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O Prêmio Nobel de Economia de 2023 foi concedido nesta segunda-feira (9) para a americana Claudia Goldin, "por ter avançado nossa compreensão dos resultados do mercado de trabalho das mulheres", afirmou a Academia Real de Ciências da Suécia. Ela é apenas a terceira mulher a receber o Nobel de Economia: antes dela, Elinor Ostrom foi a vencedora em 2009 e Esther Duflo em 2019.

Os organizadores do Nobel afirmam que Claudia "apresentou o primeiro relato abrangente sobre os rendimentos das mulheres e a participação no mercado de trabalho ao longo dos séculos", descobrindo fatos novos e surpreendentes sobre os papéis históricos e contemporâneos das mulheres no mercado de trabalho. As limitações impostas às escolhas das mulheres, historicamente e hoje, pelo casamento e pela responsabilidade pelo lar e pela família está no centro das análises e modelos explicativos de Claudia.

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Diferente dos outros prêmios Nobel, o de Economia não foi estabelecido no testamento de Alfred Nobel de 1895, mas pelo banco central sueco em sua memória. O primeiro vencedor foi escolhido em 1969.

No ano passado, o prêmio foi concedido ao ex-presidente do Federal Reserve (Banco Central dos Estados Unidos) Ben S. Bernanke e dois economistas dos Estados Unidos, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig, por estudos sobre bancos e crises financeiras. O comitê avaliou que o trabalho dos três economistas estabeleceu as bases para lidar com essas crises, mostrando como é vital evitar colapsos de bancos.

Nobel 2023

Os anúncios do Prêmio Nobel 2023 começaram no dia 2 de outubro, com os responsáveis por criar a tecnologia da vacina de mRNA recebendo o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina: a bioquímica húngara Katalin Karikó e o imunologista americano Drew Weissman. As descobertas da dupla permitiram o desenvolvimento em tempo de recorde de imunizantes contra a covid-19 em 2020, o que contribuiu para frear a maior pandemia do último século, com quase 7 milhões de vítimas (700 mil delas no Brasil).

Três pesquisadores levaram o Prêmio Nobel de Física no dia 3. Os cientistas Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L'Huillier foram homenageados pelos trabalhos em métodos experimentais que geram pulsos de luz para o "estudo da dinâmica eletrônica na matéria". Anne L'Huillier é apenas a quinta mulher a ganhar a láurea na categoria da Física.

O Prêmio Nobel de Química foi concedido na quarta-feira, 4, aos pesquisadores Moungi G. Bawendi, Louis E. Brus e Alexei I. Ekimov. Eles desenvolvem trabalhos na área de nanotecnologia. O trio foi reconhecido pelas pesquisas sobre pontos quânticos, nanopartículas tão pequenas que seu tamanho determina suas propriedades. Esses pequenos componentes têm uso na área de eletrônica, como TVs e lâmpadas LED, computação, e na Medicina avançada, como em cirurgias de remoção de tecidos tumorais.

O norueguês Jon Fosse foi anunciado como vendedor do Prêmio Nobel de Literatura 2023 na quinta-feira, 5, por "suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível", segundo a Academia Sueca. Fosse é considerado um "Beckett do século 21".

Já o Prêmio Nobel da Paz de 2023 foi concedido na sexta-feira, 6, para a ativista iraniana dos direitos das mulheres Narges Mohammadi. Mohammadi já foi presa 13 vezes no Irã e condenada a 31 anos de prisão por conta de seu ativismo. Mesmo da prisão, ela foi uma das lideranças da onda de protestos no ano passado no Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi morta após ser detida pela polícia iraniana em Teerã sob a acusação de não usar o hijab, véu que cobre os cabelos, de maneira adequada.

O Prêmio Nobel da Paz de 2023 foi concedido nesta sexta-feira (6) para a ativista iraniana Narges Mohammadi. Segundo os organizadores, a vencedora ganhou o premio pela sua luta pelos direitos das mulheres no Irã contra a "sistemática descriminação e opressão do regime iraniano".

O Comitê do Prêmio Nobel destacou que Mohammadi já foi presa 13 vezes no Irã e condenada a 31 anos de prisão por conta de seu ativismo. Mesmo da prisão, a ativista conseguiu continuar a sua luta pelos direitos das mulheres no país persa e foi uma das lideranças da onda de protestos no ano passado no Irã após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos que foi morta após ser detida pela polícia iraniana em Teerã sob a acusação de não usar o hijab, véu que cobre os cabelos, de maneira adequada.

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"Ela apoia a luta das mulheres pelo direito a vida e a liberdade de expressão e contra as regras que exigem que as mulheres permaneçam fora da vista e cubram os seus corpos. As reivindicações de liberdade expressas pelos manifestantes aplicam-se não apenas às mulheres, mas a toda a população", apontou Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê Norueguês do Nobel

Andersen afirmou que o Nobel é um reconhecimento do movimento pela luta pelos direitos das mulheres no Irã. " A líder indiscutível deste movimento é Nargis Mohammadi. O impacto do prêmio não cabe ao comitê do Nobel decidir. Esperamos que seja um incentivo para continuar o trabalho em qualquer forma que este movimento considere adequada."

Ela é a 19ª mulher a ganhar o Prêmio Nobel da Paz e a segunda iraniana, depois que a ativista de direitos humanos Shirin Ebadi ganhou o prêmio em 2003.

Protestos

Mohammadi estava atrás das grades nos recentes protestos em todo o país pela morte de Mahsa Amini, de 22 anos, que morreu depois de ter sido detida pela polícia moral do país.

As manifestações foram as maiores contra o regime iraniano desde a Revolução Islâmica de 1979. Mais de 500 pessoas foram mortas e 22 mil foram presas.

A ganhadora do Nobel da Paz de 2023 conseguiu publicar um artigo de opinião para o The New York Times direto da prisão. "O que o governo pode não compreender é que quanto mais de nós eles prendem, mais fortes nos tornamos", escreveu ela.

Antes de ser presa, Mohammadi era vice-presidente do banido Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Irã. Ela é próxima de Ebadi, que fundou o centro e ganhou o Nobel da Paz.

A ganhadora do Nobel da Paz é engenheira de formação e recebeu o Prêmio Andrei Sakharov 2018. O marido de Mohammadi e colega ativista dos direitos humanos, Taghi Rahmani, e seus filhos gêmeos de 16 anos vivem em Paris. Rahmani disse esta semana que o Prêmio Nobel seria uma homenagem às décadas de trabalho de sua esposa no Irã.

Como funciona o Nobel da Paz

O prêmio Nobel da Paz é concedido, desde 1901, a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade, conforme o desejo de se criador, o inventor sueco Alfred Nobel. Ele é lembrado como o patrono das artes, das ciências e da paz.

O prêmio é entregue pelo Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco membros escolhidos pelo Parlamento norueguês. O vencedor recebe, além de uma medalha de ouro, uma premiação em dinheiro. Em 2023, a Fundação Nobel afirmou que os ganhadores do Premio Nobel irão receber 11 milhões de coroas suecas (R$ 4,8 milhões), uma premiação maior do que nos anos anteriores.

Indicar uma pessoa a um prêmio Nobel é relativamente simples. O comitê organizador distribui (e fornece em seu site) formulários para centenas de formadores de opinião.

As fichas com as sugestões são enviadas até o fim de janeiro de cada ano e então cada uma delas é avaliada até outubro, quando os vencedores são anunciados. Ao longo desse processo, a lista é reduzida para uma versão menor, com no mínimo cinco e no máximo 20 nomes, que são revisados. Os jurados debatem essa lista e buscam alcançar o consenso - quando ele não acontece, a escolha se dá por votação.

A entrega dos prêmios ocorre em dezembro. Mas pode acontecer de o comitê decidir que ninguém mereceu vencer o Nobel da Paz naquele ano - a honraria não foi entregue em 20 ocasiões, a mais recente delas em 1972.

