O governo de Bangladesh planeja enviar milhares de rohingyas, que vivem há anos em acampamentos próximos à fronteira com Mianmar, a uma ilha do sul do país, indicou nesta quarta-feira (27) um funcionário do alto escalão.
"A transferência dos campos de rohingyas vai ocorrer" para a ilha de Hatiya, no golfo de Bengala, declarou à AFP Amit Kumar Baul, responsável pela célula de refugiados de Mianmar, um organismo oficial de Bangladesh.
Cerca de 32.000 refugiados rohingyas vivem em dois acampamentos improvisados no sudeste de Bangladesh, no distrito de Cox's Bazar, na fronteira com Mianmar, onde esta minoria muçulmana é perseguida.
Mohamed Islam, líder da comunidade rohingya em um dos acampamentos, denunciou a decisão do governo de Bangladesh, ao considerar que tornará ainda mais difícil a vida dos refugiados. "Queremos que o governo e as organizações internacionais resolvam nosso problema aqui", disse à AFP.
O governo quer deslocar os rohingyas em parte porque os campos de refugiados prejudicam o turismo em Cox's Bazar, cujos hotéis na praia acolhem muitos bengaleses, explicou Baul.
Milhares de membros desta minoria e de imigrantes de Bangladesh tentam uma perigosa travessia pelo sul do golfo de Bengala com o objetivo de se instalar na Malásia ou na Indonésia.
Este êxodo existe há anos, mas se converteu em uma grave crise no início do mês, quando os traficantes de migrantes abandonaram milhares deles no mar, depois que a Tailândia adotou uma nova política repressiva.
A primeira-ministra bengalesa criticou duramente no domingo os migrantes procedentes de seu país, classificados de "doentes mentais".