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Com um olhar sereno, a enfermeira Janaina - nome fictício para preservar a identidade da entrevistada - relatou com voz trêmula o que sentiu durante as crises de depressão. "Eu só queria morrer! Não tinha vontade de interagir com ninguém, não conseguia fazer nada e ainda não aceitava que estava com depressão”, disse. Desde 2011, a profissional da área de saúde luta contra a doença, e, entre crises e melhoras, afirma que nunca pensou que isso poderia acontecer e que hoje pensa apenas em voltar a atuar na área.

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Essa realidade é cada vez mais comum. Segundo a psiquiatra Ângela Tavares, que atua há 25 anos atendendo pacientes com esse quadro clínico, o número de pessoas aumentou drasticamente, nos últimos cinco anos, e que consequentemente, a procura por psiquiatras e psicólogos cresceu. “É notório a quantidade de homens e mulheres com esse problema. Posso considerar que de dez pacientes que atendo, seis apresentam sintomas depressivos”, exemplificou a médica.

Ainda de acordo com a médica, não há como prevenir a doença, uma vez que ela pode culminar por fatores internos ou externos. “Os internos, normalmente são acarretados por questões pessoais, como ansiedade ou algum problema que o paciente possua. Já os externos são desencadeados por situações adversas, nesses casos, eles  são estimulados por outras pessoas”, explicou.

Durante a entrevista, a médica alertou também que em ambos os casos os sintomas são os mesmos, porém, a intensidade pode variar em cada paciente: "insônia, perda do apetite, apatia, ausência de motivação, ansiedade e, em casos extremos, o desejo de se suicidar”, citou.

Esse foi o cenário da nossa personagem, a Janaina, que durante uma crise psíquica, em 2012, tentou tirar a própria vida com veneno para matar ratos. Em depoimento ao Portal LeiaJá, ela falou emocionada como tudo aconteceu. Assista a entrevista em vídeo:

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Depressão no trabalho

A psicóloga Julieta Souza expõe que a maioria dos casos de depressão é ocasionada por vários motivos, dentre eles estão a cobrança exacerbada, pressão, metas e a "necessidade de não desconectar do trabalho". “Normalmente esses problemas acontecem com trabalhadores de empresas de call center, fábricas, construtoras e profissionais de saúde”, aponta. Ela ainda disse que o principal problema é o paciente é se interiorizar. “Simplesmente ela se fecham pra si e não conseguem externar o que estão sentindo e a partir daí a auto-estima muda e a segurança é abalada”, falou.

O auditor fiscal da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Pernambuco (SRTE/PE), Fernando Sampaio, explica como é desencadeada a doença psicossomática, como a depressão no ambiente de trabalho. “Na maioria das vezes, a enfermidade é desenvolvida através do assédio moral, como mudando as atribuições do trabalhador, falando ou demonstrando que ele é incompetente e estimulando a insegurança no profissional. A partir daí surgem os sintomas da depressão”, disse. “Além disso, muitos gestores consideram que a depressão não é uma doença e que o funcionário não vai trabalhar porque não quer. As empresas devem ter ciência que quem tem depressão não consegue e não pode exercer suas atividades laborais”, orienta Sampaio. O auditor ainda explica que caso o colaborador sinta que está sofrendo algum tipo de assédio moral, ele deve documentar, através de gravação, protocolo ou e-mail, com a hora e descrição do que está acontecendo. Isso é primordial para comprovar o assédio ”, concluiu.

O especialista em Recursos Humanos, Semaías Rosas, diz que a melhor maneira de prevenir o assédio moral é externar ao gestor o que está sentindo. Confira no áudio: 

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Direitos do trabalhador

Segundo o especialista em Direito e Processo do Trabalho, Giovanne Alves, o colaborador detém vários direitos. “No caso de depressão ocasionada por motivos pessoais, o trabalhador pode se ausentar do trabalho mediante a laudo médico e o mesmo tem garantia de seguridade, apenas, durante o período estabelecido no atestado”, explicou Alves. Já quem adquiriu a doença através de assédio moral, no ambiente laboral, há outras questões. “Após o laudo e caso o colaborador precise se afastar por mais de 15 dias, ele deve entrar com a estabilidade do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), durante um ano. Caso haja necessidade de prorrogação, esse período será estendido”, complementa. Alves ainda alerta que quando o funcionário volta a atuar na empresa, o mesmo possui o direito à estabilidade. “Isso significa que a organização não pode demitir durante o período de um ano”, concluiu.

Dicas contra a depressão

Mesmo sendo uma doença que não há como prevenir, a médica Ângela Tavares tem algumas dicas contra a depressão. “Em primeiro lugar, as pessoas devem fazer aquilo que gostam. Caso percebam que estão com alguns dos sintomas citados, elas devem fazer atividades que proporcione alegria e bem estar”. Já nos casos de depressão no ambiente laboral, o colaborador deve se desvincular do trabalho, principalmente após o horário do expediente. “Viagens, passeio e atividades de lazer são essenciais”, finaliza.

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