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“Daqui a pouco vira uma colônia de chineses aqui, estão tomando conta de tudo”, afirmou um comerciante recifense, com certo sarcasmo nas palavras, mas com verdadeira preocupação. No tradicional comércio do centro da capital pernambucana, nas ruas próximas ao Mercado de São José, o fenômeno é facilmente flagrado: diversas lojas fechadas ou em reformas. E as reformas, na maioria, são feitas pelos profissionais imigrantes.
##RECOMENDA##Na Rua do Nogueira, bairro de São José, a predominância dos asiáticos preocupa os profissionais da região. Dono de uma loja na via, o comerciante Michel Azevedo afirma que, recentemente, quatro lojas foram compradas por comerciantes chineses. “Ainda tem mais duas que estão ali, em reforma, e o pessoal comenta que serão novas lojas de chineses. É complicado, tomaram conta do bairro. Eu, há uns cinco anos, tinha 30 clientes de atacado. Hoje, por conta da situação, só tenho cinco”, relatou Azevedo.
O problema, segundo os brasileiros, não é a presença em si dos estrangeiros. “Tudo bem, eles não querem nem conversa. São eles lá e a gente aqui. Mas a gente sabe que a qualidade do produto comercializado não é boa. Eles só aceitam compras à vista, não dão garantia de troca. E muitos contratam funcionários brasileiros, mas não pagam taxas devidas, como tíquete alimentação”, apontou Michel, ao criticar também o comprometimento do trânsito na rua. “Todo dia são essas vans com descarregamento para as lojas deles. Dificulta até a locomoção das pessoas”.
De acordo com alguns comerciantes, as vendas em 2014 não foram satisfatórias e só agora, nos últimos meses do ano, a procura pelas compras de natal e ano novo oxigenam os bolsos dos empreendedores. Num cenário de dificuldade, surgem as propostas de compra ou aluguel das lojas por profissionais chineses. Houve loja vendida por R$ 400 mil, segundo Michel Azevedo, que também recebeu uma proposta de alugar seu imóvel pelo valor mensal de R$ 6 mil.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL Recife), Eduardo Catão, afirmou que a presença maciça dos chineses é, de fato, uma preocupação. “Sabemos que são produtos sem qualidade, que não estão dentro das especificações necessárias para a comercialização. Um amigo meu disse que até Caruaru está começando a ficar cheio de chineses. Mas aí cabe à Secretaria da Fazenda e à Polícia Federal fiscalizar a legalidade deste tipo de comércio”, disse.
Polícia afirma fiscalizar regularmente; Secretaria não responde
A Polícia Federal em Pernambuco explicou que tais produtos não são contrabandeados, mas são os conhecidos produtos “piratas”. Camisas, bolsas, relógios de marca falsificados, vendidos a preços bem inferiores aos originais. Neste caso, cabe à Polícia Civil a fiscalização. À Federal, a incumbência é se certificar de que tais pessoas estão legalizadas no país.
De fato, a Polícia Civil tem divulgado algumas apreensões e prisões de comerciantes chineses. Em agosto deste ano, um proprietário asiático de uma loja na Rua Direita, no bairro de São José, foi preso por vender produtos falsificados. Cerca de 16 mil produtos foram detidos, equivalente a R$ 350 mil. Outras prisões foram realizadas pela Polícia, mas a atuação não parece intimidar o comércio chinês no centro do Recife, que continua a se expandir.
O LeiaJá entrou em contato com a Secretaria da Fazenda do Estado, para questionar quais ações são realizadas para coibir o comércio destes produtos no Recife, mas até a publicação desta matéria não havia recebido resposta oficial do órgão.