Tópicos | Dia do Saci

Ao longo de todo o mês de outubro, escolas infantis e de idiomas, restaurantes e casas de festas em todo o Brasil tomam emprestados os elementos do Halloween para marcar a tradição que culmina neste sábado (31). A cultura estrangeira tem ganho cada vez mais adeptos em território nacional, no entanto, nesse mesmo dia, por aqui, também é celebrada uma figura extremamente brasileira: o Saci Pererê. 

O negrinho zombeteiro de uma perna só, um dos personagens mais conhecidos do folclore do país, foi o escolhido para marcar este como um dia de defesa da cultura nacional. No Brasil, existem várias associações de criadores e observadores de saci que lutam para que a memória e história do serzinho mítico permaneçam vivas através das gerações. A criação do Dia do Saci foi um dos esforços levantados por essas pessoas apaixonadas por essa cultura. 

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Para os criadores, manter os sacis - porque existem várias espécies deles - vivos é uma missão que pode ser compartilhada por qualquer um de maneiras simples. Além daqueles mais tradicionalistas, que chegam a fazer caminhadas em matas, distribuindo alimentos e água para os sacis se manterem, existem os que usam de outros meios para criar e cuidar de um saci. Para eles, disseminar as lendas e histórias do personagem talvez seja a forma mais fácil de perpetuar sua existência e isso pode ser feito através de livros, filmes e até músicas.

O LeiaJá preparou algumas dicas para você também criar o seu saci e ajudar a manter esse serzinho tão carismático e brasileiro mais vivo do que nunca. 

Um dos primeiros livros sobre a figura do saci, lançado em 1918,  foi um compilado de relatos de pessoas de todo o país que garantiram ter tido algum contato com o ser. Monteiro Lobato reuniu as histórias, primeiramente publicadas no jornal O Estado de São Paulo, e assim, ajudou a disseminar no imaginário popular as lendas sobre o negrinho de uma perna só. Anos mais tarde,  ele publicaria O saci, resgatando o mito em meio aos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo. 

O escritor Monteiro Lobato é apontado como um dos maiores  responsáveis pela popularização do saci no Brasil. Foto: Reprodução

A Turma do Pererê - 365 dias na Mata do Fundão - Ziraldo

A Turma do Pererê, criação do cartunista Ziraldo, surgiu na década de 1960. A turminha é inspirada nos povos indígenas e lendas folclóricas brasileiras e é comandada pelo personagem mais carismático da mitologia nacional. Em 2006, a Turma do Pererê foi escolhida como uma das 100 melhores histórias em quadrinhos do século 20. 

Saci Pererê - 100 anos do Inquérito

Nesta revista, alguns colecionadores de saci se reuniram para celebrar o centenário da publicação de Monteiro Lobato, porém, sem repeti-la. Aqui a ideia é mostrar como o mito manteve-se vivo e até ganhou novas formas e se modernizou com o passar do tempo através do tempo. Também visa mostrar um olhar diferente ao de Lobato, que acabou criando o seu compilado a partir dos escritos de uma elite letrada que tinha acesso à informação no início do século 20. 

Baseada nos personagens de Monteiro Lobato, a série leva para a tela a boneca falante Emília, o Visconde de Sabugosa, a menina Narizinho e algumas lendas do folclore brasileiro, entre elas, o saci. A primeira versão da série foi exibida na década de 1970, na TV Globo. Nos anos 2000, o programa ganhou um remake, que atualmente está disponível no Globoplay. 

Turma do Pererê

A turminha criada por Ziraldo também ganhou uma versão audiovisual. O programa mostrava as peripécias de Pererê e seus amigos  utilizando recursos de dramaturgia, animação, música e linguagem dos quadrinhos. A série é voltada para crianças e adolescentes. É possível assistir a alguns episódios no site da TV Brasil. 

Criação no headphone

O Saci Pererê tem aparições registradas em algumas músicas do cancioneiro popular brasileiro também. Seja de forma sutil, ou mais escancarada, o negrinho já foi bastante cantado por grandes artistas nacionais.

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O Halloween (Dia das Bruxas) é uma festa norte-americana comemorada em 31 de outubro, e diversos países celebram a data, entre eles o Brasil. Segundo o mito americano, os mortos sairiam de seus túmulos para vagar pelas ruas durante esse dia. Por conta disso, as crianças fantasiam-se de monstros, e vão de casa em casa com a famosa frase “doces ou travessuras?”.

