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O presidente francês, Emmanuel Macron, expressou apoio nesta quinta-feira (17) à proposta do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, para organizar na Amazônia a conferência da ONU sobre o clima de 2025.

"Gostaria muito de ter uma COP na Amazônia, assim apoio plenamente esta iniciativa do presidente Lula", afirmou durante uma viagem a Bangcoc para a reunião de cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC).

"Apoio a volta do Brasil a uma estratégia amazônica. Nós precisamos", acrescentou Macron.

Lula, que assumirá a presidência do Brasil em 1º de janeiro de 2023, expressou na quarta-feira no Egito o desejo de organizar a COP30 na Amazônia, uma região essencial para o equilíbrio do clima e da biodiversidade mundial.

Lula desembarcou na terça-feira na cidade egípcia de Sharm el Sheilh para participar na COP27.

O Brasil havia sido escolhido para sediar a COP em 2019, mas desistiu após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente no fim de 2018.

"A França é uma potência do Indo-Pacífico e uma potência amazônica. A maior fronteira externa da França e da Europa é a fronteira da nossa Guiana com o Brasil", lembrou Macron.

A recente vitória de Lula parece abrir caminho para uma aproximação entre Paris e Brasília. As relações de Macron com Bolsonaro foram muito ruins.

A França considera o Brasil um "sócio essencial na América Latina", afirmou na terça-feira a secretária de Estado para a Europa, Laurence Boone, ao anunciar uma nova estratégia para os próximos meses.

A 24ª Conferência do Clima (COP) da ONU, realizada ao longo das duas últimas semanas em Katowice, na Polônia, terminou na noite desse sábado (15) entregando o que prometeu - o chamado "livro de regras" sobre como vai funcionar o Acordo de Paris, que estabeleceu em 2015 esforços de 195 países para tentar conter o aquecimento global a 1,5°C até o final do século.

Foram definidas, por exemplo, as diretrizes sobre como as nações deverão reportar de modo transparente suas emissões de gases de efeito estufa e seus esforços para reduzi-las. Mas pouco se avançou em termos de aumentar a ambição dos países para diminuir ainda mais suas emissões nos próximos anos.

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Os negociadores trabalharam sob o alerta quase gritante do último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), encomendado pela própria conferência, que mostrou no início de outubro que, se o ritmo de emissões continuar, por volta de 2040 o planeta poderá já ter atingido o 1,5°C de aquecimento. Até o final do século, se forem adotadas somente as metas já estabelecidas, a temperatura pode subir até 3°C.

O grupo internacional de cientistas mostrou também que um mundo 2°C mais quente é muito pior que 1,5°C, então seria bom tentar conter o aquecimento nesse limiar. Por enquanto, porém, os alertas não surtiram efeito.

Brasil e Chile

Do ponto de vista de expectativas nacionais, o destaque dessa reunião foram os questionamentos sobre para onde o Brasil deve seguir em relação aos seus esforços contra as mudanças climáticas. O País, que ajudou a costurar o Acordo de Paris e é o berço da Convenção do Clima da ONU, criada na Rio-92, chegou à Polônia com a má notícia de que tinha desistido de sediar, no ano que vem, a COP 25, após pedido do presidente eleito, Jair Bolsonaro. Também levava a ameaça de que o novo governo poderá abandonar o acordo.

Se oficialmente a questão não foi parar na mesa de negociação, diplomatas, delegados e outros membros da sociedade civil do Brasil foram questionados constantemente nos cafés, nos cantos das salas e nas reuniões bilaterais sobre o que vai acontecer.

Na sexta-feira, 14, foi definido que o Chile vai abrigar a reunião da qual o Brasil abriu mão. Também concorreram Costa Rica, Guatemala e Honduras. No Twitter, Bolsonaro voltou a afirmar sua posição, dizendo que a conferência custaria R$ 500 milhões ao Brasil. Ele disse que o evento poderia "constranger o futuro governo a adotar posições que requerem um tempo maior de análise e estudo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O plano de zerar o desmatamento ilegal até 2030, contido na meta apresentada no domingo, 27, pelo Brasil para colaborar com o combate às mudanças climáticas, só considera a Amazônia. Os outros biomas ficaram de fora do compromisso apresentado para a Conferência do Clima da ONU (COP), que será realizada em Paris no fim do ano.

"Isso quer dizer que vai se admitir o desmatamento ilegal nos outros biomas?", questionou o engenheiro florestal Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do Clima. Ele falou em evento da Andi e da Aliança pelo Clima e Uso da Terra (Clua) em Brasília para jornalistas sobre a COP, na segunda-feira, 28.

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A crítica foi compartilhada por Paulo Moutinho, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia. "É importante lembrar que grande parte da redução do desmatamento na Amazônia se deu porque houve migração para o Cerrado."

O diretor do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Adriano Santhiago de Oliveira, rebateu as críticas. Para a Amazônia temos um sistema robusto de fiscalização. Para os outros biomas, ainda não temos isso. Então preferimos apontar por enquanto o que é factível."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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