Tópicos | Família do Bagulho

Família do Bagulho é genérico e repetitivo, sendo mais um pavoroso episódio da leva recente de comédias feitas em Hollywood. O filme é dirigido pelo inexperiente R. M. Thurber e conta a história de um traficante de meia-idade chantageado para realizar o trabalho de trazer uma carga de maconha do México para os EUA. Como disfarce ideal, ele reúne uma stripper e dois adolescentes para simular um passeio de família num motorhome.

Todas as comédias da grande indústria padecem do mal da artificialidade – do produto enlatado. São como colchas de retalhos de diversas produções que alcançaram algum grau de sucesso, à exceção dessas obras de referência, claro. Já debatemos o tema em nosso Zonacast #08, e a originalidade que cobramos aqui não é pelo novo radical, mas pelo incomum, pela criatividade da síntese, experimentação, ou negação à mediocridade. E a única razão de escrevermos essas linhas (acredite, é um trabalho forçoso) é a tentativa de contribuir para que todo o cinema ruim, principalmente a comédia ruim, morra de inanição, sem o seu dinheiro.

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Família do Bagulho começa apresentando rápidas sequências para introduzir o quanto antes cada um dos personagens. Os diálogos e a dramatização definem as personalidades de forma rasteira e grosseira. David Clark, por exemplo, encontra um amigo de juventude que destaca o fato de ele ainda ser traficante e em seguida já fala de família; é quando vemos o semblante de angústia na face do protagonista… Corte, e pula para o próximo. Tudo na fita é (não) desenvolvido, com a clássica correria para que haja tempo de contar o máximo de piadas possíveis (é stand up, é?)

Os cenários são uma lástima. O QG dos traficantes no México é uma paliçada com uma casa no meio. Mas isso é até lógico: quem iria imaginar que um parque temático seria um esconderijo do tráfico?

Sobre as atuações, basta dizer que a única que parece ser profissional é Jennifer Aniston, já que todos os outros precisam fazer estágios em novelas de Jayme Monjardim. Por último, as piadas: com as cafonices de filmes e músicas, com o nerd, com a família caricatural, com homossexuais, com os mexicanos etc. Tudo sendo martelado mais de uma vez, como se fôssemos imbecis que precisam ter piadas recontadas ou destacadas para que sejam entendidas.

Não posso negar que a fita não arrancou aqui ou ali alguma risada, mas muito pouco em relação à inundação de piadas proporcionada, que foi a única coisa que Thurber tinha a oferecer. Na maior parte do tempo se parece uma comédia romântica entediante, com humor safado, rasteiro,  constrangedor (pela estupidez mesmo) e lotado de preconceitos e superficialidades.

“Jason Sudeikis é um traficante gente boa que foi chantageado para ir buscar uma carga super-secreta no México e trazê-la de volta para os Estados Unidos. E para isso ele vai contar com a ajuda de Jennifer Aniston e de dois adolescentes piradões para formar uma família muito louca numa grande aventura cheia de confusão e agito. Família do Bagulho! Com Emma Roberts, e participação especial de Luiz Guzmán. Neste final de semana, em um multiplex perto de você!”

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