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O escritor e ator italiano Dario Fo, Nobel de Literatura por sua extensa obra irreverente e criativa, foi um intelectual comprometido e uma referência moral para a esquerda italiana.

O dramaturgo, ator, diretor teatral, escritor, ensaísta, poeta e pintor morreu em um hospital de Milão por problemas respiratórios, acompanhado por seu filho Jacopo.

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"Teve um grande final", reconheceu o filho, que aceitou que o funeral seja aberto ao público no próximo sábado, na praça central de Milão.

"Foi o maior e mais famoso artista italiano de todos os tempos", lamentou o jornal italiano La Repubblica.

Nascido em 24 de março de 1926 na Lombardia (norte), em uma família operária antifascista, Dario Fo estudou pintura e arquitetura antes de iniciar sua bem sucedida carreira teatral no início da década de 1950.

O célebre dramaturgo deixa mais de 100 obras teatrais, entre as quais se destacam "Mistério bufo" (1969) e "A Morte Acidental de um anarquista" (1970), nas quais critica a Igreja, a máfia e o poder político.

Seu teatro se caracteriza por uma linguagem absurda, na qual mescla dialetos, latim, italiano e citações literárias.

Fundador junto com sua ex-esposa Franca Rame, musa, companheira e coautora de inúmeras peças de teatro, do grupo "La Comune" nos anos 70, Dario Fo soube com ironia tratar tanto de temas políticos como de conflitos sobre o amor e o sexo.

Anticonformista, simpatizante comunista, admirador da experiência chilena de Salvador Allende, as pessoas de teatro de todo o mundo o chamavam de "o mestre", sendo um dos autores teatrais mais representados depois de Goldoni.

- Artista de seu tempo -

O sexto Nobel italiano era um homem alegre e será recordado por suas gargalhadas e sua maneira descomplicada de viver.

Censurado pela televisão pública nos anos 1960, por desmascarar a hipocrisia da chamada "sociedade burguesa", assim como por suas canções revolucionárias, por acreditar no amor livre, falar da infidelidade amorosa e ter uma especial sensibilidade pela problemática feminina, Dario Fo jamais teve boas relações com os representantes do poder.

Premiado, segundo a Real Academia de Estocolmo, "por fustigar o poder e restaurar a dignidade dos humilhados", seu Nobel foi interpretado como um reconhecimento ao teatro político.

Seus monólogos e esboços, cheios de crítica social, deixam uma ampla margem para a improvisação e se inspiram na commedia dell' arte, assim como no teatro de Vladimir Maiakovski e Bertolt Brecht.

Sua obra aborda todas as questões políticas e sociais de seu tempo: a guera do Vietnã, o assassinato do presidente John Kennedy, a questão palestina, a aids, o aborto, a corrupção e a ecologia.

Com Franca Rame, falecida em 2013 aos 83 anos, teve seu único filho, Jacopo Fo, sócio e cúmplice em suas inúmeras aventuras, formando atores e levando o teatro a fábricas e às ruas.

Em seu textos, Fo não poupou dardos contra um sistema político que considerava corrupto e injusto e em seus espetáculos ridicularizava o então magnata e primeiro-ministro Silvio Berlusconi, personagem a quem detestava abertamente.

Era um expert em pintura, admirador dos afrescos de Piero della Francesca e também capaz de pintar e reproduzir grandes autores como Picasso.

Criticado pelo poder político e eclesial, o mestre da sátira e referência da esquerda italiana, aceitou ser candidato à prefeitura de Milão em 2007, e, decepcionado com a classe política, apoiou nos últimos anos de vida o Movimento 5 Estrelas, do cômico Beppe Grillo, com quem escreveu, em 2013, a obra "Il Grillo sempre canta al tramonto".

A Itália chora a morte de um de seus intelectuais mais ilustres, o dramaturgo Dario Fo, prêmio Nobel de Literatura em 1997, que morreu nesta quinta-feira, aos 90 anos, de insuficiência respiratória.

