Enquanto a fome se alastra com a pandemia de Covid-19 no Brasil, cerca de 42 mil caixas de barras de cereais, 6.100 caixas de chiclete e 2,5 toneladas de preparo para chantily foram incluídos na lista de 107 alimentos fundamentais para o Comando Militar da Amazônia (CMA). Com valores acima do mercado, a licitação orçada em R$ 18.562.621,34 deve manter os militares por apenas oito meses.
Além dos grandes lotes e do alto valor dos produtos, também chama atenção os 84 itens repetidos na lista. Só de alface foram pedidas 60 toneladas por um preço em torno de R$ 1 milhão. De beterraba foram 21 toneladas a um custo superior a R$ 140 mil. Já as barrinhas de cereal vão custar R$ 973 mil aos cofres públicos.
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Admiradores da culinária regional, os militares também pediram quase oito toneladas de tambaqui, mais de cinco toneladas de queijo coalho e em torno de três toneladas e meia de tucumã. A licitação também projeta o consumo de 1,6 tonelada de salaminho fatiado por R$ 88,72 o quilo, com reserva financeira de R$ 146 mil. Por mais estranho que pareça, o embutido seria usado em cursos de confeitaria nas cozinhas dos quartéis.
A preocupação com o futuro dos jovens alistados conferida pelo “Projeto do Soldado Cidadão" o também explica o pedido por 2,5 toneladas de preparo para chantily, cotadas em R$ 53.049,52. A proposta seria “preparar o soldado para o mercado de trabalho após o término do tempo de serviço obrigatório", comunicou
Outras guloseimas fazem parte do rol de necessidades militares, como 14,9 toneladas de pé de moleque, orçadas em R$ 200 mil. "Lanches rápidos oferecidos em substituição a refeição, quando não há possibilidade de preparo para a mesma, uma fonte de energia durante as missões realizadas pela tropa", justifica o CMA, que pretende homologar o resultado do pregão eletrônico em junho.
Tá caro
Alguns produtos foram calculados com o valor acima do praticado nos mercados da região e sugerem uma possível falta de cuidado com a pesquisa por preços que atendam aos interesses da União. O alho foi estimado em R$ 38,63 o quilo, mas pode ser encontrados por supermercados da capital amazonense em torno de R$ 22,90. A projeção encarecida se repete com a cebola, que foi orçada em R$ 6,58, mas é comercializada por R$ 3,99; na cenoura avaliada em R$ 10,08, mas adquirida pelos consumidores por R$ 4,49.
O CMA informou que os itens que aparecem duas vezes fazem parte da 'Cota de Reserva', voltada aos produtos com valores superiores a R$ 80 mil. Essa cota limita a 25% da quantidade e só pode ser negociada com micro empresas. "As aquisições serão de acordo com a demanda e disponibilidade de recurso", pontua.
A compra total seria dividida com mais 12 unidades de abastecimento, para a sobrevivência dos 6807 militares lotados em Manaus. "Porém, há, ainda, uma demanda variável ao longo do ano, em virtude das operações que ocorrem no CMA, o qual chega a receber em torno de 3.000 (três mil) militares, vindos de diversos locais do país, aumentando a quantidade de gêneros alimentícios consumidos", destaca o Comando.