Tópicos | John Rodgerson

Enquanto a deterioração do cenário econômico sinaliza que o brasileiro terá cada vez mais dificuldades pela frente, os preços das passagens seguem aumentando. Segundo o CEO da Azul, John Rodgerson, as tarifas vão continuar subindo em meio à escalada do petróleo. Em sua visão, os elevados custos estruturais do Brasil precisam ser resolvidos para que as viagens aéreas não fiquem ainda mais restritas no País.

Segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), o preço do querosene de aviação acumula alta de 71% até 1º de julho. No consolidado de 2021, o aumento acumulado foi de 92%. "Se o combustível está subindo e o dólar valorizando, a passagem vai ter de subir para a receita cobrir os custos. Mas não acredito que essa situação vai continuar assim, não vejo a guerra (na Ucrânia) durando para sempre", disse Rodgerson, que ainda citou custos locais, como o ICMS sobre os combustíveis e o PIS/Cofins. O executivo destaca também que as companhias estão elevando os preços para "sobreviver". "Ficamos praticamente oito meses sem receita por causa da pandemia."

##RECOMENDA##

Atualmente, a ocupação média das aeronaves da Azul é de 80%, diz Rodgerson. "Temos 30% mais oferta de voos do que no pré-pandemia e mesmo assim as tarifas estão mais caras. Imagine se não tivéssemos colocado mais voos no mercado, os preços seriam absurdos." O preço médio da passagem doméstica está em tendência de alta e já acumula avanço de 21% nos quatro primeiros meses deste ano, em relação ao patamar de 2019, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Para ele, o Brasil precisa se alinhar às práticas internacionais do setor, como no caso da discussão sobre cobrança de franquia de bagagem. "Quando a franquia é obrigatória, isso demanda um enorme contingente de funcionários, gerando custos adicionais, o que vai acabar encarecendo as tarifas", esclarece.

Em ano de eleições - que tornam o mercado ainda mais volátil -, o executivo afirma que a companhia continuará investindo para se manter competitiva. "Não controlo o que acontece em Brasília. O que podemos controlar está dentro da empresa, investimos em novas tecnologias e renovação da frota, que será muito mais econômica. Temos de ser mais eficientes, todo mundo está focado nisso."

O presidente da Azul, John Rodgerson, afirmou que a empresa estuda abrir novas rotas internacionais, mas decidiu não fazer anúncios agora por causa da valorização do dólar ante o real, que encarece e desestimula viagens ao exterior. "Mas em cinco anos, com certeza vamos ter mais destinos internacionais", disse, em conversa com jornalistas após o voo inaugural do E195-E2, na rota Campinas-Brasília.

O executivo frisou, porém, que o foco da Azul está no mercado doméstico - a intenção é "elevar" o nível do Brasil em termos de conectividade aérea. O brasileiro ainda viaja muito pouco em relação ao potencial que o País oferece, avalia, e muito disso se deve às elevadas tarifas. Nesse sentido, o presidente destacou que os novos E2 que serão incorporados à frota trarão menores custos e mais eficiência à companhia, ajudando-a a reduzir suas tarifas, as mais elevadas do País.

##RECOMENDA##

Nesta quarta mais cedo, Rodgerson afirmou que a Azul quer expandir para 150 o número de localidades em que opera nos próximos cinco anos. Hoje, a empresa atende 114 cidades, sendo pouco mais de 100 dentro do País.

A321

A Azul deve receber neste ano o primeiro A321, fabricado pela Airbus. O modelo servirá operações entre os principais hubs da empresa, Viracopos e Recife. De acordo com Rodgerson, a empresa tem vantagens ante seus concorrentes por servir muita mais cidades que se conectam a essas localidades.

TAP

Rodgerson afirmou que há "muitos interessados", como investidores e empresas aéreas, na posição da empresa na portuguesa TAP. "A TAP é muito valiosa, eles voam para 11 cidades e têm um terço das rotas entre Brasil e Europa", destacou.

A administração da Azul considera que o mercado não dá a devida importância ao investimento feito na TAP e o potencial que ele pode gerar à aérea. No Azul Investor Day, na segunda-feira, a diretoria frisou que os novos executivos da TAP têm promovido mudanças significativas nos negócios, "aumentando o valor da empresa", como a renovação da frota de aeronaves e a abertura de novos destinos tanto na Europa quanto na América do Norte.

Em 2016, a Azul adquiriu dívidas conversíveis emitidas pela TAP, no valor de € 90 milhões. Esses bonds são conversíveis, no total ou em parte, e a opção de convertê-los em novas ações da TAP dá direito a benefícios econômicos preferenciais. Após a conversão total, as ações detidas pela Azul representarão 6% do capital total e votante da TAP, com o direito de receber dividendos ou outras distribuições correspondentes a 41,25% dos lucros distribuíveis da empresa portuguesa.

Em relação à possibilidade de a Azul integrar a joint venture entre United, Avianca Holdings e Copa Airlines, John Rodgerson afirmou que a decisão deve demorar, uma vez que as conversas envolvem muitas partes. Ele ressaltou que o negócio poderia fazer sentido à Azul, já que a aliança intensificaria a parceria com as aéreas e colocaria as operações de todas elas "na mesma página".

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando