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Homens fortemente armados invadiram um campus universitário no nordeste do Quênia na madrugada desta quinta-feira (2), deixando pelo menos 147 mortos. A ação do grupo somali Al-Shabab ressalta os desafios enfrentados pelo governo na tentativa de frustrar o terrorismo de dentro e além de suas fronteiras.

O Al-Shabab, que realizou diversos ataques no interior da Somália e também em países próximos, assumiu a autoria do ataque realizado na cidade de Garissa, a sudoeste da fronteira somali.

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Na noite desta quinta-feira, o Centro Nacional de Operações para Desastres informou em sua conta no Twitter que o cerco havia terminado e que o número de mortos havia subido para 147, além da morte de quatro militantes. Mais de 500 estudantes foram resgatados. O ataque é o mais violento no Quênia desde 1998, quando a embaixada dos Estados Unidos foi bombardeada por integrante da Al-Qaeda e mais de 200 pessoas morreram.

Testemunhas descreveram cenas de terror, depois de pelo menos cinco homens mascarados e armados terem invadido dormitórios estudantis, por volta das 5h30 (horário local), enquanto muitos ainda estavam dormindo ou fazendo suas orações matinais. Não estava claro quantos foram feitos reféns.

"Um homem ordenou que deitássemos no chão e foi o que fizemos. Ele perguntou se éramos muçulmanos e eu respondi 'sim. Por favor, não nos mate. Somos muçulmanos'", relatou Nasir Abdurahman, estudante do segundo ano. "Ele perguntou se podíamos recitar a Shahada (a declaração de fé do islamismo) e eu recitei em voz alta. Meus amigos também recitaram em volume alto. Ele disse, 'vocês podem ir agora' e indicou o portão da frente para sairmos."

Assim que Abdurahman saiu, ele ouviu disparos de armas e gritos.

O ataque suscitou uma forte resposta das forças de segurança quenianas, com o envio de reforços policiais, militares e de contraterrorismo, mas o fato de haver reféns complicou a operação.

Monica Juma, secretária do Ministério do Interior queniano, disse que os homens que realizaram o ataque foram direcionados para um bloco de dormitórios de três andares e que mantinham estudantes em dois quartos, um dos quais foi invadido pela polícia e de onde cerca de 60 estudantes foram retirados em segurança.

Um suposto terrorista foi detido, acrescentou ela, embora ainda não se saiba o número total de pessoas que participaram do ataque.

Além da troca de tiros entre os militantes e a polícia, moradores relataram ter ouvido explosões. A estudante Halima Musa disse ter visto tanques militares se dirigindo para a área e helicópteros sobrevoando a universidade.

O porta-voz do Al-Shabaab assumiu a responsabilidade pelo ataque. "Nossos irmãos mujahedin conseguiram hoje realizar uma bem-sucedida operação na cidade de Garissa", disse xeque Abdiasis Abu Musab.

Ele disse que o ataque foi em resposta à presença militar queniana na Somália, que foi intensificada após ataques do grupo extremista nos últimos anos, dentre eles um ataque contra um shopping center de Nairóbi que deixou 67 mortos.

"Nós dissemos aos quenianos que retirassem seu Exército da Somália", disse o porta-voz do grupo. "Eles não quiseram nos ouvir, então esta é a nossa mensagem para eles." Fonte: Dow Jones Newswires.

Atiradores mataram dois policiais que faziam a segurança de uma igreja no Quênia, pegaram suas armas e abriram fogo contra uma congregação, matando 15 pessoas e deixando outras 40 feridas. Os dois homem entraram em uma modesta igreja de madeira na cidade de Garissa, enquanto outros dois esperavam do lado de fora, disse o comandante da polícia, Philip Ndolo. Quando as pessoas dentro da igreja começaram a correr do ataque, depararam-se com balas vindas dos homens que estavam do lado de fora. Também na cidade de Garissa uma outra igreja foi alvo de granada, onde três ficaram feridos.

"Estávamos concentrados na oração, nos preparando para dar nossas oferendas", disse um abalado paroquiano. "Ouvimos primeiro um forte barulho dos tiros do lado de fora, o qual pensamos que vinha do teto. Depois nos vimos diante de tiros que nos obrigaram a deitar no chão. Repentinamente havia um tiroteio por todos os lados. Todos gritavam e gemiam de dor", afirmou o homem.

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O prefeito de Garissa, Ismail Garat, disse que "não estamos acostumados a ver esse tipo de ato", onde "pessoas atiram à luz do dia". "Realmente queremos saber quem são essas pessoas sem coração que fizeram isso", afirmou.

Ndolo afirmou que uma investigação deverá ser conduzida antes de acusar o grupo que muitas pessoas na região acreditam ser responsáveis por esse tipo de ataque, o al-Shabab, o grupo militante mais perigoso da Somália e com ligações ao al-Qaeda.

Os policiais faziam a guarda da igreja por causa do aumento da violência na região próxima à fronteira com a Somália e também porque os militantes islâmicos da Somália têm feito das igrejas cristãs um alvo comum.

Garissa é uma das maiores cidades do Quênia perto da fronteira com a Somália e fica próxima ao campo de refugiados somalis de Dadaab. Na sexta-feira, homens armados raptaram quatro trabalhadores internacionais do Conselho de Refugiados Noruegueses e acredita-se que foram levados para a fronteira da Somália.

Uma autoridade de segurança sugeriu que os homens vieram do campo de refugiados. As autoridades do Quênia têm dito há muito tempo que Dadaab e seus habitantes são uma ameaça à segurança do país. Eles desejam que o campo de refugiados vá para a Somália, mas não podem forçar que se movam sem romper com a lei internacional e causar a condenação internacional contra o país.

Regiões ao norte e ao leste do Quênia, além da fronteira com a Somália, têm sido alvo de uma série de ataques a armas e granadas desde o ano passado. Militantes atacaram uma igreja em Garissa em dezembro, deixando dois mortos. O Quênia enviou tropas para a Somália em outubro do ano passado para enfrentar os homens do al-Shabab. As informações são da Associated Press.

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