A cultura do Dia das Bruxas foi aos poucos sendo apresentada para o Brasil por diversos meios, como desenhos animados, livros, jogos de videogame e filmes, entre eles a animação da Disney “O Estranho Mundo de Jack” (Tim Burton), que apresenta um universo de criaturas que vivem para celebrar o Halloween.

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Outro produto americano famoso é o videoclipe da música “Thriller”(1983), do artista Michael Jackson (1958-2009), que conta uma história de terror envolvendo mortos-vivos. O trabalho do rei do pop ficou tão conhecido que hoje é tema de muitas festas de Halloween.

Nas escolas

Como parte do seu método de ensino, as escolas de inglês costumam ensinar aos alunos a cultura norte-americana e simular determinados costumes nos ambientes de sala de aula. Devido a isso, é comum entrar nessas instituições em outubro e encontrar os cômodos tematizados com abóboras, doces e chapéus de bruxas, que são símbolos do Halloween.

Entretanto, na mesma data em que se comemora o Dia das Bruxas, também é celebrado no Brasil o Dia do Saci. Isso ocorre como uma medida de preservação da cultura local, e para isso foi instituído em 2003 o Projeto de Lei 2.762 em São Luiz do Paraitinga (SP), que aos poucos foi sendo estendido para outros municípios do estado.

O Saci é uma figura folclórica que mora na floresta, tem apenas uma perna, está sempre com um cachimbo e usa um gorro que lhe concede poderes mágicos. “Ele adora fazer travessuras. Suas histórias despertam a imaginação e criatividade das crianças”, comenta a professora polivalente Karen Amedore, de São Caetano do Sul (SP).

O personagem também é popular na obra “Sítio do Picapau Amarelo”, do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Nas histórias do Sítio, o Saci interage com os personagens Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde de Sabugosa, a exemplo de outros personagens do folclore brasileiro.

A professora Karen apresenta para as suas turmas os diversos personagens do folclore, incluindo o Saci. Além disso, também já acompanhou os alunos em um passeio ao Sítio do Pica Pau Amarelo em Mairiporã (SP).

“Foi uma alegria participar com os alunos de diferentes atividades a acompanhar as belíssimas histórias de Monteiro Lobato”, lembra a professora.

Valorização da nossa cultura

Para o folclorista Bosco Maciel, os americanos jamais aceitariam ter a cultura do Halloween substituída pela do Saci, diferentemente dos brasileiros, que aceitam as comemorações estrangeiras e ignoram as locais.

“No Brasil há alguns anos tem a invasão da festa do Halloween, com todos seus símbolos norte-americanos, e total aceitação dos brasileiros. Isso deve-se a falta de identidade cultural dos brasileiros”, afirma o folclorista.

Maciel explica que é importante preservar a identidade cultural do país e a chave para isso é valorizar os costumes e tradições populares. “O domínio cultural por parte de grandes impérios é secular. No império romano, era possível dominar um povo destruindo seus costumes e tradições. Portanto, isto é destrutivo para a cultura nacional”, destaca Maciel.

A cultura do Halloween, importada dos países de língua anglo-saxônica, como Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, vem ganhando cada vez mais espaço no Brasil.  Porém, o dia 31 de outubro, em que é celebrado o Dia das Bruxas mundo afora, tem um outro motivo para ser comemorado em terras tupiniquins. Por essas bandas de cá, este é o Dia do Saci, um dos personagens mais famosos e, por que não dizer, queridos do folclore nacional. O negrinho de uma perna só e gorro vermelho, famoso por suas traquinagens, é tão unânime entre os brasileiros que existem até aqueles que criam ou apenas observam os sacis num esforço para manter vivo e preservado esse mito no imaginário dos brasileiros.

Conta a história que o saci surgiu no sul do Brasil, influenciada por elementos das culturas africana, indígena e européia. Ele é descrito como um moleque zombeteiro, que gosta de pregar peças nas pessoas, além de ser muito inteligente. Segundo a lenda, o saci é um ser pequeno, com cerca de um metro e meio de altura, negro e tem uma perna só, o que não lhe impede de ser muito rápido e ágil. Eles vivem nas florestas, usam gorro vermelho e gostam muito de fumar cachimbo. Diz-se sacis, no plural, pois acredita-se haver diversas espécies desse ser mítico, como o Saci-Taterê, Saci do Poá e Saci Sacerê.

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A lenda foi espalhada inicialmente, como toda boa história da cultura popular,  através da transmissão oral, contada por ex-escravos e moradores de sítios e fazendas nos interiores do país. Mas foi o escritor Monteiro Lobato quem ajudou a disseminar o personagem por todo o Brasil. Em 1918, Lobato publicava seu livro de estreia, O Saci-Pererê: resultado de um Inquérito, que reunia diversos relatos - primeiramente publicados no jornal O Estado de São Paulo -, de pessoas que haviam tido alguma proximidade ou experiência com sacis. 

Ferrenho defensor das tradições e cultura brasileiras, Monteiro Lobato abriu uma espécie de 'caixa mágica' ao solicitar aos leitores do Estado seus testemunhos sobre o lendário ser. Choveram cartas, a maioria vindas de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. E é em São Paulo que é possível encontrar outros tantos simpatizantes das lendas ‘sacizisticas’, como eles costumam falar, através da Associação de Criadores de Saci e da Sociedade dos Observadores de Saci. 

O escritor Monteiro Lobato é apontado como o responsável pela popularização do saci no Brasil. Foto: Reprodução

Essas são duas das diversas organizações de apaixonados pela lenda que existem no Brasil. A Sociedade dos Observadores do Saci, Sosaci, tem como objetivo manter acesa a chama da cultura brasileira. A missão dos observadores é entender os sinais da presença do ser de uma perna só reunindo os interessados em valorizar e difundir os mitos brasileiros. Para isso, os integrantes promovem festas, palestras, seminários, sobretudo em escolas para levar esse conhecimento às crianças.

O jornalista e geógrafo, hoje aposentado, Mouzart Benedito, é um dos fundadores da Sosaci. Ele conta que, no final dos anos 1990, ao perceber a cultura estrangeira do Halloween se impondo na sociedade brasileira, sentiu-se incomodado e decidiu fazer algo. "A gente começou a ficar invocado com isso, nessa época surgiu a Associação de Criadores de Saci em Botucatu (SP) e eu comecei a fazer coisas protestando contra o Halloween, falando sobre o folclore nacional". 

O observador então buscou no interior paulista os modelos para criar a Sosaci. Mas, com um diferencial: "Lá eles têm o negócio de criar o saci em gaiola e eu não gosto de prender nada, só observar". A partir daí ele reuniu um pequeno grupo e deu início aos trabalhos da associação em São Luiz do Paraitinga, outra cidade interiorana de São Paulo. A Sosaci já chegou a ter mais de mil integrantes com membros de todo o Brasil e até do Chile, Estados Unidos, Itália e Argentina. 

Para ver os sacis é preciso ir para o meio do mato, mas o negrinho não se deixa observar com facilidade assim. Traquina, ele gosta de brincar com quem o procura e tampouco se deixa fotografar ou filmar de maneira que ninguém consegue registrar as imagens do serzinho. Reza a lenda, que ao capturar a imagem de um saci ele acaba morrendo. Mouzart até relembra um caso de uma emissora de televisão que tentou fazer uma matéria sobre a lenda e acabou tendo os equipamentos danificados. "Quando vai escurecendo, ele aparece lá no meio do bambuzal, mas aconteceu que eles largaram toda a aparelhagem, queimou tudo".

Mouzart conta que as pessoas ainda se admiram de sua adoração pelo saci e já houve quem perguntasse se ele é "devoto" do personagem do folclore. Mas o interesse do aposentado mesmo é perpetuar essa tradição oral do nosso país, com esforços do próprio bolso - assim como os demais associados da Sosaci. Este ano, o grupo promoveu a 17ª edição da Festa do Saci, em São Luiz do Paraitinga (SP), com direito a três dias de programação de oficinas, brincadeiras, lançamento de livros, exposições e espetáculos. 

Mouzart, da Sosaci, observa sacis há mais de 30 anos. Foto: cortesia

Criadores de Saci

Já na Associação de Criadores do Saci, a ASCSACI, de Botucatu (SP), também criada no fim da década de 1990, o trabalho de manutenção e preservação da mítica do saci é um pouco diferente. A iniciativa de abrir a associação foi do engenheiro José Oswaldo Guimarães. Interessado no tema, há mais de 30 anos, ele tomou conhecimento de um senhor, morador de Minas Gerais, criador de sacis e foi até lá pedir alguns negrinhos para serem criados em sua cidade, no interior paulista, já que por lá eles andavam em falta. 

