito aqui pra atrair investimentos no setor automobilístico tem de ser repassado para atrair a indústria de autopeças. Caso contrário, vamos ficar com as montadoras no Brasil, mas você importando todos os componentes", afirmou Andrade, após reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), nesta quarta-feira, no Palácio do Planalto. Para ele, os benefícios dados às montadoras precisam atingir "a cadeia toda, os fabricantes de autopeças".

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Andrade disse que, durante a reunião, foram discutidas as ações de incentivo à economia já em andamento. "Fizemos uma avaliação sobre o que está faltando para o próximo ano, questão de investimentos, o que está precisando para realmente você desencadear no empresariado a vontade de investir, não apenas porque acha que vai ter um mercado, mas porque você vai ter medidas que são consistentes", afirmou. "Discutimos a necessidade de prorrogar o Reintegra por mais um ano, porque as empresas que exportam já estão preocupadas."

A reunião do CNDI foi convocada para debater os resultados do Plano Brasil Maior. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, até o momento, a política industrial incorpora 63 medidas - 49 das quais em operação - para alavancar o desenvolvimento e a competitividade do País.

A política industrial do governo Dilma Rousseff, o Plano Brasil Maior, recebeu uma "avaliação positiva" e ajudou o País a resistir às dificuldades criadas pela crise da dívida soberana na Europa, segundo o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. De acordo com o ministro, "setor privado e governo são unânimes: avaliação do Brasil Maior é positiva". "O Brasil Maior é muito mais do que um plano de enfrentamento da crise", acrescentou Pimentel, que participou de reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto, cuja pauta era avaliar o plano.

Segundo o ministro, durante o encontro, representantes do setor privado pediram a prorrogação do Reintegra, que devolve dinheiro a exportadores por impostos acumulados ao longo da cadeia, e do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os dois programas vencem em 31 de dezembro próximo. Pimentel disse que o governo vai avaliar os pedidos. "Eu não disse nada, só ouvi. Os pedidos foram registrados", informou Pimentel em entrevista concedida após a reunião.

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Protecionismo

Durante o encontro, também foi debatido, segundo Pimentel, as medidas antidumping adotadas pelo governo nos últimos meses. Para o ministro, o Brasil tem exercido seus mecanismos de defesa comercial com mais agilidade. Ele também rebateu críticas de que o Brasil tenha economia fechada. "Não é verdade que a economia é fechada, pois temos alto coeficiente de importação", disse.

Diante desse cenário, Pimentel previu que as críticas de que o Brasil é um país protecionista devem continuar. "Isso deve até aumentar. É uma reação esperada dos países desenvolvidos, grandes produtores e que enfrentam grandes dificuldades, pois precisam desesperadamente desembarcar em mercados novos e afluentes, como é o mercado brasileiro", disse.

Para Pimentel, no entanto, dizer que as medidas antidumping adotadas no Brasil são protecionismo é "desconhecer as mais elementares" regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). "Isso é defesa comercial legítima", argumentou. Segundo ele, o Brasil tem exercido sua defesa comercial com mais agilidade e acuidade porque, recentemente, aumentou o volume de práticas desleais e predatórias no mercado. Pimentel informou que há 45 investigações antidumping em aberto no País e cerca de 80 já aplicadas. "Isso não é protecionismo; é legítima defesa", argumentou.

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