"A Itália perde um dos grandes protagonistas do teatro, da cultura, da vida civil de nosso país", lamentou o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, ao prestar uma homenagem ao escritor.

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"Sua obra satírica, sua busca, seu trabalho cênico, sua atividade artística de múltiplas facetas são a herança de um grande italiano do mundo", acrescentou Renzi.

Inconformista e observador de sua época, Fo, que além disso era ator, ganhou fama em 1969 com sua obra "Mistério Bufo", uma epopeia sobre os oprimidos inspirada na cultura medieval.

Em "Mistério Bufo", o herói, um malabarista, estimula a rebelião com o sorriso.

A convocação à rebelião contra os poderosos e os hipócritas, com uma linguagem criativa, é um tema constante da obra Dario Fo.

Entre suas obras teatrais mais conhecidas estão "A Morte acidental de um anarquista" e "Ninguém Paga, Ninguém Paga", entre outras.

Conhecido em todo o mundo, e em particular na América Latina, onde participou de vários Festivais de Teatro, como os de Bogotá e Caracas, no início dos anos 90, seu teatro se caracterizava por uma linguagem absurda na qual misturava dialetos, latim, italiano e citações literárias.

Fundador junto com sua falecida esposa Franca Rame, musa, companheira e coautora de muitas peças de teatro, do grupo "La Comune" nos anos 70, Dario Fo soube com humor e ironia tratar tanto temas políticos quanto conflitos de amor e sexo.

Anticonformista, simpatizante comunista, admirador da experiência chilena com Salvador Allende, Dario Fo era chamado de "o mestre" pela maioria das pessoas do teatro, e sobretudo pelos artistas de rua e experimentais que se dirigiam aos seus ateliês, coordenados por seu filho, Jacopo Fo.

- Crítico do poder político e eclesiástico -

Fo, que morreu no dia em que a Academia sueca anunciou o vencedor do prêmio Nobel deste ano - para Bob Dylan -, publicou mais de cem peças de teatro e muitos livros, nos quais criticava o poder político e eclesiástico.

Sua morte gerou uma onda de reações na Itália tanto de líderes políticos quanto do mundo da cultura.

"O prêmio Nobel mais alegre de todos os tempos faleceu. Em vez de uma lágrima devemos a ele um sorriso", tuitou o escritor Erri De Luca.

"Não temo a morte, mas também não a seduzo. Se você viveu bem é a justa conclusão da vida", comentou recentemente em uma conversa com o jornal Il Corriere della Sera.

Nascido em 24 de março de 1926 na Lombardia (norte) no seio de uma família operária antifascista, Dario Fo estudou pintura e arquitetura antes de iniciar sua bem-sucedida carreira teatral no início da década de 1950.

Conhecido por seu ativismo político e seu estilo trovador medieval, esteve sempre na linha de frente para defender seus princípios, em particular nos anos 1970 e 1980, os chamados "anos de chumbo", quando fundou a organização "Soccorso rosso" (Socorro vermelho) para dar ajuda legal aos militantes de esquerda.

Na década de 1990 lutou a favor da legalização das drogas, do ar puro, do controle da natalidade, aterrorizando os católicos com seu divertido anticlericalismo.

O mestre da sátira e ao mesmo tempo referência da esquerda italiana foi um dos maiores críticos do estilo de governo do multimilionário e ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e nos últimos anos apoiou o Movimento 5 Estrelas do comediante Beppe Grillo.

"A morte de Dario Fo priva o país de uma grande voz crítica, um guia espiritual para o espírito cívico. Mas também priva o M5E de um ponto de referência fundamental, um companheiro alegre, brilhante e profundo", escreveu em um comunicado a bancada parlamentar do movimento.

Apesar de ser um flagelo da casta política, o senado italiano prestou uma homenagem a ele com um minuto de silêncio.

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