"Esse senhor falou pra mim que os sacis estavam diminuindo por causa do desmatamento, da luz elétrica - eles odeiam claridade -, então eu pedi pra ele me dar alguns sacis pra eu reintroduzir na mata, em Botucatu, e lá a gente iria cuidar deles", conta o presidente da ASCSACI. Para cuidar de um saci é preciso alimentá-lo, garantir-lhe o que beber e cuidar do seu habitat natural, de modo que os criadores acabam se tornando verdadeiros protetores da natureza. "Esse senhor criava eles em viveiros, mas não queríamos criar assim, quando a gente levou esses sacis pra lá (a mata) nosso trabalho foi levar frutas, bambu, frutas da região, pequenos frutinhos do cerrado e a gente foi alimentando, dando água e fomos abrindo esse viveiro para que eles começassem a sair, depois de um tempo eles foram saindo se ambientando, então hoje a gente não precisa ir na mata pra cuidar deles, mas eles estão lá".

Outra forma de preservar os sacis é cuidar do imaginário das pessoas, o segundo local, além das matas, onde esses seres ganham vida. Oswaldo explica, que o simples fato de pensar e falar sobre o saci, já garante a existência de um novo ser. "A partir do momento que a pessoa faz algo que um novo saci se desperta, ela é tão criadora quanto a gente. Tem a gente, os que cuidam dos sacis na mata, e também tem as pessoas que criam o saci no sentido de você ter ele nascendo na mente das pessoas, então esse saci é tão importante quanto o outro". 

José Oswaldo é o presidente da Associação dos Criadores de Saci. Foto: Divulgação/Isabela Sanatore

Saci Urbano

O crescimento desmedido das áreas urbanas acabou promovendo uma mudança nos hábitos de alguns sacis. Já é possível encontrá-los nas cidades grandes, em locais mais arborizados como jardins e praças. Como conta Mouzart, da Sosaci. Ele mora na capital de São Paulo e já encontrou diversos sacis em plena metrópole. "Aqui em casa, comecei a perder óculos, falei pra minha mulher: 'acho q tem um saci aqui', desci pra praça e encontrei vários orelha-de-pau". O orelha-de pau é um cogumelo que nasce nos troncos das árvores. Segundo a lenda, ao completar 7 anos o saci não morre, mas se transforma nesse tipo cogumelo. 

O observador diz que no Parque da Água Branca, espaço de mais de 13 hectares de vegetação localizado no bairro da Barra Funda, também na capital, a população de sacis é bastante numerosa. Segundo ele, há relatos de frequentadores e funcionários do parque que garantem terem vistos redemoinhos ‘estranhos’, os ovos das aves residentes do local são trocados, e os cavalos amanhecem com nós nas crinas. Tudo ‘trela’ dos sacis, garante Mouzart. “Ele se urbanizou”, diz. 

Dia do Saci

O Dia do Saci foi criado, no início dos anos 2000, como uma resposta à quase imposição da celebração do Halloween no Brasil. A data, no entanto, divide a opinião dos criadores e observadores que são contra a promoção de qualquer embate entre as culturas distintas. "A gente achava que não deveria se sobrepor a uma outra cultura, todas as culturas cabem no seu espaço, a cultura do Halloween é muito bonita. Na época, tivemos uma reunião com a Unesco, com a Comissão Nacional do Folclore e a ideia era que não fosse colocado esse dia como o Dia do Saci porque o único objetivo que se tinha era combater o Halloween, estamos bombardeando uma cultura com outra, vamos criar um outro dia, a gente sugeriu o dia 13 de agosto", conta o presidente da Associação de Criadores de Saci, José Oswaldo. 

Em 2003, dois projetos de lei de autoria de Ângela Guadagnin e Aldo Rebelo foram propostos para instituir o Dia do Saci no calendário oficial do país, mas ficaram arquivados. Em seguida, no ano de 2004, o estado de São Paulo oficializou a data 13 de janeiro como sendo o dia exclusivamente dedicado ao saci. Já em 2013, a Comissão de Educação e Cultura apresentou um novo projeto, que instituiu o dia 31 de outubro como o Dia do Saci, através da Lei 2.479.

A importância de celebrar e reverenciar esse ser lendário está em sua brasilidade e no poder de encantamento que ele possui, como bem sintetiza Mouzart. "A gente brinca muito com isso porque o saci junta os três povos que formaram o brasileiro, então ele é o mais brasileiro de todos os mitos além de ser o mais popular, as crianças gostam muito. Já rodei o Brasil inteiro dando palestras e nunca precisei explicar quem era o saci. Todo mundo sabe quem é o negrinho que tem o gorrinho mágico e uma perna só".

