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O juiz Edvaldo Batista da Silva Júnior, da 10ª Vara Federal de Pernambuco, concedeu nesta terça-feira, 26, liminar para que usinas daquele Estado, e também de Alagoas e Sergipe, comercializem etanol hidratado diretamente aos postos de combustíveis, sem a necessidade da intermediação de distribuidoras. A decisão impede também que a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), responsável pela fiscalização do setor, aplique sanções aos postos e às usinas que adotarem a prática.

Por meio da assessoria de comunicação, a ANP informou ao Broadcast Agro que "ainda não foi formalmente intimada da decisão". A tutela antecipada foi concedida no processo impetrado pelos sindicatos representantes do setor sucroalcooleiro dos três estados nordestinos e pela Cooperativa do Agronegócio dos Associados da Associação dos Fornecedores de Cana-de-Açúcar (Coaf) contra a União e a ANP.

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Na decisão, o juiz cita a lei 9.478/97, conhecida como "Lei do Petróleo", para cobrar a necessidade de promover a livre concorrência no setor de combustíveis, em detrimento de resoluções da ANP que obrigam a venda via distribuidoras. "Como haverá então livre concorrência se o preço acaba sendo ditado pelas distribuidoras, pelas quais o etanol tem necessariamente de passar por mais distantes que sejam dos postos revendedores? (...) Não há como ignorar o verdadeiro cartel formado pelas mais poderosas distribuidoras de combustíveis", relata o magistrado no despacho.

Em seguida, Silva Júnior indaga qual o mal a venda direta de etanol poderia causar ao setor de combustíveis e à fiscalização sob o encargo dos agentes da ANP. "De idêntico modo e com idêntico rigor com que hoje se fiscalizam as distribuidoras, podem ser fiscalizados os produtores e os postos de revenda. A postura irrazoável da ANP, ao editar as malsinadas normas, evidencia igualmente maus tratos ao princípio da proporcionalidade", relatou.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar) e vice-presidente do Fórum Nacional do Setor Sucroenergético, Renato Cunha, afirmou que a decisão beneficiará 30 usinas dos três estados. No entanto, a liminar deve ter pequeno efeito no curto prazo, já que os estoques das companhias são pequenos por conta da entressafra da cana-de-açúcar no Nordeste.

"A decisão permite uma forma alternativa de venda, sem alijar as distribuidoras, e facilita o planejamento para a próxima safra, a partir de julho e agosto", afirmou o executivo. Cunha explicou que, por cautela, as companhias devem aguardar entre 48 horas e 72 horas para iniciarem a venda direta aos postos, prazo previsto para que a ANP seja notificada da decisão.

A venda direta de etanol hidratado dos postos às usinas divide o próprio setor produtivo. Enquanto produtores nordestinos apoiam a proposta, representantes do Centro-Sul, inclusive a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), são contrários à medida, por conta da dificuldade de fiscalização. A principal entidade do setor de etanol cita também que as distribuidoras terão papel fundamental na viabilização da nova política nacional de biocombustíveis (RenovaBio), com a compra dos Créditos de Descarbonização (CBIOs).

Os CBIOs são considerados fonte de recursos para financiar a ampliação na produção de etanol. Os títulos serão emitidos pelos produtores de biocombustíveis e adquiridos pelas distribuidoras para serem utilizados na compensação e redução das emissões feitas pelos combustíveis fósseis também comercializados pelas companhias. Os recursos gerados pelos CBIOs devem ser reinvestidos pelas usinas para aumentar a produção do etanol.

Além da judicialização do tema, ao menos quatro projetos de lei tramitam no Congresso Nacional, o principal deles já aprovado no Senado.

Os preços do etanol hidratado nos postos brasileiros caíram em 11 estados e no Distrito Federal e subiram em outros 13, de acordo com dados coletados pela Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na semana terminada em 11 de agosto de 2012. Na Paraíba e no Pará, os preços ficaram estáveis na semana. No período de um mês, os preços do etanol recuaram em 11 estados e no Distrito Federal, subiram em 14 e permaneceram estáveis em Roraima.

Em São Paulo, maior estado consumidor, as cotações subiram 0,11% na semana. No período de um mês, as cotações do etanol registram queda acumulada de 1,52% nos postos paulistas. A maior alta semanal foi verificada na Bahia, de 1,30%. A maior queda semanal foi verificada no Mato Grosso do Sul, de 1,08%.

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O preço médio do etanol em São Paulo ficou em R$ 1,755 o litro ante R$ 1,753 na semana anterior. No Paraná, o preço médio ficou em R$ 1,898 (R$ 1,896 na semana anterior). No período de um mês, a maior queda foi verificada em Goiás, onde a cotação média recuou 1,55%. A maior alta mensal foi verificada no Acre, com alta de 1,36%.

Na média de preços do Brasil, o etanol já está mais vantajoso do que a gasolina em função da forte influência do Estado de São Paulo no cálculo da média. Em relação à média do preço da gasolina no País, que foi de R$ 2,726 o litro, o preço do etanol é competitivo até R$ 1,9082 o litro. Como o preço médio do etanol no Brasil está em R$ 1,896, os preços da gasolina estão 0,64% abaixo do ponto de equilíbrio.

No Brasil, o preço mínimo registrado para o etanol foi de R$ 1,358 o litro, no Estado de São Paulo. O preço máximo foi de R$ 3,12 o litro registrado no Acre. Na média de preços, o menor preço médio foi R$ 1,755 o litro, registrado em São Paulo, e o maior preço médio foi registrado em Roraima, a R$ 2,561 o litro.

Os preços do etanol nos postos de combustíveis seguem competitivos em relação à gasolina nos estados de Goiás, São Paulo e do Mato Grosso. Nos demais 23 estados brasileiros e no Distrito Federal, a gasolina segue mais competitiva. Na média do Brasil, contudo, o etanol está mais competitivo.

Segundo o levantamento, o preço do etanol está hoje em 66,78% do preço da gasolina em São Paulo. No Mato Grosso, a relação está em 63,43%. Em Goiás, em 67,28% no período analisado. A gasolina está mais vantajosa principalmente no Piauí (preço do etanol é 89,53% do valor da gasolina) e em Roraima(+89,20%).

O preço médio da gasolina no Estado de São Paulo está em R$ 2,628 o litro, o que torna o etanol hidratado competitivo na região até R$ 1,8396. Na média da ANP, o preço do etanol em São Paulo ficou em R$ 1,755 o litro, 4,6% abaixo da equivalência com a gasolina, o que torna o etanol mais competitivo na região. Na semana, os preços do etanol subiram 0,11% nos postos no Estado de São Paulo, acumulando um recuo de 1,52% no período de um mês.

A vantagem do etanol é calculada considerando que o poder calorífico do motor a álcool é de 70% do poder nos motores a gasolina. No cálculo, são utilizados valores médios coletados em postos em todos os estados e no Distrito Federal. Quando a relação aponta um valor entre 70,00% e 70,50%, é considerada indiferente a utilização de etanol ou de gasolina no tanque de combustível.

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