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Embora tenha afetado diversos segmentos da economia, a crise instalada pela pandemia de coronavírus não impediu que novos empresários se lançassem ao mercado para encarar desafios e realizar sonhos. Segundo a Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), no mês de outubro, mais de 24,7 mil novos estabelecimentos foram registrados. O número é 6,18% maior em relação a setembro.

Ainda de acordo com a Jucesp, a área do comércio é a que teve o maior índice em meio aos novos negócios. Entre os 30% que optaram por ter o próprio estabelecimento comercial em meio à pandemia, está Maysa Archinto, 28 anos. A sócia-proprietária da ZenFoods, especializada em alimentos saudáveis e funcionais, lembra que o projeto começou a ser desenhado em maio e saiu do papel em setembro. Ela e o sócio, Guilherme Sawa, comemoram os resultados da empresa nos primeiros 40 dias de funcionamento. "Apostamos em supermercados e no e-commerce próprio, que foram canais que se desenvolveram bastante este ano, assim como em oferecer produtos benéficos à saúde. O cuidado pessoal virou prioridade número um", aponta a empresária, que celebra parcerias com redes como Fazenda Hortifruti e St. Marche.

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Maysa Archinto é sócia-proprietária da ZenFoods | Foto: Arquivo Pessoal

Para Maysa, a incerteza da estabilidade durante a crise da Covid-19 gerou oportunidades inesperadas e benéficas para a ZenFoods. "Mesmo tentando 'prever' os piores cenários, muitos acontecimentos foram imprevisíveis e nos trouxeram grandes desafios, assim como boas oportunidades", assegura. Ainda segundo a empresária, alguns empecilhos, como o valor e a indisponibilidade de matéria-prima, além variação do dólar, chegaram a assustar a solidez do negócio, mas o empenho para enfrentar os desafios falou mais alto. "Acredito que a crise vai se manter por um longo período ainda e não podemos baixar a guarda. É preciso ser criativo, focar bastante no marketing de como a marca quer se consolidar neste momento e buscar bons fornecedores", recomenda.

Adiamento e surpresa com o sucesso

A esteticista Eliane Marques, sócia-proprietária da Clínica Vida em Fios, conta que o espaço estético, situado na região oeste da capital paulista, estava pronto para sair do papel quando a crise sanitária forçou à suspensão da abertura. "Nossa inauguração seria em março, mas com a chegada da pandemia, tivemos que adiar e abrimos em junho com as medidas necessárias", lembra.

Embora tenha planejado um ambiente acolhedor para receber clientes que buscam recursos terapêuticos em segmentos como a Dermatologia Clínica e a Terapia Capilar, Eliane afirma ter ficado surpresa com o sucesso em meio à crise. "A empresa nasceu com o objetivo de oferecer um tratamento diferenciado, acreditamos no nosso projeto, mas foi uma surpresa a procura por intervenções, principalmente na queda de cabelos", pontua a responsável.

Segundo Eliane, além das boas perspectivas de futuro, a empresa conseguiu afirmação porque o segmento estético é um dos mais promissores. Para ela, o serviço oferecido na clínica é um dos diferenciais e pode ser considerado preponderante para a manutenção do negócio. "Acredito que nessa área o crescimento está acontecendo dia a dia e, para um negócio dar certo, é importante a seriedade e mostrar resultados para seus clientes".

Desemprego e oportunidade

Para o estrategista e gestor empresarial Jean Crouzillard, o aumento nos índices de desemprego é o principal responsável pela criação de novas empresas durante a crise da Covid-19. "Antes da pandemia existiam 12,1 milhões de desempregados. Atualmente, esse número ultrapassa 14 milhões. Estamos falando de queda média na renda em torno de 5%. Portanto, o aumento do desemprego é o fenômeno que contribuiu para o aumento do número de empresas no estado de São Paulo", explica.

Segundo Crouzillard, alguns riscos mais latentes, como a baixa na circulação de valores no mercado, pode influenciar na instabilidade de um novo empreendimento em um tempo pandêmico. "Investir em um novo negócio, neste momento, requer ousadia, produtos ou serviços diferenciados, já que, ao contrário, se encontrará no mercado uma concorrência estabelecida", declara. "As pessoas devem buscar segmentos carentes de serviços diferenciados ou outros com demanda crescente, como as áreas de saúde e estética, por exemplo", complementa.

Para o especialista, uma estratégia de boas perspectivas é a criatividade em relação ao uso de serviços digitais para o comércio e divulgação das marcas. "É notório o crescimento constante na venda de serviços digitais. No entanto, como em qualquer nicho de mercado, é fundamental conhecer o segmento no qual se está investindo, para poder se consolidar no mercado", afirma.

Segundo Crouzillard, a consolidação de um negócio pode demorar, mas o senso de responsabilidade dos proprietários pode ser um fator determinante para que a empresa se mantenha estável. "Durante uma crise, estarão em vantagem empresas que souberem reduzir custos sem se endividare. É preciso manter a geração de caixa, ainda que pequena, mesmo tendo o empresário que reduzir seus custos pessoais", finaliza.

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