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O "Ocean Viking", um navio de resgate da ONG europeia SOS Méditerranée, resgatou outros 88 migrantes no mar nos últimos dias, depois de ter socorrido 44 pessoas na última quinta-feira, disse a organização no domingo.

Com um total de três operações desde quinta-feira, com quatro barcos resgatados, o "Ocean Viking" ajudou 132 pessoas no total, entre elas 9 mulheres e 40 menores, informou um porta-voz da SOS Méditerranée.

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Esses resgates, que ocorreram principalmente em uma zona de busca e salvamento perto de Malta, na costa da Líbia, incluíram três barcos de madeira e um de fibra de vidro, que tinham sido infiltrados por água e combustível.

Entre os resgatados estão líbios, sudaneses do sul, egípcios, gambianos, tunisianos e sírios.

Em 1º de maio, o "Ocean Viking" desembarcou na Sicília, na Itália, 236 migrantes resgatados do Mediterrâneo.

Depois, o navio passou várias semanas em um dique seco em Nápoles para fazer reparos.

Recentemente, a ONU solicitou que a Líbia e a União Europeia (UE) reformem suas operações de busca e resgate no Mediterrâneo, alegando que suas práticas atuais privam os migrantes de seus direitos e dignidade, quando não os levam à morte.

Desde o início de 2021, 866 migrantes perderam a vida tentando cruzar o Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM, uma agência da ONU).

A SOS Méditerranée afirma, por sua vez, ter ajudado mais de 30.000 pessoas desde fevereiro de 2016, primeiro com o navio "Aquarius" e depois com o "Ocean Viking".

Os líbios celebram nesta quarta-feira o 10º aniversário da revolução que derrubou Muamar Khadafi em 2011 e que, desde então, deixou o país afundado em uma guerra civil.

Um acordo político assinado em 5 de fevereiro provocou, no entanto, a esperança de pacificação do país, que conta com as maiores reservas de petróleo do continente africano.

Nas principais cidades da Tripolitânia, a grande região oeste, as autoridades locais planejam várias cerimônias, com discursos, música e fogos de artifício.

O líder do Governo de Unidade Nacional (GNA), Fayez al Sarraj, reconhecido pela ONU, acompanhou na terça-feira à noite (16) na Praça dos Mártires de Trípoli a cerimônia que acendeu a tocha para as celebrações oficiais.

Apesar das restrições sanitárias contra a covid-19, centenas de pessoas compareceram ao evento com bandeiras e cantaram músicas patrióticas.

As principais celebrações acontecerão nesta grande esplanada no coração da capital, antes chamada "Praça Verde" e onde Khadafi gostava de pronunciar discursos.

Na terça-feira também foi organizado um primeiro desfile militar em Tajura, nas proximidades de Trípoli.

Nos últimos dias, a capital do país, que tem quase metade da população líbia, passou por reformas, e as ruas receberam faixas, arcos luminosos e decorações.

As fachadas das casas foram pintadas e equipes da Companhia Nacional de Obras Públicas reforçaram os sinais de trânsito nas ruas e substituíram os semáforos.

Nas esquinas, os vendedores ambulantes oferecem balões com as cores nacionais e a bandeira da independência da Líbia de 1951, assim como a bandeira berbere, emblema cultural e identitário de parte da população líbia.

As autoridades do leste do país, região controlada pelo marechal Khalifa Haftar, não anunciaram nenhum evento, nem mesmo em Benghazi, berço da revolução e segunda maior cidade do país do norte da África.

- "Catástrofe" -

"Sair para celebrar o aniversário da revolução seria uma loucura, porque esta revolução foi uma catástrofe que desperdiçou anos de estabilidade", afirmou Jamis Al Sahati, ativista radicado em Cirenaica, a grande região leste do país.

Dez anos depois da revolução e da intervenção de apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que terminou em outubro de 2011 com a morte do "Guia" Khadafi, a Líbia permanece dividida entre dois poderes antagônicos e sofre com a interferência estrangeira.

"Ainda não se fez justiça para as vítimas de crimes de guerra e graves violações de direitos humanos, incluindo assassinatos, desaparecimentos forçados, torturas, deslocamentos forçados e sequestros cometidos por milícias e grupos armados", lamentou na terça-feira a organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional.

O dia a dia dos líbios foi marcado durante anos pela falta de dinheiro e de gasolina, por cortes de energia elétrica e por uma inflação galopante.

Instalado em Trípoli em 2016 após a mediação da ONU, o GNA tem o forte apoio da Turquia.

O governo opositor, liderado por Haftar e estabelecido em Cirenaica, tem o apoio dos Emirados Árabes Unidos, do Egito e da Rússia.

Após o fracasso da ofensiva de Haftar para tentar controlar Trípoli em 2020, foram registradas várias tentativas de mediação. A ONU conseguiu em outubro um acordo de cessar-fogo que, ao contrário dos anteriores, é respeitado.

As negociações entre as forças líbias nos últimos meses terminaram em um acordo para a organização de eleições presidenciais em dezembro de 2021.

Em 5 de fevereiro, foi designado um governo de transição, liderado pelo primeiro-ministro interino, Abdul Hamid Dbeibah, e um Conselho Presidencial transitório encabeçado por Mohamed al Menfi.

Brasília – O Conselho Nacional de Transição (CNT) da Líbia recusou hoje (22) entregar Seif Al Islam, filho do ex-presidente líbio Muammar Khadafi, ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

O ministro da Justiça e Direitos Humanos da Líbia, Mohammed Allagui, disse que as autoridades não entregarão Islam durante reunião com o procurador do TPI, Luis Moreno-Ocampo. “Não vamos entregá-lo”, disse.

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Moreno-Ocampo está em Trípoli, capital líbia, para reuniões com as autoridades do país sobre os julgamentos de Islam e do ex-chefe dos Serviços Secretos da Líbia Abdallah Al Senoussi, cuja captura não foi confirmada. Islam foi detido no dia 19 na fronteira com o Níger.

“[O julgamento de Islam] é da competência da Justiça líbia. É uma questão que diz respeito à nossa soberania, ao nosso território e ao nosso povo”, disse o ministro líbio. Allagui acrescentou ainda que não foi concedida autorização a  Moreno-Ocampo para se reunir com Islam.

Em decorrência de uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a Líbia está obrigada a cooperar com o TPI. Mas a medida não inclui os julgamentos. O assunto gera polêmicas porque organizações não governamentais temem a falta de isenção no julgamento de Islam e Senoussi – ambos são acusados de inúmeras violações de direitos humanos.

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