Nesta quinta-feira (31) é comemorado no estado de São Paulo o Dia do Saci, no mesmo dia em que os Estados Unidos comemoram o Halloween, também conhecido como Dia das Bruxas.  O Dia do Saci foi instituído por uma lei estadual em 2003, com o objetivo de valorizar o folclore brasileiro.

Existem muitas lendas sobre o menino negro de gorro vermelho, que tem apenas uma perna, fuma cachimbo, gosta de aprontar com as pessoas e dá altas gargalhadas. O Saci Pererê é um encantado e sua origem pode estar na miscigenação que misturou as culturas africana e portuguesa. “O antropólogo Luiz Câmara Cascudo dizia que o Saci seria um menino negro de uma perna só, ex-escravo, que após ser muito judiado transformou-se em um ser encantado, que assombra e protege a floresta. O índio do nosso folclore, também configurado como protetor”, explica o folclorista Roberto Marttini.

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O personagem folclórico ficou muito conhecido por meio dos livros do escritor Monteiro Lobato, depois adaptados para a televisão sob o título "Sítio do Pica-Pau Amarelo". “Monteiro Lobato foi o principal divulgador do nosso folclore na grande mídia, graças a ele temos a popularidade do Saci Pererê entre as crianças e como personagem principal do nosso folclore”, afirma Marttini.

O Dia do Saci Pererê ainda é desconhecido por muitos brasileiros, pois não é uma comemoração oficial em todo território nacional, somente no estado de São Paulo a data já é oficializada desde 2004. “A ideia desse dia surgiu de uma resistência pela nossa cultura e isso demora a ser assimilado pelas pessoas. Acredito que aos poucos, não só o Saci, mas outros personagens do nosso folclore poderão ser resgatados por meio de iniciativas como essa”, conclui Marttini.

 

Bruxas, vampiros, fadas, frankensteins e lobisomens costumam aparecer em várias partes do mundo neste último dia de outubro. É quando se comemora o famoso Halloween, chamado no Brasil de Dia das Bruxas. Originária da cultura celta, a data é particularmente forte nos Estados Unidos, onde as crianças saem fantasiadas pela vizinhança pedindo doces nas casas, cena recorrente no imaginário local espalhada ao mundo por meio filmes, livros e programas de TV.

Mas há quem estranhe esta festa de nome estrangeiro e repleta de figuras estranhas ao imaginário tipicamente brasileiro sendo comemorada em terras tupiniquins. Sentem falta de curupiras, iaras, mulas-sem-cabeça, tupãs, cucas e até do Saci, também chamado de Saci-pererê, personagem mais famoso do folclore brasileiro.

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O negrinho de apenas uma perna que não tira um cachimbo da boca, usa gorro vermelho e apronta travessuras com pessoas e animais é provavelmente uma atualização de um mito indígena, como a maior parte das lendas e folclore brasileiros. Ao se espalhar por diferentes partes do Brasil, ganhou as características atuais, com forte influência africana. Monteiro Lobato foi um responsável direto pela fama do Saci, personagem sempre presente nas aventuras do Sítio do Pica-pau Amarelo e protagonista de livros e pesquisas do escritor.

Conta a lenda que Saci perdeu a perna numa roda de capoeira, e que é um profundo conhecedor das ervas e suas características medicinais, passando todo o tempo pregando peças nas pessoas, escondendo objetos, trançando crinas e rabos de cavalos e assustando os animais. Não há, porém, maldade na astúcia do Saci, que se locomove dentro de um redemoinho. É possível, inclusive, aprisioná-lo em uma garrafa, se conseguir pegá-lo com uma peneira e tirar seu gorro.

Existe até a Capital Nacional do Saci, a cidade de Botucatu, no interior de São Paulo. Lá fica a sede da Associação Nacional de Criadores de Saci, e é comum os moradores garantirem que já viram ou criam seus próprios sacis. O Saci é também o mascote do Internacional, time de futebol gaúcho. Em 2005 foi instituído no Brasil o Dia do Saci, comemorado em 31 de outubro. A escolha da data não foi aleatória e teve como objetivo fazer frente à incorporação do hábito estrangeiro de se comemorar o Halloween, ressaltando nosso próprio folclore e um personagem com características brasileiras.

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