Em seu showroom em Nova York, quatro livros colocados sobre uma mesa de madeira falam mais que mil palavras das paixões de Tommy Hilfiger: moda, cultura pop americana, rock e Grace Kelly. "Coloco em minhas coleções o melhor dos Estados Unidos", explica.
A marca deste estilista americano, rei do estilo "preppy" casual e elegante, completa este ano 30 primaveras com um título invejável: 1.400 lojas em 90 países dos cinco continentes, 6,4 bilhões de dólares em vendas no varejo em 2013, coleções masculinas, femininas e infantis, acessórios e perfumes.
##RECOMENDA##"Foi um longo caminho, uma grande viagem, e sou agradecido que tenhamos sido capazes de nos manter no negócio durante três décadas", confessa o estilista em seu estúdio nas margens do Hudson, em Manhattan, em uma entrevista à AFP.
Em comemoração ao aniversário da marca, organizou um espetacular desfile na Semana de Moda de Nova York, como só ele sabe fazer, inspirado nesta temporada no futebol americano.
Filho de um relojoeiro e uma enfermeira e segundo de nove irmãos, Hilfiger, de 63 anos, é modesto apesar de seu grande sucesso.
É rico, famoso e diz ter alcançado todos os seus sonhos. E o que ainda o motiva?
"Acredito que é a ideia de fazer melhor cada uma das vezes", disse. "Em cada coleção quero fazer melhor do que na última vez. E queremos continuar evoluindo, sem deixar de ser o que representamos como marca. Somos o norte-americano clássico relaxado, somos divertidos, jovens e dinâmicos", diz.
Tommy cresceu na década de 50 em Elmira, pequena cidade do norte do estado de Nova York, onde aprendeu a amar o que segundo ele representa "o melhor dos Estados Unidos".
"Se você pensar em Hollywood, na música, talvez em Miami, em Nova York, na Coca-Cola. Se você pensar em Apple, Microsoft, nos M&M's, em beisebol, em todas essas coisas norte-americanas. Há algo diferente do resto do mundo. E que coloco aqui", explica, apontando para sua testa. "coloco em minhas coleções".
- Amigo de Andy Warhol -
"Andy Warhol é um de meus grandes mentores. Era um herói, um amigo quando me mudei pela primeira vez para Nova York. Via o que fazia. Vi ele integrar moda, arte, música, entretenimento e fama à sua arte. E isso é o que faço. Não se trata só de moda", explica.
Na véspera de seu desfile, o ambiente em seu estúdio minimalista, onde domina o branco, é tranquilo ainda que concentrado. Tommy usa um suéter azul royal, jeans e óculos com uma grossa armação preta.
Gosta de rock clássico, "The Beatles, Stones, The Who". Cita Superman quando perguntado sobre qual é seu superherói favorito, e Martin Luther King sobre seu verdadeiro herói. Conta que acaba de ler a biografia de Steve Jobs.
Com uma família de origem irlandesa, lembra que percorreu um longo caminho para alcançar o sucesso. "No início eu fazia tudo eu mesmo. Desenhava cada peça, vendia a coleção, fabricava, fazia tudo. E logo depois, no caminho, encontrei sócios".
Seu grupo foi comprado por 3 bilhões de dólares em 2010 por Phillips-Van Heusen, que também é dono da Calvin Klein. Mas Tommy continua sendo o principal estilista da marca.
"Quero continuar renovando a marca, mantê-la viva (...) Mas ao mesmo tempo ela deve mudar, e isso é o mais inspirador, a capacidade de mudar continuamente, já que isso é a moda", afirma Hilfiger.
Recentemente anunciou a abertura de um espaço de venda totalmente digital e "revolucionário" em Amsterdã para seus clientes do atacado, e em março vai abrir uma loja em Paris, no mesmo local de um antigo banco no Boulevar des Capucines.
E como se não fosse suficientemente ocupado, esse pai de cinco filhos de dois casamentos espera participar "de uma forma ou outra" da primeira Semana de Moda masculina em julho, em Nova York.
Até encontra tempo para escrever suas memórias: "É sobre toda a minha vida. Decidi fazer agora porque se esperar posso esquecer o que queria dizer", diz com um sorriso.