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Relatores da Organização das Nações Unidas (ONU) pediram, através de comunicado, a Lula (PT), agora presidente eleito, que algumas das iniciativas feitas pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, de Damares Alves sejam revogadas a partir do próximo ano no que se refere aos direitos das mulheres. O documento, emitido nesta sexta-feira (4), solicita que o petista “revogue a lei de alienação parental e a restabelecer o acesso efetivo das mulheres e meninas aos direitos sexuais e reprodutivos”. 

O comunicado também pede que o governo “ofereça meios legais e eficazes para a interrupção da gravidez”, além da inversão dos cortes no orçamento federal “para atividades e programas dedicados a pôr fim à violência contra as mulheres e a duplicar os esforços de prevenção da violência contra as mulheres e meninas”, sobretudo às que foram expostas à violência. 

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A solicitação veio num momento de críticas da ONU em relação às políticas de direitos humanos do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). A pasta liderada por Damares tomou medidas que, para os especialistas da ONU, dificultou o acesso ao aborto legalmente previsto na Constituição brasileira. Os cortes em áreas de proteção às mulheres também chamaram atenção. 

Segundo o Uol, o documento é assinado por Reem Alsalem, relatora especial da ONU sobre violência contra as mulheres e meninas, suas causas e consequências; Dra. Tlaleng Mofokeng, relatora especial da ONU sobre o direito ao mais alto patamar de saúde física e mental; Dra. Dorothy Estrada-Tanck, coordenadora-relatora do grupo de trabalho sobre discriminação contra mulheres e meninas; Dr. Victor Madrigal, especialista independente da ONU sobre proteção contra a violência e discriminação baseadas em orientação sexual e identidade de gênero.

 

Alienação parental 

A alienação parental também é um tema destacado pelos especialistas, que pedem a revogação de uma lei que pode levar à discriminação contra mulheres e meninas em disputas nos tribunais de família. “Hoje apelamos ao recém-eleito Governo do Brasil para que aumente os esforços para terminar com a violência contra mulheres e meninas. Apelamos ao fim da continuação da aplicação do conceito de alienação parental e de outros conceitos análogos em casos de violência e abuso doméstico, que penalizam as mães e as crianças do Brasil”. 

Para eles, a lei sobre alienação parental de 2010 defende o conceito como “a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob autoridade, guarda ou vigilância, para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou manutenção de vínculos como este”. 

Sendo assim, na concepção dos relatores da ONU, os tribunais de família rejeitam regularmente as alegações de abuso sexual das crianças apresentadas pelas mães contra os seus pais ou padrastos.

Com 98,95 % das urnas apuradas, com 59.63.140 votos, num pleito apertado, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é eleito 39º presidente da República neste segundo turno das eleições, aos 77 anos, numa chapa composta por Geraldo Alckmin (PSB) na vice-presidência. Esta será a terceira vez que Lula será presidente do Brasil. O então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), perdeu com 57.675.427 votos. 

A última pesquisa divulgada antes da votação, no sábado (29), mostrou Lula liderando com 50,53% dos votos, ante 49,47% de Bolsonaro.  

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O democrata foi presidente do Brasil pela primeira vez no período de 2003-2006, com José Alencar como vice-presidente, e foi reeleito presidente da República e cumpriu o segundo mandato no período de 2007-2011, também ao lado de José Alencar.

Pernambucano, natural de Garanhuns, Lula foi metalúrgico e líder sindical antes de entrar na política propriamente dita. Ele comandou greve de operários em São Bernardo do Campo, em São Paulo, durante o período da ditadura militar. Fundou o Partido dos Trabalhadores em 1980, quando entrou na política e foi eleito deputado federal por São Paulo. Chegou a concorrer à Presidência três vezes antes de ser eleito: em 1989, 1994 e 1998.

Marcas do governo

O governo do petista foi marcado, principalmente, por políticas sociais e inclusão social, com o programa Bolsa Família, Luz Para Todos, Brasil Sorridente. Foi Lula quem criou o maior programa de habitação da história: o Minha Casa, Minha Vida, lançado em 2009. Mesmo sem diploma, Lula foi o presidente que mais investiu em educação e fez com que o pobre tivesse acesso ao ensino superior e fizesse faculdade. Também o crescimento da economia com maior poder de compra da população, a criação de 15 milhões de empregos formais. Investimento em agricultura familiar, no combate ao desmatamento e proteção ao meio ambiente. 

Escândalos de corrupção também marcaram o seu governo. No entanto, Lula deixou o Palácio do Planalto com 87% de popularidade, segundo dados do Ibope de dezembro de 2010, último ano do segundo mandato. Desta forma, ele conseguiu eleger a sua sucessora, a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), que também teve dois mandatos, mas sofreu impeachment e o seu vice-presidente, Michel Temer (MDB), assumiu. 

Janja, a primeira-dama 

Lula e a socióloga Rosângela Silva, mais conhecida como Janja, casaram-se em maio deste ano, mas se conhecem há décadas e iniciaram o relacionamento no final de 2017, durante um evento que reuniu artistas e ativistas de esquerda. 

O relacionamento se manteve em sigilo até maio de 2018, quando Lula já estava preso há mais de um ano, e foi explanado pelo economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro de Fernando Henrique Cardoso, em publicação no Facebook após visitar Lula na cadeia, em 19 de maio de 2019. “Está apaixonado e seu primeiro projeto ao sair da prisão é se casar”, escreveu. 

Além de esposa do petista, Janja é uma das assessoras da sua equipe e por todo canto que Lula passa, faz questão de mencionar o quanto está apaixonado por ela. 

Janja estudou na Universidade Federal do Paraná (UFPR) entre 1990 e 1994, fez especialização em história na mesma instituição e em gestão social e desenvolvimento sustentável pela Universidade Positivo. Ela é filiada ao PT desde 1983. 

Operação Lava Jato 

Depois de deixar o governo, Lula teve o nome ligado à Operação Lava Jato, comandada pelo então juiz Sergio Moro, o petista foi preso em 2018, em Curitiba, após julgamento em segunda instância. Ele passou 580 dias preso na sede da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, foi solto em novembro de 2019, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que um condenado só pode ser preso após trânsito em julgado, ou seja, fim da apresentação de todos os recursos. No seu discurso depois da soltura, Lula afirmou sair sem ódio. “Aos 74 anos meu coração só tem espaço para amor, porque é o amor que vai vencer neste País”. 

As condenações contra o petista foram anuladas no STF por erros processuais e alguns dos crimes prescreveram. Inclusive, a Organização das Nações Unidas (ONU), através do Comitê de Direitos Humanos, reconheceu que Lula teve seus direitos políticos violados pela forma como foi conduzida a investigação e o processo penal contra ele na Lava Jato. 

 

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