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Uma promotora do Ministério Público do Rio afirmou em depoimento que o ex-procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes, preso na quinta-feira, 8, 'fazia diversas intervenções' junto à equipe da Coordenadoria de Combate à Sonegação Fiscal (Coesf). O relato da promotora consta do pedido de prisão de Cláudio Lopes, levado à Justiça pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Ricardo Ribeiro Martins.

Os autos contêm depoimentos de membros do Ministério Público que denunciam 'as constantes interferências' do ex-procurador-geral de Justiça em investigações ligadas ao grupo do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB).

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"Em diversas ocasiões, a partir de 2009, a depoente pôde perceber que o então procurador-geral de Justiça Cláudio Lopes fazia diversas intervenções junto à equipe da Coesf sempre procurando saber informações acerca do andamento das investigações que envolviam secretarias estaduais, muitas vezes solicitando que o andamento das investigações aguardasse eventos políticos importantes acontecerem, tais como, votação de orçamento, eleição para governador etc., notadamente nas investigações da Saúde e naquelas referentes à refinaria de Manguinhos", relatou a promotora de Justiça.

Como procurador-geral, Lopes chefiou a instituição no Estado do Rio entre 2009 e 2012. Cláudio Lopes é procurador de Justiça e, até ser preso, estava em exercício perante a Sexta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio e integrava o Conselho Superior do Ministério Público, colegiado que detém poderes para analisar arquivamentos de inquéritos da área civil.

Em outubro passado foi denunciado pelo próprio órgão por associação criminosa, corrupção e quebra de sigilo funcional. No mesmo processo, que tramita em segredo de Justiça, também foram denunciados o ex-governador Cabral, o ex-secretário estadual de governo Wilson Carlos e Sérgio de Castro Oliveira, suposto operador financeiro de Cabral.

Segundo a promotora, as ações 'só puderam ser propostas quando a chefia do Parquet estava ocupada interinamente pelo procurador Calos Antonio Navega, que substituiu o procurador Cláudio Lopes quando de seu afastamento para concorrer à recondução'.

A promotora contou que a Coordenadoria 'não conseguiu oferecer as denúncias antes porque o procurador Cláudio Lopes pouco antes de se afastar requisitou as investigações para analisar possível envolvimento de pessoa com foro especial'.

Um promotor destacou 'o constrangimento causado pelas constantes interferências' de Cláudio Lopes nas investigações ligadas ao esquema atribuído a Sérgio Cabral.

O emedebista está preso desde novembro de 2016 e já foi condenado a mais de 180 anos de prisão na Operação Lava Jato.

O promotor contou que havia determinado a abertura de procedimentos 'envolvendo fraudes na manutenção de viaturas do Estado' e fraudes em licitação. O investigador relatou que 'foi chamado ao gabinete do então procurador-geral Claudio Lopes, que queria saber do andamento das mesmas e afirmou que não seria conveniente o oferecimento de eventual denúncia antes da eleição para o Governo do Estado, que se realizaria em outubro daquele ano (2010)'.

"O depoente afirmou ao procurador-geral que apenas não ofereceria a denúncia porque até as eleições, provavelmente, não conseguiria concluir as investigações, porque ainda havia várias oitivas e diligências a realizar; que, nesta ocasião, o procurador-geral mandou mensagem via celular para alguém, afirmando ao depoente que estava avisando "a ele", entendendo o depoente se tratar do governador", narrou o promotor.

Um terceiro promotor destacou, em depoimento, 'o peculiar interesse' de Lopes em um procedimento investigatório que envolvia Wilson Carlos. O promotor contou que foi ao gabinete do então procurador-geral de Justiça após ter verificado indícios envolvendo Wilson Carlos.

"Foi ao gabinete do procurador-geral Cláudio Lopes para relatar o fato, ocasião em que este determinou ao depoente que deixasse o inquérito ali em seu gabinete naquele momento e que era desnecessário formalizar a entrega através de ofício e de guia de remessa, pedindo ao depoente que fizesse ali na hora um despacho declinando de sua atribuição; que o depoente achou estranha a atitude do procurador-geral, decidindo que dali por diante qualquer forma de remessa deveria ser precedida de ofício e se necessário com extração de cópias para não paralisar a investigação", contou.

A reportagem está tentando localizar a defesa de Cláudio Lopes. O espaço está aberto para manifestação.

O ex-procurador-geral da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco, Joaquim Correia de Carvalho Júnior faleceu na manhã desta sexta-feira (26), aos 85 anos, no Hospital Português do Recife. Ele estava internado na unidade de saúde há 15 dias. O corpo do advogado será enterrado às 19h, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. 

Em nota, a PGE-PE lamentou a morte de seu primeiro dirigente e destacou a história de Joaquim Correia na entidade. 

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Confira a nota na íntegra:

Comunicado da Imprensa - Notícias da PGE - Nota de pesar 

PGE-PE lamenta falecimento do primeiro procurador-geral do Estado

A Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco (PGE-PE) lamenta o falecimento do ex-procurador-geral Joaquim Correia de Carvalho Júnior, ocorrido na manhã desta sexta-feira (26) no Hospital Português, onde estava internado havia 15 dias. O advogado recifense tinha 85 anos e foi o primeiro procurador-geral do Estado, após a criação da PGE-PE em 1990.

No início de sua carreira, nos anos 1960, Joaquim Correia lecionou na Faculdade de Direito do Recife  e na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). No início do governo de Nilo Coelho (1967-1971), entrou para a Procuradoria dos Feitos da Fazenda Estadual (embrião da PGE-PE) mediante concurso público para advogado de ofício. Em 1968, foi nomeado procurador-geral dos Feitos da Fazenda.

Em 1990, no governo de Carlos Wilson, quando a PGE-PE foi criada, passou a ser o procurador-geral da instituição, exercendo o cargo de 20 de agosto de 1990 a 15 de março de 1991. Militante contra o regime militar, Joaquim Correia assinalou - em depoimento ao livro Evolução Histórica da Procuradoria Geral do Estado de Pernambuco, de autoria de Humberto França e publicado em 2010 - que "a PGE-PE foi um instrumento importante para a efetiva implantação do chamado Estado Democrático de Direito, porquanto procurou valorizar os princípios jurídicos adotados pela democracia".

Durante sua gestão, a PGE-PE foi instalada na atual sede, na Rua do Sol, bairro de Santo Antônio. O fato está registrado em placa no hall do edifício. Joaquim Correia também destacou-se na advocacia privada e foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - secção Pernambuco (OAB-PE) entre 1971 e 1975. O advogado será enterrado às 19h no Cemitério Morada da Paz. O velório começa às 16h30 e, às 18h, haverá uma missa de corpo presente.

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