Ate hoje, cinco vencedores não puderam participar da cerimônia em Oslo. Em 1936, o jornalista e pacifista alemão Carl von Ossietzky estava em um campo de concentração nazista. Em 2010, o dissidente chinês Liu Xiaobo foi preso e, portanto, sua cadeira, na qual o prêmio foi depositado, ficou simbolicamente vazia. Desde 1974, os estatutos da Fundação Nobel estipulam que um prêmio não pode ser concedido postumamente, a menos que a morte ocorra após o anúncio do nome do vencedor.

Outros premiados com o Nobel da Paz

Em 2022, o Nobel ficou com uma pessoa e duas organizações: Ales Bialiatski, ativista de Belarus, a organização de defesa dos Direitos Humanos da Rússia, Memorial, e o Centro das Liberdades Civis, da Ucrânia.

Já em 2021, o Nobel da Paz foi concedido para os jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia, pela "contribuição essencial de ambos para a liberdade de expressão e pelo jornalismo em seus países".

Maria Ressa é conhecida por ser cofundadora do Rappler, principal site de notícias que lidera a luta pela liberdade de imprensa nas Filipinas e combate à desinformação, e enfrenta constante assédio político no país. Já Muratov é editor-chefe do jornal Novaya Gazeta, um dos poucos veículos na Rússia críticos do governo do presidente Vladimir Putin, fechado depois do endurecimento das leis russas com a guerra da Ucrânia.

Em 2020, o Prêmio Nobel da Paz foi concedido ao Programa Mundial de Alimentos (PMA), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) com sede em Roma. Segundo os organizadores, o trabalho do PMA foi reconhecido por conta do trabalho do grupo para "impedir o uso da fome como arma de guerras e conflitos".

Em 2019, o laureado foi o primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, "por seus esforços para alcançar a paz e a cooperação internacional, principalmente por sua iniciativa decisiva destinada a resolver o conflito na fronteira com a Eritreia".

Em 2018, a jovem yazidi Nadia Murad e o ginecologista congolês Denis Mukwege ganharam o Nobel da Paz por seus esforços contra o uso da violência sexual como arma de guerra. No ano anterior, ganhou a Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares, por chamar a atenção para as consequências do uso do armamento e chegar a um acordo pelo fim das armas nucleares.

Em 2017, em razão de seus esforços para obter um acordo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos levou o prêmio.

Algumas das grandes surpresas incluem a paquistanesa Malala Yousafzai, que recebeu o prêmio em 2014, aos 17 anos, "pela luta contra a opressão das crianças e dos jovens e pelo direito de todas as crianças à educação". Ela se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel.

Outra grande surpresa, muito contestada à época, foi a escolha, em 2009, do então presidente americano Barack Obama, agraciado por seus "esforços extraordinários para fortalecer a diplomacia internacional e a cooperação entre os povos".

Lista dos vencedores dos últimos 10 anos do Prêmio Nobel de Medicina, atribuído nesta segunda-feira (2) à hungara Katalin Karikó e ao americano Drew Weissman Assembleia Nobel do Instituto Karolinska de Estocolmo:

- 2023: Katalin Karikó (Hungria) e Drew Weissman (EUA) pelo desenvolvimento da tecnologia de RNA mensageiro que abriu caminho para as vacinas contra a Covid-19 da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

- 2022: Svante Pääbo (Suécia) pelo sequenciamento do genoma dos neandertais e a criação da paleogenômica.

- 2021: David Julius e Ardem Patapoutian (Estados Unidos) por suas descobertas sobre a forma como o sistema nervoso percebe a temperatura e o toque.

- 2020: Harvey J. Alter e Charles M. Rice (Estados Unidos) e Michael Houghton (Reino Unido) por seu papel na descoberta do vírus que provoca a hepatite C, uma doença que mata 400.000 pessoas a cada ano. Suas pesquisas contribuíram para o desenvolvimento de exames de sangue e tratamento eficazes.

- 2019: William Kaelin e Gregg Semenza (Estados Unidos) e Peter Ratcliffe (Reino Unido) por suas pesquisas sobre a adaptação das células ao aporte variável de oxigênio, o que abre perspectivas para o tratamento contra o câncer e a anemia.

- 2018: James P. Allison (Estados Unidos) e Tasuku Honju (Japão) por suas pesquisas sobre a imunoterapia, especialmente eficazes no tratamento de casos de câncer agressivos.

- 2017: Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young (Estados Unidos) por suas descobertas sobre o relógio biológico interno que controla os ciclos de vigília-sono dos seres humanos.

- 2016: Yoshinori Ohsumi (Japão) por suas pequisas sobre a autofagia, cruciais para entender como as células se renovam e a resposta do corpo à fome e às infecções.

- 2015: William Campbell (Irlanda/EUA), Satoshi Omura (Japão) e Tu Youyou (China) por terem desenvolvido tratamentos contra infecções parasitárias e malária.

- 2014: John O'Keefe (Estados Unidos/Reino Unido) e May-Britt e Edvard Moser (Noruega) por suas pesquisas sobre o "GPS interno" do cérebro, que pode permitir avanços no conhecimento do Alzheimer.

Ontem (1) foi o dia Mundial da Paz. Mas você sabe como são indicados os vencedores para o Prêmio Nobel da Paz? Entre aqueles que sugerem os candidatos, há jornalistas, primeiros-ministros e também os últimos vencedores do prêmio. Relembre os ganhadores deste importante prêmio nos últimos dez anos:

 2022: Ales Bialiatski ganhou por seu esforço e trabalho conhecido com o Centro de Direitos Humanos “Viasna”. 

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2021: Os jornalistas Maria Ressa (Filipinas) e Dimitri Muratov (Rússia), venceram “por seus esforços para proteger a liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e a paz duradoura”. 

2020: O Programa Mundial de Alimentos (PMA), da ONU, por “seus esforços na luta contra a fome, sua contribuição para melhorar as condições de paz nas zonas de conflito e por terem impulsionado os esforços para não transformar a fome em uma arma de guerra”. 

2019: Abiy Ahmed Ali, primeiro-ministro etíope, pela reconciliação entre seu país e a Eritreia (posteriormente, a Etiópia entrou em guerra civil). 

2018: O ginecologista Denis Mukwege (República Democrática do Congo) e a yazidi Nadia Murad, por seus esforços para pôr fim ao uso da violência sexual como arma de guerra.  

2017: Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), por sua luta para abolir este armamento.  

2016: Juan Manuel Santos, por ter contribuído para pôr fim ao meio século da guerra interna na Colômbia. 

2015: Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia, que permitiu salvar a transição democrática tunisiana.  

2014: Malala Yousafzai (Paquistão) e Kailash Satyarthi (Índia), por seu combate contra a exploração infantil e dos jovens e pelo direito de todos à educação; 

2013: Organização para a Proibição de Arma Químicas (OPAQ), por seus esforços para erradicar esse tipo de armamento de destruição em massa. 

2012: União Europeia, por seu projeto de integração que contribuiu para pacificar um continente arrasado por duas guerras mundiais.  

De acordo com as Bolsas de apostas, os favoritos para vencer o prêmio neste ano são adversários da guerra na Ucrânia: o presidente Voldodymy Zelensky e o jornal “Kiev Independente”. A agência de notícias Reuters inclui ainda os voluntários que ajudaram os civis a fugir da Ucrânia no começo da guerra. 

O cantor norte-americano Bob Dylan foi agraciado com o Nobel de Literatura no dia 13 de outubro e 2016. Muitas controvérsias foram levantadas sobre o porquê de um músico ser agraciado com um prêmio como esse. O principal motivo de sua premiação se deu por mudanças nos limites do que pode ser considerado como literatura pela Academia Sueca, responsável pelo prêmio.

Dylan publicou apenas dois livros em sua carreira: Tarântula e Crônicas (Vol. 1). Apenas estes dois textos não seriam suficientes para que seu nome fosse cogitado para um prêmio de tamanha importância para o mundo literário.

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Desta forma, é justo dizer que foram suas composições musicais e sua massiva influência cultural nos Estados Unidos que o alçaram à posição de artista americano mais importante da segunda metade do século XX.

