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Os palestinos bloqueados na Faixa de Gaza aguardam desesperados, nesta quinta-feira (19), a entrada dos caminhões com ajuda humanitária prometidos por Estados Unidos e Egito, no 13º dia de uma guerra que não dá trégua, apesar dos intensos esforços diplomáticos.

Os caminhões que transportam ajuda humanitária para o pequeno território que tem de 2,4 milhões de habitantes estão bloqueados há vários dias na passagem de Rafah, na fronteira com o Egito.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que viajou a Israel na quarta-feira, afirmou que seu homólogo do Egito, Abdel Fatah al Sisi, aceitou a entrada de até 20 caminhões em Gaza.

Este será o primeiro comboio de ajuda para a Faixa de Gaza desde 7 de outubro, quando o grupo palestino Hamas executou um ataque sem precedentes contra Israel, onde matou 1.400 pessoas, a maioria civis, e tomou quase 200 reféns.

Desde então, Israel mantém o território sob cerco total, com uma onda de bombardeios aéreos e o bloqueio do enclave palestino, além de milhares de soldados preparados para uma incursão terrestre.

A situação em Gaza é crítica, com hospitais saturados e mais de 3.450 mortos e 12.500 feridos desde o início da represália israelense, segundo os números divulgados pelo ministério da Saúde do território, controlado pelo Hamas.

Bairros inteiros foram destruídos e os moradores não têm água, alimentos ou energia elétrica.

- "Estamos preparados" -

Dezenas de pessoas se reuniram na manhã de quinta-feira na passagem de Rafah na expectativa de uma autorização para atravessar a fronteira.

"Estamos preparados com nossas malas", disse Mohammed, 40 anos, que trabalha para uma instituição italiana e aguarda há três dias com a família.

Após a visita a Israel e de muitos contatos por telefone com as autoridades do Egito, Biden anunciou que um número limitado de caminhões deve passar pelo posto de Rafah.

"Queremos a passagem do maior número possível de caminhões. Acredito que há quase 150", disse o presidente americano na quarta-feira à noite.

Biden, no entanto, destacou que a entrada de um segundo comboio dependerá de "como acontecerá a distribuição do primeiro".

"Se o Hamas confiscar a assistência, não deixar passar (...) então será o fim", alertou em uma escala na Alemanha em seu retorno a Washington.

Durante a visita a Israel, o presidente dos Estados Unidos isentou Israel de qualquer responsabilidade no bombardeio do hospital Ahli Arab de Gaza. Palestinos e israelenses trocam acusações sobre o ataque.

O ministério da Saúde do território palestino afirmou que o bombardeou matou 471 pessoas, incluindo deslocados que seguiram para o hospital em busca de refúgio.

Porém, uma fonte de um serviço de inteligência europeu entrevistada pela AFP afirmou que o número de vítimas seria muito menor.

"Não há 200 nem 500 mortos, talvez algumas dezenas, provavelmente entre 10 e 50", disse a fonte, que pediu anonimato. O porta-voz do Exército israelense, Jonathan Conricus, também questionou o número de 471 mortos divulgado pelo Hamas: "Onde estão todos os corpos?", perguntou.

Fotos e vídeos feitos pela AFP mostram dezenas de corpos debaixo de lençóis ou em sacos pretos.

"Com base nas informações que temos até o momento, parece que (o ataque contra o hospital Ahli Arab) foi resultado de um foguete fora de controle disparado por um grupo terrorista de Gaza", disse Biden, que mencionou provas do Pentágono.

- "Evidências" -

Israel afirma ter "evidências" de que a Jihad Islâmica, outro movimento islamita palestino, foi responsável pelo ataque contra o hospital.

Segundo a Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas e considerado terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel, uma bomba lançada por um avião das Forças Armadas de Israel provocou a tragédia.

Milhares de pessoas protestaram na quarta-feira nos países árabes para expressar indignação com o ataque, que os manifestantes atribuem a Israel, apesar das negativas do país.

Grandes manifestações aconteceram em Amã, Túnis, Beirute, Damasco e outras capitais após o ataque, que gerou apelos por um "dia de fúria" em todo o mundo árabe.

Vários países atuam para evitar uma conflagração regional. O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, visita Israel nesta quinta-feira para pedir o fim da escalada bélica.

O presidente egípcio e o rei Abdullah II da Jordânia examinarão o conflito em uma reunião no Cairo nesta quinta-feira. Os dois países, que já atuaram diversas vezes como mediadores entre israelenses e palestinos, são contrários a um "deslocamento forçado" de palestinos para seus territórios.

A tensão também persiste na fronteira com o Líbano, onde o Exército israelense e o grupo Hezbollah executam ataques, assim como na Cisjordânia, onde 64 palestinos, incluindo 18 crianças, morreram desde 7 de outubro, segundo os dados mais recentes da ONU.

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