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A Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apuram um caso de antissemitismo e injúria racial por motivo religioso contra um autônomo de 57 anos, atacado por três pessoas, no último dia 10, em Jaguariúna, interior de São Paulo, por ser judeu.

Conforme o boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil, o homem caminhava para o terminal rodoviário da cidade usando seu kipá, objeto religioso usado sobre a cabeça por membros da comunidade judaica, quando foi agredido por três rapazes. Ele seguiria para Campinas, onde fica a sinagoga que frequenta.

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Conforme seu relato à polícia, um dos rapazes teria ofendido o homem, chamando o de "seu judeuzinho verme". Segundos depois, ele teria sido abordado por esse e outros dois rapazes e teria sido agredido com chutes e socos. Alguns dentes e a prótese dentária da vítima foram quebrados. Após a agressão, os rapazes ainda o ofenderam dizendo que "Hitler deveria ter matado mais judeus, o único erro de Hitler foi não ter matado mais gente".

Em nota, a Federação Israelita do Estado de São Paulo informou tratar-se de "um fato grave de antissemitismo e racismo que não toleramos em nossa sociedade. Não mediremos esforços, ao lado das autoridades competentes, para encontrar e punir nos termos da lei os responsáveis por esta covarde agressão".

A Federação informou ainda que, desde o primeiro momento deu assistência à vítima, auxiliando em seu pronto restabelecimento. "Estamos trabalhando com as polícias militar, civil municipal e com a Secretaria da Segurança Pública do Estado para elucidar o mais rapidamente possível este caso e torná-lo exemplar na luta contra a discriminação, racismo e antissemitismo", disse.

O presidente da Federação, Ricardo Berkiensztat, disse à reportagem que esse parece ser um caso pontual. "Por sorte, nós vivemos em um país que respeita a diversidade. Não há um alarmismo de nossa parte sobre o crescimento do antissemitismo aqui, como vem hoje acontecendo na Europa e nos Estados Unidos. Mas não queremos deixar (esse caso) barato para que não deixe de continuar pontual e venham a acontecer outras agressões por aí. Não vamos permitir que isso aconteça."

Berkiensztat esteve na delegacia de Jaguariúna na semana passada, acompanhado da representante da OAB. "O que sabemos é que eles gritavam frases extremistas de direita, mas a investigação vai mostrar se tem algum vínculo com algum desses grupos. Em princípio, achamos que foi um caso isolado."

Conforme o líder da comunidade judaica, o caso, sem precedentes recentes, surpreendeu pela brutalidade. "Tivemos uma pichação em Ribeirão Preto numa residência onde puseram uma suástica com a inscrição Hitler ao lado. Em termos de agressão, a gente vê manifestações em redes sociais, mas assim de forma física, é o primeiro caso que estamos vendo este ano. Preocupa, pois após um caso pode vir outro e outro. Esse senhor que foi agredido mora em Jaguariúna, mas frequenta sinagoga em Campinas. Ele nunca imaginou que numa cidade do interior pudesse acontecer isso."

A identidade da vítima não está sendo divulgada por motivo de segurança. Segundo Berkiensztat, o homem ainda está amedrontado e tem evitado se expor. "Houve um apoio muito imediato das forças de segurança, da OAB, das forças políticas locais; não é uma coisa que passou despercebida. A sociedade se juntou contra esse extremismo. É importante mostrar que estamos atentos e todos irmanados para evitar que esse bicho (antissemitismo) penetre na nossa sociedade."

A presidente da subseção da OAB em Jaguariúna, Maria do Carmo Santiago Leite, que acompanha a investigação, disse que a polícia ainda não conseguiu imagens de câmeras que pudessem identificar os agressores. "A vítima passou a descrição deles, inclusive os trajes que usavam, e são as pistas que temos até agora." A subseção divulgou nota de repúdio à agressão por injúria racial ligada à religião. "Isso nunca existiu aqui e, com essa história de polarização, não podemos deixar que comece a acontecer", disse

A Polícia Civil de Jaguariúna informou que a vítima passou por exame de corpo de delito e o caso segue em investigação. Já a Secretaria da Segurança Pública informou que a vítima foi ouvida novamente na última quinta-feira, 27, quando deu detalhes sobre o ocorrido. "A equipe busca por imagens e testemunhas que possam auxiliar na identificação dos autores", disse, em nota.

Um homem foi preso nessa quinta-feira (4) depois de raptar e assassinar uma mulher, em um motel de Jaguariúna, interior de São Paulo. O suspeito, Edmilson Manoel Jardim, de 43 anos, foi perseguido por mais de 20 km pela polícia após sair do motel e capotou o carro que dirigia em uma rodovia, no município de Estiva Gerbi (SP).

Aos policiais, ele teria confessado o assassinato de Queli Aparecida Simon, de 39 anos. O caso é tratado como feminicídio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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