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Entregadores de aplicativo realizaram um protesto com motocicletas na tarde desta segunda-feira (31), após a morte de um colega de profissão em um acidente no viaduto Capitão Temudo, na região central do Recife. José Fábio Soares de Lima, de 37 anos, motociclista, foi atingido por um veículo que tentava realizar uma troca de faixa e morreu no local, pouco tempo após a colisão. José morava no bairro de Dois Unidos, na Zona Norte, e deixou a esposa e três filhos.
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A vítima já era conhecida entre os demais trabalhadores de entrega e costumava aguardar e retirar pedidos no shopping RioMar, a cinco minutos do local do acidente. Após um tempo desempregado, José, que era mecânico antes de se tornar entregador, encontrou uma chance de fazer renda trabalhando com a entrega de refeições.
De acordo com os motoristas presentes, a situação de insegurança da categoria é grande e não há suporte por parte dos aplicativos.
“A gente convivia no RioMar. Ele estava feliz, porque a esposa dele estava desempregada e arranjou um emprego para poder ajudar, porque com o aplicativo está difícil. Entrou muita gente desempregada. É difícil, fica complicado concluir essa conversa. Os aplicativos não olham pra gente, não dão oportunidade da gente reivindicar nada. É uma vida ceifada pela imprudência do motorista, que deixou uma mãe solteira com três filhos para criar”, declarou ao LeiaJá Jason Lima de Holanda, de 40 anos, amigo da vítima e também entregador.
Segundo Holanda, são cerca de 14h de trabalho diariamente, para fechar o dia com um retorno entre R$ 70 e R$ 80. Os entregadores relatam uma rotina de insegurança no trânsito e de violência, associados a uma geração de renda mínima, e que tem se tornado mais difícil.
“Acontecem vários acidentes ali [no viaduto], principalmente na descida, muitas vezes por causa dos motoristas de carro, que andam de forma muito irregular, às vezes embriagados, já presenciei várias vezes. Aqui não tem sinalização de nada. Não só tem acidentes aqui, como também tem assaltos aqui várias vezes. É pior para quem trabalha depois da meia-noite, já que muitos de nós trabalhamos na madrugada. A gente arrisca nossa vida e e vamos em alta velocidade, para poder nos livrar dos assaltantes”, declarou ao LeiaJá Everton do Nascimento, outro amigo de José.
No local, estavam presentes as polícias Militar - acionada inicialmente -, Civil e Científica. A motorista do carro estava presente no local, aguardando o fim da perícia para seguir à unidade policial. A mulher não deu entrevista. À polícia e aos agentes de trânsito, ela afirmou que foi realizar uma troca de faixa para o sentido Cabanga, e não olhou no retrovisor. A colisão aconteceu em seguida.
A faixa do acidente permaneceu interditada pela Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU) e o trânsito foi coordenado pela via esquerda e ruas próximas.