Contágio consegue estabelecer a tensão que dá seu tom desde o primeiro minuto de exibição. É com um pé no real e um no espetáculo que costuma ser montado em volta de grandes casos de doenças desconhecidas e fatais que o longa estabelece a sua narrativa.
O enredo é simples, mas eficiente: um vírus novo e totalmente desconhecido passa a atacar e assustar a população. Assim como poderia se esperar, o início do filme se passa em um aeroporto – local ideal para que o tal vírus seja espalhado por diferentes cidades e países. No início, trata-se de um contágio rápido, mas relativamente pequeno, entretanto a situação se agrava e a velocidade de contaminação toma enormes proporções. Dessa maneira, o longa passeia por diversas questões relacionadas a uma epidemia e ao que uma situação extrema como essa pode despertar no ser humano. Ou seja, não se trata apenas de um filme eletrizante de uma corrida contra o tempo em busca de uma cura, mas também de uma obra que pretende despertar discussões relacionadas à natureza humana e que também levanta questionamentos relacionados à manipulação da informação. Aspectos esses bem dosados e devidamente equilabrados.
##RECOMENDA##Assim como de costume Steven Soderbergh trabalha com um grande elenco. Dessa vez fazem parte da produção nomes como Matt Damon, Marion Cotillard, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Kate Winslet e Laurence Fishburne. Cada um representando diferentes questões como por exemplo: um pai que perdeu parte da família e pretende fazer tudo o que puder para salvar a única pessoa que lhe resta, sua filha; um jornalista freelancer que alia a vontade de desvendar a verdade e a de fazer dinheiro; uma especialista extremamente dedicada mais preocupada com a situação da população do que com o seu próprio bem estar e assim por diante. Várias facetas despertadas a partir de um problema comum. Um roteiro com tantos fios e pontas pode se perder facilmente. Felizmente, não é o caso. O experiente Soderbergh (Traffic/ 2000 e Full Frontal/ 2002) entrega uma história ampla, completa e muito bem amarrada. Personagens e enredos paralelos não se perdem e o espectador tem o prazer de acompanhar suas respectivas resoluções. É bem verdade que o tempo de tela não se mostra proporcional, mas todos recebem seu desfecho.
Impossível assistir ao filme sem recordar do relativamente recente boom da gripe H1N1. Naturalmente, salvo as devidas proporções, mas o paralelo entre as epidemias que assolam o mundo e aquela retratada por Contágio não passa em branco. O filme reflete ainda o impacto de notícias como essas na sociedade, que acaba sendo bombardeada praticamente 24 horas por dia com a mesma situação para, em seguida, passar para o próximo desastre bombástico da semana. Afinal, a vida tem que continuar de alguma maneira, não é? Essa lógica e a sua tensão decrescente marcam presença no longa que segue a mesma proposta.
Outro ponto importante diz respeito a uma questão que vai além do filme em si: a campanha de divulgação que, além de posters simples, mas eficazes, (cada vez mais raros) contou ainda com um outdoor especialmente criado para o filme feito com fungos e bactérias. Vale a pena conferir.
Em um ano de lançamentos fracos como 2011 tem se mostrado, Contágio consegue algum destaque uma vez que alia propostas diferentes em um filme bastante comercial que é bem estruturado e amarrado.
Contágio (Contagion/ 2011/ 105min)
Roteiro: Scott Z. Burns
Direção: Steven Soderbergh
Atores: Matt Damon, Marion Cotillard, Gwyneth Paltrow, Jude Law, Kate Winslet, Laurence Fishburne, Bryan Cranston.
Onde assistir:
Boa Vista 3 | 14h10, 16h25, 18h40, 21h
Box 12 | 14h35, 16h50, 19h05, 21h25
Plaza 1 | 14h25, 16h45, 19h10, 21h40, 23h59
Recife 8 | 13h45, 16h10, 18h35, 21h, 23h25
Tacaruna 1 | 13h, 15h15, 17h30, 19h45, 22h