Tópicos | discruso

Na manhã desta terça-feira (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fixou ao mundo seu discurso negacionista referente à pandemia na abertura da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Dos 19 chefes de Estado do G20, o brasileiro foi o único que afirma, e se orgulha, de não ter sido vacinado.

“Desde o início da pandemia apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce. Seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina”, disse. Na sequência, usou o seu próprio exemplo para ratificar a informação: “Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off label”.

##RECOMENDA##

O chamado uso “off label”, citado por Bolsonaro, é aquele que acontece sem necessidade de seguir a bula. Com relação à hidroxicloroquina, a Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a publicar recomendações indicando a ineficácia do tratamento. Além disso, o uso indiscriminado da droga pode trazer efeitos colaterais graves.

"Não entendemos porque muitos países se colocaram contra o tratamento inicial. A História e a Ciência saberão responsabilizar a todos", disparou o líder do Planalto, que voltou a criticar as medidas restritivas adotadas pelos Estados para controlar a transmissão do vírus e apontou que o impacto da inflação no preço dos alimentos é resultado de políticas sanitárias.

No decorrer da fala negacionista, que teve início com os já tradicionais ataques à mídia, Bolsonaro declarou não entender o porquê de “alguns países, juntamente com grande parte da mídia” se posicionarem contra o que chamou de “tratamento inicial”. Segundo ele, “a ciência e a história saberão responsabilizar a todos”.

Mortes pela Covid-19

Embora tenha feito chacota com às vítimas da Covid-19 e tenha brincado que não era coveiro, no plenário internacional, Bolsonaro lamentou as mortes decorrentes da infecção e assegurou que até novembro, "todos que escolherem ser vacinados serão atendidos".

Ainda em defesa do uso de substâncias comprovadamente ineficazes, coberta pelo que entende como autonomia médica, Bolsonaro desconsiderou que já aterrorizou a população sobre os efeitos da vacina e até pontuou a ameaça de um imunizado virar jacaré, ele adotou tom mais brando. "Apoiamos a vacinação, contudo, nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário e restrições", discorreu o presidente, que não recebeu nenhuma das duas doses do imunizante. Na sequência, enfatizou o posicionamento contrário ao “passaporte sanitário” - mecanismo que visa retomar viagens internacionais entre pessoas imunizadas - e também a “qualquer obrigação relacionada à vacina”.

Considerado incentivador reverso das medidas preconizadas por órgãos sanitários brasileiros e internacionais, o chefe do Executivo foi obrigado a usar máscara para entrar na sede da ONU. Ainda na fala, reiterou sua estratégia de ataques à Imprensa pelo desgaste da sua gestão e voltou a apontar uma infundada ameaça comunista. O presidente, inclusive, criticou o sistema político que já gerou desavenças com a China, um dos maiores parceiros comerciais do Brasil, e seus embaixadores.

Sem citar o envolvimento de familiares em casos de rachadinha - que repercutiu em troca de comandos na Polícia Federal -, a compra superfaturada de doses da Covaxin evidenciadas pela CPI da Covid, e os motivos que demitiu seus ex-ministros do Turismo e do Meio Ambiente, Marcelo Álvaro e Ricardo Salles, Bolsonaro afirmou que "diferente do publicado em jornais e visto em televisões”, seu governo não tem casos concretos de corrupção até o momento. 

Ao fim do breve discurso, pediu bênçãos aos presentes e convidou os demais chefes de Estado a investir no Brasil, especialmente ao anunciar a abertura do leilão da conexão 5G.

Com Kauana Portugal

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando