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O deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) anunciou nesta segunda-feira (30) que pedirá ao Ministério Público Federal (MPF) que investigue o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por suposto crime de gestão temerária.

Segundo o tucano, o pedido de investigação foi motivado por auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que encontrou indícios de "tratamento privilegiado" do banco de fomento para com o frigorífico JBS, que pode ter gerado prejuízo de pelo menos R$ 847,7 milhões à instituição financeira.

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Na última sexta-feira, o TCU determinou que seus auditores aprofundem a investigação para apurar mais detalhes. O tribunal decidiu pela abertura de três processos apartados, conexos ao processo principal, sobre a relação entre BNDES e JBS.

As operações analisadas são a compra pela JBS da Swift, em 2007, da Pilgrim's Pride, em 2009, e da Smithfield, em 2008. Nessa última operação, o TCU também analisa a tentativa pela JBS de aquisição da National Beef, que acabou não se concretizando, mas o valor desembolsado pelo BNDES naquele ano considerava também essa compra.

O TCU identificou que nos três casos a análise das operações no BNDES foram feitas "em prazos extremamente curtos", inferiores a 30 dias. "O BNDES nos informou que houve análise prévia dessas operações, mas nada foi encontrado. Se efetivamente isso ocorreu foi feito sem nenhuma documentação", disse, o relator do caso, ministro Augusto Sherman. Além disso, o BNDES não fez operação de due-dilligence (auditoria) para verificar as condições financeiras da Swift e da Smithfield.

"Estamos diante de mais um resultado catastrófico para o BNDES, que é fruto de uma diretriz equivocada. Trata-se da chamada política dos campeões nacionais. Ao escolherem determinados grupos privados para receber dinheiro subsidiado do banco estatal, os governos do PT provocaram rombos financeiros na própria instituição, bem como na economia do país", afirmou Betinho Gomes.

"Nesse sentido, é que vamos pedir aos procuradores que apurem a responsabilidade por esta suposta gestão temerária no banco", acrescentou o parlamentar.

O tucano afirmou que a representação está sendo preparada por sua assessoria jurídica e deve ser protocolada nesta terça-feira, na Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília. O deputado afirma que, apesar de o pedido estar baseado na relação com o BNDES, outros contratos poderão ser apurados no decorrer da investigação. Integrante da CPI do BNDES, o tucano justificou que não levou o assunto para o colegiado por causa das incertezas sobre a prorrogação dos trabalhos, previstos para encerrarem sexta-feira, 4 de dezembro.

A ex-presidente da Petrobras Graça Foster reclamou de "gestão temerária" na estatal e se disse ofendida quando seus atos foram comparados aos da administração anterior, nomeada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O desabafo foi feito na tensa reunião do conselho de administração da companhia em 27 de janeiro deste ano, cujos embates levaram a executiva a renunciar.

No encontro, cujo áudio foi obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo, o colegiado discutia uma forma de estimar as perdas com a corrupção e o superfaturamento de obras, descobertos na Operação Lava Jato. O objetivo era a publicação do balanço contábil do terceiro trimestre da estatal. Em rota de colisão com outros conselheiros, Graça defendeu a publicação de notas explicativas que indicavam, naquele momento, a necessidade de baixar R$ 88 bilhões dos ativos da companhia. Dias depois, contrariada com a divulgação do valor, a presidente Dilma Rousseff acertou com a executiva a renúncia dela e de mais cinco diretores.

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Na reunião, a então presidente da Petrobras bateu boca com a presidente da Caixa, Miriam Belchior, à época conselheira, por ter comparado seus atos aos da diretoria às que deliberou sobre a compra da Refinaria de Pasadena, nos EUA. A aquisição foi aprovada em 2006 pelo conselho de administração e, segundo o TCU, gerou prejuízo de US$ 792 milhões.

À época, o colegiado era presidido pela então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Em nota ao Estado, Dilma justificou que só aprovou o negócio porque o resumo executivo apresentado pelo então diretor Internacional, Nestor Cerveró, omitia cláusulas do negócio consideradas prejudiciais.

Miriam reclamou que, a exemplo do que teria ocorrido naquela época, Graça não levou à reunião de janeiro informações para o debate sobre o balanço da estatal e que fora surpreendida por dados apresentados por auditores da PWC.

"Assusta a gente a informação não ter vindo para a mesa. Aí você se lembra de Pasadena", protestou Miriam. "Não nos confunda com Pasadena. Não nos ofenda", protestou Graça, acrescentando: "Se há dúvida, demita a diretoria".

Falhas

Na reunião, Graça afirmou que, quando assumiu a função, pôs em curso um programa para resolver "uma série" de falhas "que a empresa tinha, de coisas malfeitas", que ela não aceitava. "Já tenho um monte de problemas decorrentes de gestão temerária de outros colegas", disse, sem citar nomes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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