As influências presentes nas letras de Dylan são tão extensas quanto cabiam nas estrofes. Ele buscou inspiração tanto na poética ocidental moderna, como Rimbaud, quanto em antigos nomes clássicos, como Homero. Desta forma, sua lírica abandonou a superficialidade da música pop e mergulhou em uma profundidade antes desconhecida do gênero.

Mas suas influências não param por aí: Bob Dylan também era um grande conhecedor da tradição folk, de canções de protesto. Sempre presentes em suas composições, os temas sociais e políticos tomaram grande espaço em sua obra. Em uma das décadas de maior efervescência cultural, como foram os anos 60, sua figura expressava e encarnava em grande parte a luta pelos direitos civis pleiteados à época.

Em sua premiação, Dylan sequer foi receber o prêmio em mãos. Patti Smith cantou em seu lugar e a secretária da Academia Sueca leu o seu discurso. Anos depois, o cantor fez uma leitura da palestra que o premiado é obrigado a conceber, acompanhada de uma trilha sonora composta por um leve piano ao fundo. Reza a lenda que o cantor copiou alguns trechos de seu discurso da Wikipédia para preencher espaço, pois, como ele mesmo dizia: “Além do Murakimi, quem se importa com o Nobel?”.

A escritora francesa Annie Ernaux, conhecida por seus romances sobre classe e gênero baseados em sua experiência, foi anunciada nesta quinta-feira (6) como a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura.

A escritora, de 82 anos, foi premiada pela "coragem e acuidade clínica com que descobre as raízes, os distanciamentos e as restrições coletivas da memória pessoal", explicou o júri do Nobel.

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Ela receberá o prêmio de 10 milhões de coroas (pouco mais mais de 900.000 dólares).

No ano passado, o prêmio foi atribuído ao britânico de origem tanzaniana Abdulrazak Gurnah, por sua obra sobre os refugiados, o colonialismo e o racismo.

Ernaux, que era um nome citado há muitos anos entre possíveis vencedores do Nobel, é a 17ª mulher a receber a honra, entre os 119 laureados desde a criação do prêmio em 1901.

Professora universitária de Literatura, Annie Ernaux escreveu quase 20 livros, nos quais aborda o peso da dominação das classes sociais e a paixão do amor, dois temas que marcaram sua trajetória.

Entre suas obras estão "Os Armários Vazios" (que não foi lançado no Brasil, 1974), "O Acontecimento" (2000) e "Os Anos" (2008).

O Prêmio Nobel de Química de 2022 foi atribuído nesta quarta-feira ao dinamarquês Morten Meldal e aos americanos Barry Sharpless e Carolyn Bertozzi, que estabeleceram as bases para uma forma mais funcional da disciplina científica.

O trio foi reconhecido pelo "desenvolvimento da química 'click' e da química bio-ortogonal", anunciou o júri em sua decisão.

Sharpless, de 81 anos, venceu o Nobel de Química pela segunda vez.

Apenas outras quatro pessoas receberam duas vezes o Nobel, incluindo a francesa de origem polonesa Marie Curie.

Sharpless, que mora a trabalha na Califórnia, e Meldal, de 58 anos e da Universidade de Copenhague, foram reconhecidos por seus trabalhos pioneiros com a química 'click', uma nova forma de combinação de moléculas.

A química 'click' "é uma reação química elegante e eficiente que atualmente é amplamente utilizada", destacou o júri.

"Entre muitos usos é empregada no desenvolvimento de produtos farmacêuticos, mapeamento de DNA e criação de novos materiais.

A americana Bertozzi, de 55 anos, foi premiada pelo desenvolvimento da química bio-ortogonal, uma reação química que é descrita como capaz de iniciar-se em um organismo vivo, mas sem perturbar ou modificar sua natureza química.

As descobertas do trio abriram o caminho para melhorar a eficácia dos tratamentos contra o câncer.

O trio dividirá a quantia de 10 milhões de coroas suecas (pouco mais de 900.000 dólares) e receberá o prêmio das mãos do rei Carl XVI Gustaf em uma cerimônia em Estocolmo em 10 de dezembro, aniversário da morte em 1896 do cientista Alfred Nobel, que criou a premiação em seu testamento.

A Academia Sueca concedeu o Nobel de Química no ano passado ao alemão Benjamin List e ao americano David MacMillan pelo pelo desenvolvimento da "organocatálise assimétrica", uma nova ferramenta de construção de moléculas que tornou a Química mais "verde" e melhorou a pesquisa farmacêutica.

A temporada do prêmio Nobel é considerada uma oportunidade para celebrar a paz e os benfeitores da humanidade, mas este ano acontecerá, a partir de segunda-feira (3), como o conflito da Ucrânia provocando estragos na Europa.

Desde a Segunda Guerra Mundial, nenhum conflito entre Estados aconteceu tão perto de Oslo e Estocolmo, as duas capitais pacíficas onde são definidos os famosos prêmios (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) há mais de 120 anos, além do mais recente prêmio de Economia.

O Nobel da Paz, que será anunciado em 7 de outubro e geralmente é o mais comentado, terá um impacto particular este ano, segundo os analistas.

"O mais provável é um prêmio para apoiar as instituições que compilam informações sobre crimes de guerra", declarou à AFP o sueco Peter Wallensteen, professor especializado em questões internacionais.

Alguns citam o Tribunal Penal Internacional (TPI) de Haia. Outros mencionam o portal de jornalismo investigativo Bellingcat.

O período para apresentar indicações (este ano foram 343) terminou em 31 de janeiro, antes da invasão da Ucrânia, mas os cinco membros do Comitê Nobel estão autorizados a incluir nomes na lista durante sua primeira reunião, que aconteceu no fim de fevereiro.

- Um prêmio anti-Putin-? -

"Alguns pensam que não atribuir o prêmio seria a mensagem mais forte sobre a situação internacional", disse Wallensteen.

O Comitê Nobel norueguês, o júri que decide quem vence o prêmio Nobel da Paz, pode deixar o posto vago se considerar que ninguém é digno de receber o prêmio, algo que aconteceu pela última vez há 50 anos.

Um possível prêmio 'anti Vladimir Putin' pode ser atribuído ao opositor russo detido Alexei Navalny ou à opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya.

No ano passado, o prêmio foi entregue a um dos grandes críticos do presidente russo, o jornalista Dmitri Muratov, que dividiu o Nobel da Paz com a colega filipina Maria Ressa. A decisão foi uma maneira de exaltar a liberdade de imprensa.

Outras previsões apontam que o prêmio pode ser concedido à organização de combate à corrupção Transparency International, à ativista sueca contra a mudança climática Greta Thunberg ou a outras figuras de destaque da defesa do meio ambiente, como a sudanesa Nisreen Elsaim ou o ganês Chibeze Ezekiel, assim como ao naturalista britânico David Attenborough.

Apesar da "crise de segurança mundial", com a Ucrânia, mas também com Taiwan, "talvez tenha chegado o momento de o Comitê se concentrar na crise ambiental", afirmou Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo.

Mas poderia um prêmio como o de Literatura, em tese menos politizado, apresentar uma mensagem implícita contra o Kremlin? A russa Ludmila Ulitskaya, que apareceu nas listas de favoritas nos últimos anos, pode acabar vencendo o Nobel, segundo críticos entrevistado pela AFP.

Outros nomes que eram citados com frequência entre os favoritos, como a americana Joan Didion, a britânica Hilary Mantel ou o espanhol Javier Marías, faleceram este ano.

As dúvidas são muitas sobre quem sucederá o britânico de origem tanzaniana Abdulrazak Gurnah, vencedor do Nobel de Literatura no ano passado.

A Academia sueca continuará premiando autores relativamente desconhecidos do grande público - como também foi o caso da americana Louise Glück, vencedora do Nobel de Literatura em 2020 - ou optará este ano por escolher algum nome famoso?

A americana Joyce Carol Oates, o japonês Haruki Murakami e os franceses Michel Houellebecq e Annie Ernaux permanecem na lista de apostas.

"É mais difícil do que nunca adivinhar, quando você lembra que no ano passado ninguém, sem contar os membros da Academia, pensou em Gurnah", disse Jonas Thente, crítico do jornal sueco Dagens Nyheter.

Ele e outros críticos mencionaram os nomes do húngaro Laszlo Krasnahorkai, dos americanos Thomas Pynchon e Don DeLillo e do dramaturgo norueguês Jon Fosse como possíveis premiados.

- Química "bio-ortogonal" -

A cada ano, os primeiros prêmios são os científicos (Medicina na segunda-feira, Física na terça-feira e Química na quarta-feira).

Depois é a vez de Literatura na quinta-feira e o da Paz na sexta-feira. O prêmio de Economia, o único que não foi criado pelo famoso inventor sueco Alfred Nobel (1833-1896) encerra a temporada em 10 de outubro.

Tratamentos contra o câncer de mama, avanços em biópsias pré-natais ou as vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro são alguns dos campos de pesquisa que, segundo os analistas, podem ser premiados na categoria Medicina.

Além disso, os usos revolucionários da luz na Física ou os pioneiros da Química "bio-ortogonal" também estão bem posicionados para os outros prêmios de Ciências.

As cerimônias de entrega do Nobel acontecem em Estocolmo e Oslo no dia 10 de dezembro.

Quatro matemáticos receberam, nesta terça-feira (5), em Helsinque com a Medalha Fields, incluindo a ucraniana Maryna Viazovska, a segunda mulher a receber o prêmio de grande prestígio desde sua criação em 1936.

Os outros três vencedores do prêmio, considerado um equivalente ao "Nobel de Matemática", são o francês Hugo Duminil-Copin, o britânico James Maynard e o americano-sul-coreano June Huh.

A medalha de ouro, concedida a cada quatro anos e acompanhada por um cheque de 15.000 dólares canadenses (pouco mais de US$ 11.500), recompensa "feitos excepcionais" de matemáticos de menos de 40 anos.

O anúncio aconteceu em uma cerimônia na capital da Finlândia, Helsinque, durante o Congresso Internacional de Matemáticos.

A cerimônia estava prevista inicialmente para São Petersburgo, mas foi transferida para Helsinque devido à invasão da Ucrânia.

"A brutal guerra que a Rússia continua travando contra a Ucrânia não deixou outra alternativa", lamentou o presidente da União Internacional de Matemáticas (IMU), Carlos Kenig.

- "Minha vida mudou para sempre" -

Maryna Viazovska é a segunda mulher a receber a medalha 80 anos.

Viazovska nasceu em 1984 na Ucrânia, quando o país ainda era parte da União Soviética.

Ela é professora na Escola Politécnica Federal de Lausanne, Suíça, desde 2017.

Com a invasão da Ucrânia em fevereiro, "minha vida mudou para sempre", disse Viazovska.

A ucraniana venceu o prêmio por ter solucionado uma versão de um problema geométrico centenário, no qual demonstrou o empacotamento mais denso de esferas idênticas em oito dimensões.

O "problema de empacotamento de esferas" remonta ao século XVI, quando foi apresentada a questão de como as balas de canhão deveriam ser empilhadas para obter a solução mais densa possível.

O júri tomou a decisão antes do início da guerra.

A primeira mulher a receber a Medalha Fields foi Maryam Mirzakhani em 2014, uma matemática iraniana que faleceu três anos depois de uma batalha contra o câncer.

Os trabalhos do francês Duminil-Copin, de 36 anos, se concentram na área matemática da física estatística. Ele é professor no 'Institut des Hautes Etudes Scientifiques', na região de Paris, e na Universidade de Genebra.

Ele foi premiado por ter solucionado "problemas de longa data na teoria probabilística das transições de fase", que, segundo o júri, abriu várias direções de pesquisa novas.

James Maynard, de 35 anos, é professor na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Ele recebeu a medalha por suas "contribuições à teoria analítica dos números, que permitiram importantes avanços na compreensão da estrutura dos números primos e na aproximação diofantina".

June Huh, de 39 anos, professor na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, recebeu o prêmio por "transformar" o campo da combinatória geométrica, "utilizando métodos da teoria de Hodge, a geometria tropical e a teoria da singularidade", afirmou o júri.

A geometria tropical recebeu este nome em homenagem ao pioneiro da disciplina, o cientista da computação brasileiro Imre Simon, falecido em 2009.

O Coordenador dos cursos de Comunicação Social, Design, Fotografia e Film Maker da Universidade Guarulhos (UNG), Alex Francisco lançou ontem (29), no campus Centro, mais uma obra literária,  “A Nevasca”. A noite de autógrafos aconteceu no Café-Livraria Nobel, dentro da Universidade. Recentemente a obra foi premiada em Belém (PA), no concurso “Prêmios Literários”, do Programa Selva de Incentivo à Arte e à Cultura da Fundação Cultural do Pará (FCP).  

O texto apresenta a história da terapeuta Hilda e do paciente Noir, que ficam presos no consultório por causa de uma forte nevasca. Com inspiração na poesia concreta, o drama psicológico traz debates sobre relações humanas, uma vez que os personagens entram em conflito durante a sessão de terapia, além de outros personagens como também, Flér. 

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“Na criação de uma história, eu sempre penso nas possibilidades que as relações humanas trazem, e como é possível gerar conflitos quando os desejos, os quereres se chocam. A partir disso, trago uma temática que me instiga, que me faz querer saber mais. Nesta obra eu queria muito um texto que remetesse à sensação de congelamento, de ser tocado pelo gelo, pela neve, pela situação atípica de uma grande nevasca e como isso poderia nos impactar. E como seria a relação de estranhos que são obrigados a conviver com essa sensação térmica inóspita. Também busquei por um texto mais reflexivo. E 'A Nevasca' foi por essa linha", afirma o coordenador e mestre em Comunicação Social pela ECA/USP.

 

Dmitry Muratov, editor-chefe do jornal independente russo Novaya Gazeta, leiloará nesta segunda-feira (20) a medalha de ouro do Prêmio Nobel da Paz que obteve em 2021 em benefício das crianças deslocadas pela guerra na Ucrânia.

Muratov recebeu no ano passado, junto com a jornalista filipina Maria Ressa, o renomado prêmio "por seus esforços para garantir a liberdade de expressão".

Em março, a publicação de Muratov suspendeu suas operações na Rússia após a adoção de uma lei que estabeleceu duras penas de prisão contra qualquer um que criticasse a campanha militar do Kremlin na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro.

Muratov fundou junto com um grupo de jornalistas o diário Novaya Gazeta em 1993, após a queda da União Soviética. Em 2022, seu jornal foi a única publicação de envergadura que criticou o presidente Vladimir Putin e suas políticas interna e externa.

A casa Heritage Auctions é responsável pela venda da medalha do Nobel de Muratov, cujo leilão - tanto on-line como presencial - termina na noite desta segunda, no horário de Nova York.

Na manhã desta segunda, o preço estava em 550.000 dólares. Os lucros serão revertidos à Resposta Humanitária para as Crianças Ucranianas Deslocadas pela Guerra, do Unicef.

Muratov foi agredido em abril em um trem quando uma pessoa derramou tinta misturada com acetona nele, causando queimaduras nos olhos.

Desde o ano 2000, seis jornalistas e colaboradores do Novaya Gazeta foram assassinados devido a seu trabalho, entre eles a repórter investigativa Anna Politkovskaya, a quem Muratov dedicou o Prêmio Nobel.

"Este jornal é perigoso para a vida das pessoas", disse Muratov à AFP no ano passado.

Falando em um vídeo difundido pela Heritage Auctions, o jornalista disse que ganhar o Nobel "lhe dá a oportunidade de ser ouvido".

"A mensagem mais importante hoje é que as pessoas entendam que há uma guerra e que é preciso ajudar os que mais sofrem", continuou, ao apontar especificamente para as crianças das famílias de refugiados.

Depois de quase uma década de agraciados exclusivamente ocidentais, os responsáveis pelo Prêmio Nobel de Literatura devem cumprir sua promessa de mais diversidade na quinta-feira (7).

Após o escândalo #MeToo, que levou à suspensão do prêmio em 2018, e as críticas recorrentes pela presença de laureados masculinos e eurocêntricos, a Academia Sueca, encarregada de conceder a prestigiosa distinção, disse que renovou seus critérios e espectro para que o prêmio seja mais global e feminino.

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Desde então, duas mulheres conquistaram a distinção: a romancista polonesa Olga Tokarczuk, em 2018, e a poetisa americana Louise Gluck, em 2020.

Em contrapartida, o vencedor de 2019, o austríaco Peter Handke, gerou polêmica sobre suas posições pró-sérvias que o levaram a apoiar o ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic, julgado por genocídio quando morreu em 2006.

Este ano, há expectativas de que a Academia Sueca cumpra sua promessa de uma maior extensão geográfica.

O último premiado não europeu e não americano foi o romancista chinês Mo Yan, em 2012.

"Chegou a hora de o Prêmio Nobel de Literatura tomar consciência?", questionou o principal jornal sueco Dagens Nyheter neste fim de semana.

As inclinações da Academia Sueca costumam ser impenetráveis. Suas indicações e deliberações são mantidas em segredo por 50 anos. Isso não impede que os círculos literários especulem, longa e detalhadamente, sobre dezenas de candidatos.

"Perceberam que devem ser muito discretos, muito reservados, porque isso o torna mais mágico, mais emocionante", disse à AFP o diretor literário da editora sueca Norstedts, Hakan Bravinger.

Sua aposta para este ano é a canadense Margaret Atwood.

Eleito por três anos e composto de cinco membros, o comitê do Nobel é responsável por coletar e discutir as indicações antes de enviar uma lista de cinco nomes para os outros 13 membros da Academia Sueca.

"Eu acredito que queiram descobrir um gênio de uma área anteriormente ignorada", especulou Jonas Thente, crítico literário da Dagens Nyheter.

- Áreas ignoradas -

Seu prognóstico é que a Academia vai favorecer o húngaro Peter Nadas. Nyheter mantém a esperança de que a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie a escolhida deste ano, por seus romances de "experiências transculturais", mas reconhece que, aos 44 anos, a autora pode ser considerada "talvez muito jovem" para um Nobel.

O mais jovem laureado até o momento foi o britânico Rudyard Kipling, premiado aos 41 anos, em 1907.

Os críticos apontam que há muitos escritores não ocidentais.

Ngugi wa Thiong'o, do Quênia, é frequentemente citado como um autor africano digno do prêmio, assim como o somali Nuruddin Farah e o moçambicano Mia Couto.

O sul-coreano Ko Un perdeu a preferência após ser acusado de agressão sexual, mas o indiano Vikram Seth e os chineses Can Xue, Yan Lianke e Lao Yiwu (conhecido como Lao Wei) são mencionados como possíveis vencedores.

Os grandes países ocidentais têm vários vencedores, liderados pela França, com 15. Enquanto isso, os dois países mais populosos do mundo, Índia e China, têm um premiado cada - um número que exclui Gao Xingjian, nascido na China, mas nacionalizado francês.

Maria Hymna Ramnehill, crítica do jornal Goteborgs-Posten, aposta em um dramaturgo, como o norueguês Jon Fosse.

A canadense Anne Carson, as americanas Joyce Carol Oates e Joan Didion, a russa Ludmila Ulitskaya, a franco-ruandesa Scholastique Mukasonga e a francesa Annie Ernaux foram identificadas como candidatas a se tornarem a 17ª mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, concedido 117 vezes desde 1901.

O poeta sírio Adonis tem sido ignorado pela academia, assim como o japonês Haruki Murakami. Seus fãs temem que o prêmio nunca chegue.

O testamento de 1985 do inventor sueco Alfred Nobel, criador dos prêmios, especifica que a obra geral do vencedor deve ter uma "direção idealista".

A Academia parece, no entanto, disposta a ferir suscetibilidades, se considerar que toda uma obra merece reconhecimento, como aconteceu no caso de Handke, em 2019.

"Seria de se esperar que a Academia iria querer evitar um escândalo, mas isso mostra que o prêmio é mais imprevisível do que nunca", comentou o crítico Jonas Thente.

Os pioneiros das vacinas anticovid? Geneticistas importantes? As opositoras de Belarus? As apostas sobre os vencedores dos prestigiosos Prêmios Nobel deste ano estão abertas, em uma edição novamente marcada pela pandemia do coronavírus.

Os Nobel de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz, criados pelo inventor sueco Alfred Nobel há 120 anos, assim como o de Economia - mais recente - serão anunciados em Estocolmo e Oslo na próxima semana. O objetivo: premiar "benfeitores da humanidade".

Entre os nomes que aparecem como favoritos estão o da húngara Katalin Kariko e o do americano Drew Weissman, que abriram o caminho para as vacinas de RNA mensageiro da Pfizer e da Moderna. Doses destes imunizantes já foram aplicadas em mais de um bilhão de pessoas em todo mundo para protegê-las da covid-19.

Especialistas entrevistados pela AFP afirmaram que eles podem receber o Nobel de Medicina, que abre a temporada na segunda-feira (4), ou de Química, que será anunciado na quarta-feira (6).

"Seria um erro, se o Comitê do Nobel não atribuísse o prêmio à vacina de RNA mensageiro este ano", opina a diretora do departamento de Ciência da rádio pública sueca, Ulrika Björkstén.

Às vezes criticada por sua tendência a conceder prêmios para descobertas muito antigas, a Academia de Ciências também poderia recompensar, finalmente, os especialistas em linfócitos Max Cooper e Jacques Miller.

Pesquisas sobre o câncer de mama (Mary-Claire King e Dennis Slamon), sobre áreas de resistência aos antibióticos, ou epigenética, também são mencionadas pelos especialistas na premiação.

Na terça-feira (5), será a vez do prêmio de Física; na quarta, o de Química; e, na quinta, o de Literatura. O prêmio de Economia encerrará a temporada no dia 11.

Na sexta-feira (8), todos os olhares estarão voltados para Oslo, onde será anunciado o vencedor do Nobel da Paz. No ano passado, esta distinção foi atribuída ao Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (PMA).

"Não acredito que exista um favorito evidente este ano, ao menos no sentido convencional", afirma Henrik Urdal, diretor do Instituto de Pesquisas para a Paz, de Oslo.

Organizações de defesa da liberdade de imprensa, como Repórteres Sem Fronteiras e o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, com sede em Nova York, voltam a aparecer como possíveis vencedores este ano.

A opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya - sozinha, ou com suas compatriotas Maria Kolesnikova e Veronika Tsepkalo - também é uma das favoritas.

A menos que o Comitê Nobel queira destacar a causa climática este ano, entre os 329 candidatos, homenageando, por exemplo, a jovem sueca Greta Thunberg.

"Este é o tema mais importante do momento", afirmou o historiador do Nobel Asle Sveen.

- "Colonialismo positivo" -

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o programa de vacinas Covax para os países pobres perderam parte de seu brilho, após as polêmicas e os atrasos na distribuição das doses.

O prêmio de Literatura também está especialmente aberto, e alguns apostam em um vencedor não ocidental.

Com exceção do vencedor de 2017, o britânico Kazuo Ishiguro, que nasceu no Japão, todos os vencedores nos últimos anos foram europeus, ou norte-americanos, de Bob Dylan a Peter Handke, chegando até a poeta americana Louise Glück, vencedora em 2020.

"Acredito que desejam descobrir um gênio de um lugar que foi marginalizado até agora. Poderíamos chamar de colonialismo positivo", disse Jonas Thente, crítico literário do jornal sueco Dagens Nyheter, que citou como candidata a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie.

