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Entidades e organizações que atuam em defesa do meio ambiente emitiram nota repudiando a declaração do ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) que, em reunião ministerial, declarou que governo deveria aproveitar a "oportunidade" trazida pela pandemia do novo coronavírus para "ir passando a boiada" em medidas regulatórias.

De acordo com Salles, seu ministério é "o mais difícil" de passar "qualquer mudança infralegal" porque "tudo que a gente faz é pau no Judiciário, no dia seguinte".

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"Então pra isso precisa ter um esforço nosso aqui enquanto estamos nesse momento de tranquilidade no aspecto de cobertura de imprensa, porque só se fala de covid e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas", afirmou. "De Iphan, de Ministério da Agricultura, de Ministério de Meio Ambiente, de Ministério disso, de Ministério daquilo. Agora é hora de unir esforços pra dar de baciada a simplificação regulam é de regulatório que nós precisamos, em todos os aspectos".

Em nota, o Observatório do Clima afirmou que Salles declarou "sua intenção de destruir o meio ambiente aproveitando-se de uma catástrofe que parou o Brasil e mata dezenas de milhares de brasileiros". "Um ministro não apenas disposto a desmontar os regramentos da própria pasta, mas conclamando todo o governo a fazer o mesmo e pedindo proteção da AGU", afirma a entidade.

"Esperamos que Ministério Público federal, STF e Congresso tomem medidas imediatas para o afastamento do ministro Ricardo Salles. Ao tramar dolosamente contra a própria pasta, demonstra agir com desvio de finalidade", disse o Observatório.

A ONG WWF Brasil também repudiou as declarações do ministro e o que chamou de "estratégia de destruição do arcabouço legal de proteção ao meio ambiente". O presidente executivo da organização afirmou ser "inaceitável que um ministro que queria usar a morte de milhares de brasileiros para agir na ilegalidade".

"A fala do Ministro Ricardo Salles expõe sua consciência de que o que está propondo é ilegal, e que portanto se ressente da ameaça que a Justiça pode trazer às suas intenções. Expõe que age contra os interesses nacionais, na surdina, alheio à uma ampla discussão que abarque os anseios da sociedade", afirmou a organização.

Em nota, Salles afirmou que sempre defendeu ‘desburocratizar e simplificar normas, em todas as áreas, com bom senso e tudo dentro da lei’.

O geógrafo Marcos Pedlowski, professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense, declarou que Salles "criará mais embaraço" para o País nas relações econômicas e políticas ao deixar "explicito o processo de desmanche que ele comanda à frente" da pasta.

"Ao contrário do que parecem acreditar os membros do governo Bolsonaro, o período pós-pandemia não será tão tolerante com a destruição ambiental em curso no Brasil", afirmou. "Mas mais do que nunca, Salles tem carimbado na testa o rótulo de ‘Exterminador do meio ambiente’. Nada mais justo para quem se aproveita de uma pandemia mortal para destruir a governança ambiental duramente construída no Brasil".

O Greenpeace emitiu nota afirmando que Salles "acredita que as pessoas morrendo na fila dos hospitais seja uma boa oportunidade de avançar em seu projeto anti-ambiental".

"Mas não há espaço para ele 'passar sua boiada'. A sociedade segue atenta, a Justiça Federal julgando seus atos, e os satélites que medem o aumento do desmatamento atestando o resultado de sua política", afirmou a entidade.

Com a palavra, o ministro Ricardo Salles

"Sempre defendi desburocratizar e simplificar normas, em todas as áreas, com bom senso e tudo dentro da lei. O emaranhado de regras irracionais atrapalha investimentos, a geração de empregos e, portanto, o desenvolvimento sustentável no Brasil."

Leia a íntegra da nota do Observatório do Clima

Assistimos nesta sexta-feira (22) a um ministro de Estado declarando sua intenção de destruir o meio ambiente no país aproveitando-se de uma catástrofe que parou o Brasil e mata dezenas de milhares de brasileiros. Um ministro não apenas disposto a desmontar os regramentos da própria pasta, mas conclamando todo o governo a fazer o mesmo e pedindo proteção da AGU.

Esperamos que Ministério Público federal, STF e Congresso tomem medidas imediatas para o afastamento do ministro Ricardo Salles. Ao tramar dolosamente contra a própria pasta, demonstra agir com desvio de finalidade.

As consequências da manutenção de Salles no cargo serão gravíssimas para o país. A revelação do objetivo do governo e do método de destruir regulações ambientais expõe ainda mais o Brasil, cuja economia já vinha abalada antes da pandemia. Elimina de vez nossa credibilidade internacional, cria risco para investidores e amplia a perda da nossa capacidade de fazer negócios. Em resumo, a política antiambiental de Jair Bolsonaro e de seu ministro nos custa, além de degradação ambiental, empregos e vidas.

