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A Secretaria de Saúde de Buenos Aires vai pagar 500 milhões de pesos argentinos (equivalente a R$ 14,9 milhões) em uma compra de um milhão de gel lubrificante íntimo, segundo noticiou o jornal Clarín esta semana. O item está incluído no programa "Haceme tuyo" ("Faça-me seu", em português), que, de acordo com a secretaria, promove medidas de prevenção e cuidado na saúde sexual.

O jornal Clarín noticiou que a compra está descrita no site oficial de compras do governo da província de Buenos Aires, chefiada pelo kirchnerista Axel Kicillof. Os itens serão fornecidos pela empresa Farmacoop por 500 pesos argentinos cada, em uma compra total de um milhão de unidades.

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Na justificativa oficial da compra, o governo afirma que o item "diminui as chances de quebra do preservativo ao fazer sexo e, assim, evita doenças sexualmente transmissíveis" e que "também é uma ferramenta recomendada para a prática do sexo anal especificamente".

O secretário de Saúde de Buenos Aires, Nicolás Kreplak, disse que o programa cumpre as leis de direito à saúde e que os governos de direita de Mauricio Macri e de María Eugenia Vidal também promoveram iniciativas semelhantes. "Estamos administrando, cumprindo a lei e cuidando da nossa população. A compra de elementos de prevenção e cuidados de saúde sexual não é algo novo. Sempre foi feito e todos os insumos têm que ser fornecidos pelo Estado. Nada é surpreendente. Eles desinformam e confundem", declarou Kreplak.

Segundo o ministro, o programa faz parte do cumprimento da Lei 27.675, mais conhecida como "Lei Nacional de Resposta Integral ao HIV, Hepatites Virais, Outras Infecções Sexualmente Transmissíveis - IST e Tuberculose -TBC", promulgada em julho passado.

A compra foi criticada por políticos de oposição publicamente. "O novo programa ‘Faça-me seu’ de Axel Kicillof: ele gastou $ 500 milhões para comprar potes de gel íntimos. Acredite ou não, essas são as prioridades do kirchnerismo", declarou o deputado Diego Santilli no Twitter.

O deputado federal Cristian Ritondo, do direitista Proposta Republicana (PR), também criticou a iniciativa e pediu ao governador de Buenos Aires que "parasse com essa loucura". O deputado provincial Alex Campbell solicitou relatórios e explicações para o governador Kicillof e o ministro Kreplak na Assembleia Legislativa de Buenos Aires.

No Twitter, o secretário respondeu a oposição afirmando que o dever do Estado é promover a saúde de todos. "O que mais incomoda é que existe um Estado que cuida do seu povo. A todos: maiorias e minorias. E à oposição que obviamente se preocupa tanto com a saúde de Buenos Aires, convido-os a discutir e votar os projetos de saúde que foram ignorados por meses no Legislativo", disse.

Kreplak também afirmou que o preço da unidade do gel está abaixo do valor de mercado, onde, segundo ele, custam quase 2 mil pesos.

O programa também foi defendido por organizações argentinas, como a Federação LGBT Argentina (FALGBT) e a Frente Nacional para a Saúde das Pessoas com HIV, Hepatites Virais e Tuberculose. Em nota, eles afirmaram que as críticas eram uma ignorância e discriminação. "O gel lubrificante é uma ferramenta para a prevenção do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis usadas em todo o mundo", escreveram.

Seguindo a sequência de polêmicas das Forças Armadas, o Exército, Marinha e Aeronáutica licitaram a compra de R$ 37 mil em bisnagas de gel lubrificante íntimo, segundo informações encontradas no Portal da Transparência e divulgados pela Revista Fórum. As compras são referentes aos anos de 2019 e 2020. 

O gel lubrificante íntimo é utilizado em alguns procedimentos, mas a grande quantidade do produto e a destinação é para unidades que não possuem ligação com hospitais militares e divisões de saúde, segundo a Fórum. 

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A 15ª Companhia de Infantaria Motorizada do Exército, localizada em Guaíra (PR), solicitou 10 tubos de bisnagas de 50g em lubrificantes íntimos. Já o Centro de Aquisições Específicas da Aeronáutica da Ilha do Governador, solicitou mil unidades pelo valor de R$ 19.990, enquanto o Centro de Intendência da Marinha, em Manaus, pediu a mesma quantidade em produtos, num custo de R$ 13.490.

Pelo tamanho dos pedidos não é possível determinar se as compras foram finalizadas como previsto, ou se tratavam apenas de pretensões de aquisição pelos órgãos subordinados ao Ministério da Defesa, segundo a Fórum. Os editais envolviam um grande número de produtor e fornecedores na mesma licitação.

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