Outros nomes apontados para o Nobel de Literatura são o sul-coreano Ko Un, o queniano Ngugi wa Thiong'o e o chinês Can Xue. Apostas mais recentes citam ainda o indiano Vikram Seth, o moçambicano Mia Couto e o opositor chinês Liao Yiwu.

Em uma época que questiona o pós-colonialismo, também são mencionados os nomes de Jamaica Kincaid (nascida em Antigua e Barbuda e radicada nos Estados Unidos) e da francesa da ilha de Guadalupe Maryse Condé.

O japonês Haruki Murakami, sempre citado e nunca premiado, seguirá os passos do americano Philip Roth, que morreu sem receber o prêmio Nobel?

Na Europa, a russa Ludmila Ulitskaya, o húngaro Peter Nadas, o francês Michel Houellebecq e o albanês Ismaël Kadaré voltam a figurar nas listas de favoritos, assim como as canadenses Anne Carson e Margaret Atwood e as americanas Joyce Carol Oates e Joan Didion.

Assim como no ano passado, devido à Covid-19, os vencedores receberão os prêmios em seu país de residência, exceto para o Nobel da Paz, para o qual ainda existe uma pequena possibilidade de entrega em uma cerimônia em Oslo.

De um lado, pesquisadores do mundo inteiro que colocaram carga máxima de trabalho para a descoberta da imunização contra a Covid-19. De outro, cientistas que estudam o Universo adaptaram a rotina que exigiu isolamento social para garantir o andamento de descobertas que marcaram este ano. 

Para Rosaly Lopes, cientista brasileira na Agência Espacial Norte-Americana, até pouco tempo atrás era impossível pensar em uma jornada de trabalho feita de fora dos escritórios da Nasa.

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Rosaly atua no Laboratório de Propulsão a Jato e é responsável por um dos principais estudos sobre Titã, a lua de Saturno que é um dos lugares mais cotados para existência de vida fora da Terra. Mas, com a chegada da pandemia, ela destaca que foi uma adaptação necessária e relativamente tranquila.

“Eu nunca gostei de trabalhar em casa, sempre preferi ir para o escritório. Todo o meu trabalho posso fazer em casa pela internet. Nós estamos tendo reuniões pequenas pela internet, que funcionam muito bem. Mas, esperamos que esta crise passe logo'', diz.

No Brasil, o Observatório do Pico dos Dias, em Minas Gerais, e do Valongo, no Rio de Janeiro e da Unesp, em São Paulo, tiveram as visitações suspensas.

Para o astrônomo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Thiago Signorini, dados captados antes da pandemia garantiram o home office, neste período.

Para ele, um desafio, além do trabalho e da divulgação científica, foi adaptar as horas em casa com os cuidados com as filhas ainda pequenas.

“O que acontece é que a maior parte do tempo a gente fica de frente para o computador analisando dados e esse trabalho não está sendo prejudicado. A grande dificuldade, no meu caso, é dividir o tempo entre cuidar das filhas pequenas e home office. É um desafio extra que a gente tem que aprender a lidar”, avalia.

O que dizer dos achados astronômicos de 2020?

Um ano marcado por eventos como eclipse solar, lunar, conjunção rara de Júpiter e Saturno e chuvas de meteoros – tantas registradas em nossos celulares.Tem mais! Ano de Nobel de Física para pesquisa sobre Buraco Negro, descoberta da fosfina em Vênus, de lançamento da Space X, que formalizou parceria da iniciativa privada com o governo americano, e missões rumo a Marte.

Com a palavra, os nossos cientistas:

Duilia de Mello, astrônoma, pesquisadora em projetos da Nasa e vice-reitora da Universidade Católica da América:

“Uma das descobertas que mais me chamaram a atenção foi a de água na superfície da Lua, feita pelo telescópio Sofia (da Nasa). Pela primeira vez, foi confirmada a presença de água confinada no solo lunar. Não foi que encontraram um lago, mas a molécula misturada no solo. Isso é importante por que a Nasa está programando enviar a Missão Artemis (a caminho do nosso satélite natural) com a primeira mulher à Lua, em 2024. Importante saber se há possibilidade de converter essas moléculas em água líquida para ser usada já na missão. O ano de 2020 vai ficar marcado pelo prêmio Nobel para os cientistas que comprovaram que existe um buraco negro no centro da nossa galáxia, destacando Andrea Ghez, que é a primeira dos nossos tempos a ganhar um prêmio Nobel. Ela é quarta mulher a ganhar um prêmio Nobel de Física de todos os tempos.”

Ricardo Ogando, astrofísico do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações:

''Eu acho que descoberta de maior impacto na astronomia em 2020 foi a detecção de fosfina em Vênus. A fosfina é uma molécula que na Terra é produzida artificialmente, mas ela aparece em pântanos onde tem vida microbiana que não depende de oxigênio como fonte de energia. A hipótese mais interessante – somente uma hipótese - é que alguma forma de vida habitaria as nuvens nas partes mais altas, com temperaturas de 30 graus, que são mais aprazíveis do que os 470 graus na superfície do planeta. Essa é uma ideia que foi sugerida na década de 60 por Carl Sagan, famoso astrônomo do programa Cosmos. O mais interessante é que Vênus não estava no topo da lista de candidatos a ter vida no sistema solar, escoberta que foi bastante contestada pela comunidade astronômica internacional. O fato é que se mostrou que precisamos estudar com muito mais detalhes nossos vizinhos para entender melhor os caminhos que a vida pode percorrer no Universo.”

Hélio Jaques Rocha-Pinto, astrônomo, Diretor do Observatório do Valongo, na Universidade Federal do Rio de Janeiro:

“A descoberta que mais me pareceu interessante em 2020 foi aquela feita por Ricardo Schiavon e Daniel Horta, que trabalham em Liverpool e que utilizaram dados do levantamento espectroscópico APOGEE para identificar a natureza das estrelas no centro da nossa galáxia. Eles identificaram que naquela região existe um grupo fóssil de estrelas que corresponde a uma galáxia que foi acretada pela Via Láctea há mais de 10 bilhões de anos. E que eles deram o nome de Herácles, em relação à mitologia de Hércules, Herácles que se alimenta do ''leite'' da Via Láctea”

Leonardo Andrade, professor do departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte:

“Apesar da pandemia foi muito produtivo. Queria destacar um artigo da equipe que lidero da UFRN publicado na Monthly Notices of Royal Astronomical Society que apresenta fortes evidências de um planeta parecido com nosso Júpiter, mas ao redor de duas estrelas, sendo uma delas já morta. Neste trabalho conseguimos mostrar que o possível planeta é a melhor solução física para explicar a variação do período orbital destas duas estrelas. E ele se encontra em uma órbita estável. De acordo com a evolução das estrelas em sistemas binários, a formação dos planetas pode ocorrer quando estão as estrelas estão se formando (1ª geração) ou até após a morte de uma delas – que forma planetas a partir do gás ejetado ao morrer (2ª geração). Esse resultado abre importante janela da investigação dos exoplanetas. A possibilidade de um sistema de estrelas abrigar gerações diferentes de planetas sai dos livros de ficção científica para a realidade.”

O britânico Roger Penrose, o alemão Reinhard Genzel e a americana Andrea Ghez foram anunciados nesta terça-feira (6) como os vencedores do Prêmio Nobel de Física de 2020 por suas pesquisas sobre os buracos negros".

Metade do prêmio foi atribuída a Penrose, de 89 anos, por demonstrar "que a formação de um buraco negro é uma previsão sólida da teoria da relatividade geral", enquanto a outra metade será dividida entre Genzel, de 68, e Ghez, de 55, pela descoberta de um "objeto compacto e extremamente pesado no centro de nossa galáxia", explicou o júri do Nobel.

Andrea Ghez é a quarta mulher a vencer o Nobel de Física, a categoria com o maior predomínio masculino entre as seis que integram o prêmio.

Os buracos negros supermassivos são um enigma da astrofísica, sobretudo, pela maneira como se tornam tão grandes. Sua formação é objeto de muitas pesquisas. Os cientistas acreditam que devoram, a uma velocidade sem precedentes, todos os gases emitidos pelas galáxias muito densas que os cercam.

Como são invisíveis, os buracos negros podem ser observados somente por contraste, com a análise dos fenômenos que geram a seu redor. Uma primeira imagem revolucionária foi revelada ao mundo em abril de 2019.

A astrofísica e a física quântica, que se concentra no estudo do infinitamente pequeno, eram consideradas favoritas para o Nobel de 2020.

O Prêmio Nobel de Medicina concedido aos descobridores do vírus da hepatite C revela os grandes avanços feitos no diagnóstico e tratamento da infecção nos últimos 30 anos, mas também os obstáculos que ainda existem para a erradicação da doença até 2030, de acordo com a meta da Organização Mundial de Saúde (OMS).

São pelo menos 70 milhões de casos hoje no mundo, com mais de 400 mil mortes por ano, segundo a OMS. No Brasil, cerca de 700 mil pessoas vivem com hepatite C. De acordo com o último boletim, foram 27.773 mil novos casos e 1.574 mortes em 2018. As regiões mais atingidas do planeta são as da Europa Oriental, Egito, Índia e algumas partes da Ásia. A hepatite C ainda é a principal responsável pelos casos de cirrose e câncer de fígado - que podem levar à necessidade de um transplante.

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Os pesquisadores americanos Harvey J. Alter e Charles M. Rice e o britânico Michael Houghton foram os laureados com o Nobel de Medicina por suas descobertas que levaram ao desenvolvimento de drogas capazes de curar a doença em 99% dos casos. "Pela primeira vez na história, a doença pode ser curada, aumentando as chances de erradicação do vírus da hepatite C no mundo", justificou o comitê do Nobel, no anúncio em Estocolmo.

O grande desafio agora é fazer com que os remédios se tornem disponíveis para todos a um custo mais baixo do que o atual, evitando a disseminação viral que ainda ocorre sobretudo entre usuários de drogas injetáveis. No Brasil, o remédio é distribuído gratuitamente pelo SUS. "O que precisamos agora é da vontade política de erradicar a doença", afirmou Alter, depois de ser informado sobr e a premiação.

Outro grande desafio é a subnotificação. Muitas vezes, a infecção no fígado leva até 30 anos para manifestar os primeiros sintomas (por isso é chamada de doença silenciosa) e as pessoas não sabem que estão infectadas. Não diagnosticada e não tratada, a doença evolui perigosamente para a cirrose e o câncer de fígado.

Os cientistas já conheciam os vírus da hepatite A e B, mas apenas em 1989 o grupo de Alter conseguiu identificar o vírus da hepatite C. "Hoje, tomamos como certo que, se recebermos uma transfusão de sangue, não vamos ficar doentes", afirmou Rice. "Mas não era assim antes de podermos testar todos os estoques de sangue."

Atualmente trata-se da única doença viral crônica que pode ser curada em praticamente todos os casos com apenas poucos meses de tratamento. "Esse é um dos maiores casos de sucesso da medicina moderna", resume o infectologista Alexandre Naime Barbosa, chefe do setor de infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Em pouco mais de 30 anos, identificamos um agente não conhecido, isolamos o vírus, chegamos a um diagnóstico preciso e desenvolvemos um tratamento capaz de curar a doença em 99% dos casos."

Biografia

Alter, de 85 anos, trabalhou durante décadas no Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos e continua em atividade até hoje. Houghton, de 69 anos, trabalhou na farmacêutica Chiron, na Califórnia, antes de ir para a Universidade de Alberta, no Canadá. Rice, de 68, trabalhou com hepatite na Universidade de Washington, em St. Louis e, atualmente, está na Universidade Rockefeller, em Nova York, nos EUA.

Alter foi o primeiro a descobrir que muitos pacientes que não apresentavam o vírus da hepatite A ou B também desenvolviam a inflamação no fígado. Por anos, no entanto, inferia-se que haveria um outro vírus, que eles chamavam de não-A e não-B, mas não se conseguia isolá-lo. Somente em 1989, o grupo de Houghton conseguiu isolar o vírus.

"Trabalho com hepatite desde os anos 1980 e te digo que a gente apanhou, ela deu um baile na gente", afirmou o infectologista Celso Granato, da Escola Paulista de Medicina, referindo-se à dificuldade de isolar o vírus da hepatite. "Vi muita gente querendo rasgar o diploma."

Posteriormente, o grupo de Rice constatou que o vírus, de fato, era o responsável pela infecção e o desenvolvimento da doença em humanos, levando ao desenvolvimento de testes e tratamentos. "Não vemos casos de transmissão de hepatite C pelo sangue desde 1997", disse Alter. "Atualmente, podemos curar virtualmente todo mundo que é diagnosticado. Com isso, é possível que consigamos erradicar a doença ainda na próxima década, como espera a OMS."

Coronavírus

Alter e Rice estão trabalhando atualmente na pesquisa do coronavírus. Houghton tenta desenvolver uma vacina contra a hepatite C e espera começar os testes clínicos já no ano que vem, nos EUA, na Alemanha e na Itália.

Pela primeira vez desde 1944, a cerimônia de premiação física do Prêmio Nobel, em 10 de dezembro, foi cancelada, por causa da pandemia de covid-19. Será substituída por um evento online, no qual os laureados receberão os prêmios em seu país de residência. Uma cerimônia ainda está marcada em Oslo para o Prêmio Nobel da Paz, mas reduzida ao mínimo.

O tradicional banquete dos premiados, celebrado todo ano em dezembro em Estocolmo, na Suécia, também foi cancelado. O banquete havia sido cancelado anteriormente durante as duas Guerras Mundiais. Também não ocorreu em 1907, 1924 e 1956.

Os três cientistas vão dividir o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões). O prêmio de Medicina anunciado ontem é o primeiro de seis que serão revelados ao longo desta semana. Os demais são Física, Química, Literatura, Paz e Economia. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Identificação do vírus já havia levado à premiação em 1976

A inflamação do fígado, ou hepatite, a combinação das palavras gregas para fígado e inflamação, é causada primariamente por infecções virais, embora o abuso de álcool, toxinas ambientais e doenças autoimunes sejam também causas importantes. Nos anos 40, ficou claro que havia pelo menos dois tipos principais de hepatite infecciosa.

O primeiro, hepatite A, é transmitido por água poluída ou alimentos e geralmente tem pouco impacto a longo prazo no paciente.

O segundo tipo, a hepatite B é transmitido pelo sangue e fluidos corporais e representa uma ameaça muito mais séria, pois pode levar a uma condição crônica, com o posterior desenvolvimento de cirrose e câncer de fígado. Esta forma de hepatite é insidiosa, porque indivíduos saudáveis podem estar infectados por muitos anos antes de apresentarem complicações sérias. Hepatites transmitidas pelo sangue são associadas a uma significativa morbidade e mortalidade, e causam mais de 1 milhão de mortes por ano - tornando-a uma ameaça à saúde comparável à da infecção pelo HIV e à tuberculose.

Laureado

A chave para uma intervenção bem-sucedida contra doenças infecciosas é identificar o agente causador. Nos anos 1960, Baruch Blumberg determinou que uma forma de hepatite de transmissão sanguínea era causada por um vírus que ficou conhecido como vírus da hepatite B. A descoberta levou ao desenvolvimento de testes de diagnóstico e a uma vacina eficaz. Blumberg recebeu o Prêmio Nobel de Medicina em 1976 por essa descoberta.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os avanços tecnológicos e a cooperação internacional aceleraram a compreensão científica da covid-19, mas é preciso "vontade política" para conter os surtos do vírus, afirmaram nesta segunda-feira (5) os vencedores do Nobel de Medicina.

Os americanos Charles Rice, da Universidade Rockefeller, e Harvey Alter, dos Institutos Nacionais de Saúde, foram premiados ao lado do britânico Michael Houghton pela descoberta do vírus da hepatite C.

Em coletivas de imprensa separadas, os laureados enfatizaram o tempo necessário para que suas pesquisas alcançassem os resultados almejados.

"É uma longa história, uma saga de cerca de 50 anos", lembrou Alter, de 85 anos, que começou a pesquisa nos anos 1960.

Os cientistas, porém, destacaram a importância dos avanços tecnológicos para acelerar a obtenção de resultados.

"Há uma grande diferença entre os anos 1970, 1980 e agora. A tecnologia é tão avançada que é assombroso", continuou Alter.

Rice, de 68 anos, lembrou da época em que demorava-se "meses e meses de trabalho árduo para isolar a sequência de um único genoma viral".

"Agora, é possível fazer isso em horas. E a velocidade com que se chega a progressos na compreensão da covid-19 é realmente espetacular", completou.

Para Houghton, os avanços tecnológicos, especialmente no desenvolvimento de vacinas, "são o lado bom da pandemia da covid-19".

Rice afirmou que a cooperação científica mundial em resposta à pandemia do coronavírus é "tranquilizadora" para batalhas contra vírus futuros.

O cientista acredita que esta cooperação mudou "como funciona a ciência para torná-la mais um esforço comunitário, quando há alguns anos [a pesquisa] teria sido feita por um par de laboratórios de maneira isolada".

Alter, porém, alertou que a corrida para encontrar uma cura não deve ser feita à custas de pesquisas profundas e bem estruturadas.

"É preciso planejar a longo prazo, pensar a longo prazo, e ter a liberdade de buscar coisas que não tenham um efeito imediato. Atualmente, se não há um destino final, é difícil conseguir financiamento", lamentou.

Alter lembrou que a ciência para combater a hepatite C, que mata cerca de 400.000 pessoas no mundo por ano, está tão evoluída que não são necessários melhores testes ou medicamentos.

"O que precisamos é de vontade política para erradicar [a doença]" continuou o cientista, que vê a mesma necessidade na luta contra a covid-19.

"O principal a se fazer é testar e tratar. Se tivéssemos um grande teste rápido para covid-19 e um grande tratamento para covid-19, seria o mesmo princípio", disse.

Hougton completou que é preciso respeitar as regras sanitárias básicas.

"É desconcertante quando vemos que nem todas as pessoas estão fazendo o que, como virologistas, sabemos que faz sentido, que é respeitar o distanciamento social e usar máscara", concluiu.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, anunciou nesta quarta-feira (9) o site do canal de notícias americano Fox News. De acordo com a reportagem, a indicação de Trump foi feita pelo parlamentar norueguês Christian Tybring-Gjedde, que também atua como presidente da delegação norueguesa na Assembleia Parlamentar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em entrevista a Fox News, o norueguês destacou o papel do presidente norte-americano para consolidação do acordo entre Emirados Árabes Unidos e Israel. "Por seu mérito, acho que ele fez mais tentando criar a paz entre as nações do que a maioria dos outros indicados ao Prêmio da Paz", disse Tybring-Gjedde.

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Ainda de acordo com a rede americana, a carta de indicação enviada pelo parlamentar ao comitê do Nobel aponta o acordo Israel-Emirados Árabes como um possível "momento de virada" nas relações do Oriente Médio, criando cooperação e prosperidade para a região. Outros pontos destacados por ele foram a retirada de tropas, por Trump, do Oriente Médio, e a mediação de conflitos internacionais, como nas disputas entre Índia e Paquistão pela Caxemira e entre Coreia do Norte e Coreia do Sul.

Na entrevista, Tybring-Gjedde disse não ser um apoiador de Trump, apesar de tê-lo indicado anteriormente ao prêmio de 2018. No entanto, assim como o presidente americano, o parlamentar norueguês é ferozmente contra a imigração e uma vez comparou o hijab a roupas usadas pelos nazistas e pela Ku Klux Klan. Em 2006, ele também indicou o cineasta crítico islâmico Ayaan Hirsi Ali, que não ganhou o prêmio.

Como é a escolha do Nobel da Paz

Em setembro, o Comitê do Nobel envia cartas convidando indivíduos considerados qualificados (ativistas, políticos, filósofos, entre outros) a nomear seus candidatos favoritos ao prêmio. Fevereiro é o prazo final para nomeações. Qualquer indicação que chegar após o dia 1º de março será incluída apenas na competição do ano seguinte, de modo que a indicação de Trump por Tybring-Gjedde é válida para o prêmio de 2021.

Até março, o Comitê do Nobel recebe cerca de 200 indicações a cada ano - o número de cartas é ainda maior, uma vez que muitas delas recomendam o mesmo candidato.

No intervalo entre fevereiro e março, o grupo seleciona alguns desses nomes para compor uma lista curta. Até agosto, um grupo de conselheiros fixos e especiais - ou seja, que conhecem profundamente a história de determinados candidatos - analisa os pré-selecionados. Em outubro, a lista é submetida ao voto do Comitê do Nobel, que escolhe o vencedor por maioria de votos. O nome do eleito é divulgado.

O laureado recebe seu prêmio na Cerimônia do Prêmio Nobel da Paz, em 10 de dezembro, em Oslo, na Noruega. A premiação consiste em uma medalha, um diploma e um documento confirmando o valor da recompensa em dinheiro - que pode variar, mas gira em torno de 10 milhões de coroas suecas (mais de 6,9 milhões de reais).

O prêmio Nobel da Paz é concedido, desde 1901, anualmente, a homens, mulheres e organizações que trabalharam para o progresso da humanidade. Alguns nomes polêmicos já integraram a lista de indicados ao Nobel da Paz. Adolf Hitler, Benito Mussolini e Josef Stalin já estiveram entre os indicados, cada um em um contexto específico - a indicação do líder nazista, por exemplo, é considerada até hoje uma "indicação de protesto". A Fifa e o astro pop Michael Jackson também já foram cotados.

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A ativista Malala Yousafzai se formou no curso de Política, Economia e Filosofia na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Nessa quinta-feira (18), ela publicou imagens da comemoração no perfil do Instagram.

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“Difícil expressar minha alegria e gratidão agora, ao concluir meu curso de Filosofia, Política e Economia em Oxford. Eu não sei o que está por vir. Por enquanto, será Netflix, lendo e dormindo”, brincou a jovem paquistanesa.

A militante ficou conhecida por denunciar violações dos direitos humanos do Taliban. A repercussão dos seus textos, assinados como ‘Gul Makai’, fez com que ela sofresse um atentado em 2012, quando ela tinha 14 anos. Integrantes do regime efetuaram disparos de fuzil que atingiram sua cabeça e o pescoço. Em 2014, a jovem ganhou o Nobel da Paz por lutar pela educação do seu país.

Para o Nobel de Economia, o americano Robert Shiller, o mundo deveria se preparar para uma próxima pandemia. Ele explica que a intensidade da reação à crise da Covid-19, com o isolamento total e outras políticas de enfrentamento ao novo coronavírus, é uma situação real que afeta a economia mundial. Ao mesmo tempo, medo e ansiedade também está sendo uma realidade dessas pessoas.

Para o Nobel, esse estado mental ansioso é uma epidemia em si mesma. "Não é uma resposta racional às notícias, é por isso que digo que existem duas pandemias. Infelizmente, é um problema difícil, porque o governo não pode controlar a ansiedade do público. Isso é uma coisa de psicoterapia. Acho que todos nós poderíamos visitar o terapeuta - não sei se isso seria suficientes", relatou Robert ao site BBC News.

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O estudioso aponta na entrevista, que a não associação do que está acontecendo no mundo devido a pandemia do Covid-19 com a Grande Depressão, que foi uma crise econômica que persistiu ao longo de uma década (1929-1930), é aceito - mas não completamente.

Segundo Robert, as pessoas pensam que não há um paralelo porque a Grande Depressão foi causada por erro humano, e não por um evento externo. "Aceito essa ideia, mas não completamente, porque acho que o medo que temos neste evento (a pandemia) pode durar mais tempo, bem como seu impacto em nosso pensamento psicológico. Não é errado olhar para a Grande Depressão como um indicador", reforçou.

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