Leia a íntegra da nota da WWF-BRASIL

O WWF-Brasil vem a público expressar sua indignação com a estratégia de destruição do arcabouço legal de proteção ao meio ambiente no Brasil evidenciada pela fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante reunião ministerial realizada no dia 22 de abril e divulgada na tarde desta sexta-feira, 22 de maio.

Não é surpresa que o Ministro Ricardo Salles venha trabalhando, desde o início de seu mandato, para fragilizar as regras e as instituições criadas para defender nosso patrimônio ambiental. Não por acaso 2019 foi o ano com maior desmatamento na Amazônia em uma década, e os números deste ano mostram que vamos superar essa marca. É notória a paralisia administrativa em seu ministério e nos órgãos a ele associados. Apesar disso, choca constatar sua intenção de aproveitar a maior tragédia econômica e sanitária em muitas gerações, uma pandemia que já resultou em dezenas de milhares de vidas perdidas, para, em suas palavras, ‘passar a boiada’.

A fala do Ministro Ricardo Salles expõe sua consciência de que o que está propondo é ilegal, e que portanto se ressente da ameaça que a Justiça pode trazer às suas intenções. Expõe que age contra os interesses nacionais, na surdina, alheio à uma ampla discussão que abarque os anseios da sociedade.

O Brasil precisa de um ministro à altura da importância que o Meio Ambiente tem para o país. É imprescindível que as devidas providências legais sejam aplicadas.

Leia a íntegra da nota do Greenpeace:

Governo Bolsonaro, encarnado na fala de Salles, deixa claro aquilo que a sociedade vem denunciando desde o primeiro dia de mandato deste governo, o projeto de desmantelamento das condições de proteção ambiental do país. Um Ministro de Meio Ambiente, que nesse projeto, usa até a morte das vítimas da pandemia para passar violentamente essa política de destruição.

Salles acredita que as pessoas morrendo na fila dos hospitais seja uma boa oportunidade de avançar em seu projeto antiambiental. Acredita que a ausência dos holofotes da mídia, devidamente direcionados para a pandemia, seria o suficiente para fazer o que bem entende. Mas não há espaço para ele "passar sua boiada". A sociedade segue atenta, a Justiça Federal julgando seus atos, e os satélites que medem o aumento do desmatamento atestando o resultado de sua política. Bolsonaro ganhou as eleições, mas não ganhou um cheque em branco para acabar com a floresta e os povos indígenas, os ministros gostem ou não.

O ex-ministro Sérgio Moro afirmou em redes sociais que a "verdade foi dita, exposta em vídeo" após o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, liberar a gravação ministerial do dia 22 de abril. As imagens são consideradas peças-chave no inquérito que apura suposta interferência do presidente na Polícia Federal.

"A verdade foi dita, exposta em vídeo, mensagens, depoimentos e comprovada com fatos posteriores, como a demissão do Diretor Geral da PF e a troca na superintendência do RJ. Quanto a outros temas exibidos no vídeo, cada um pode fazer a sua avaliação", escreveu Moro.

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Em nota, a defesa do ex-ministro Sérgio Moro afirmou que 'recebeu com respeito e serenidade' a decisão do decano. "A decisão possibilita às autoridades e à sociedade civil constatar a veracidade das afirmações do ex-ministro em seu pronunciamento de saída do governo e em seu depoimento à Polícia Federal, em 2 de maio".

"A decisão do Ministro Celso de Mello ressalta o avanço democrático brasileiro, coibindo qualquer tipo de arroubo autoritário e reafirmando a soberania da lei e dos valores da Constituição Cidadã", disse o criminalista Rodrigo Sánchez Rios, que defende Moro.

Entre ameaças, ofensas e palavrões, as imagens mostram Bolsonaro cobrando mudanças no governo e fazendo pressão sobre Moro e os demais auxiliares sob a alegação de que não vai esperar "foder a minha família toda".

"Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira", disse Bolsonaro.

O presidente alega que se referia à sua segurança pessoal, que é feita pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e não pela PF. De acordo com a transcrição feita pela PF, o ministro do GSI, Augusto Heleno, não fez nenhuma intervenção nesse momento. Uma reportagem do Jornal Nacional, veiculada semana passada, mostrou que o presidente fez alterações - e até promoveu servidores - em sua segurança pessoal semanas antes da reunião sem qualquer dificuldade.

Moro, por sua vez, alega que a reunião seria uma prova da movimentação política de Bolsonaro para interferir na corporação. O ex-ministro também entregou aos investigadores trocas de mensagens no celular.

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