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O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta terça-feira que a Casa "saberá o que fazer" quando chegarem as comunicações de perda de mandato dos condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão. Sem dar detalhes, Alves ressaltou que essa fase ocorrerá apenas depois dos recursos.

"A Casa não vai se pronunciar agora. Tem que concluir o processo, tem que analisar", disse. "Do que eu já declarei não há nenhuma novidade. Agora é aguardar a finalização do Supremo e essa Casa saberá o que fazer, como o Supremo está sabendo também o que fazer. Cada um sabe o que fazer na sua área, respeitando a Constituição", complementou.

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A questão da perda de mandato dos condenados já levou a ruídos entre a Câmara e o STF no final do ano passado. O então presidente, Marco Maia (PT-RS), defendia que cabe à Casa dar a última palavra sobre o destino dos condenados em votação secreta. O STF, porém, entende que sua definição não pode ser submetida ao "poder político" e que a Câmara deve apenas decretar a perda dos mandatos.

O atual presidente, Henrique Eduardo Alves, já deu declarações contraditórias sobre o tema. Seu último pronunciamento, porém, havia sido que a Casa analisaria apenas aspectos formais do tema.

O PT não vai aplicar o Código de Ética para expulsar os réus do partido condenados no processo do mensalão e avalia que a última palavra sobre a perda do mandato dos parlamentares cabe à Câmara dos Deputados, e não ao Supremo Tribunal Federal (STF). No primeiro dia de reunião do Diretório Nacional do PT, nesta sexta-feira (7), petistas criticaram o que definiram como "excessos" do Supremo e cobraram o mesmo julgamento para o "mensalão mineiro", que atinge o PSDB.

Condenado a dez anos e dez meses de prisão, o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu foi o único dos réus petistas a participar do encontro. Se o Supremo decidir que cabe à Justiça decretar a cassação, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) perderá o mandato. Além disso, o ex-presidente do PT José Genoino, hoje suplente, não poderá assumir a vaga de deputado federal, em janeiro de 2013. Cunha e Genoino também foram condenados pelo STF.

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"O fato de Dirceu e outros companheiros terem sido condenados não significa que o PT os esteja condenando", disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). Produzido após o escândalo do mensalão e tendo como um dos redatores o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o Código de Ética do partido prevê a expulsão de filiados envolvidos em escândalos de corrupção e condenados em última instância pela Justiça.

"É ao PT que cabe o direito de defesa dos acusados, com comprovação das denúncias, porque o Supremo não permitiu isso", criticou Benedita. "Nós estamos tristes e lamentamos o formato do julgamento por parte do Supremo, que não levou em conta provas. Houve muito exagero", disse o deputado André Vargas (PR), secretário de Comunicação do PT. Para Vargas e Benedita, "não faz sentido" o Supremo decidir sobre a perda de mandato dos parlamentares. Há divergências sobre o tema entre o relator do processo, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski. Além de Cunha e de Genoino, hoje suplente, foram condenados os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT).

"Estamos falando de competência, de quem é eleito para julgar. Essa é uma decisão política. Quem julga mandatos somos nós, que estamos no Congresso", insistiu Benedita. Na avaliação do secretário de Comunicação do PT, 2012 foi um ano de vitórias para o partido - com a conquista de 612 prefeituras, incluindo na lista São Paulo, o maior colégio eleitoral do País -, mas também de "dor e dificuldades", por causa do julgamento do mensalão. "Agora estamos na fase de superação", resumiu Vargas.

A Câmara dos Deputados promove nesta quinta-feira, em sessão solene, a devolução simbólica dos mandatos dos 173 deputados federais que tiveram os mandatos cassados no período do regime militar (1964-1985). Desse grupo, 26 estão vivos e 17 confirmaram presença na cerimônia, segundo informações do cerimonial do Legislativo.

Familiares dos parlamentares mortos foram convidados para participar da sessão, que começa às 15 horas. Representantes da Comissão Nacional da Verdade também estarão presentes.

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Os militares começaram a cassar os opositores do regime autoritário logo após sua implantação. O Congresso chegou a ser fechado em três ocasiões.

A primeira lista de cidadãos que tiveram direitos políticos cassados foi anunciada no dia 10 de abril de 1964. Continha 102 nomes, dos quais 41 eram deputados federais. Da primeira lista faziam parte Rubens Paiva, Almino Affonso e Plínio de Arruda Sampaio, que apoiavam o governo deposto de João Goulart. Os dois participarão da cerimônia de hoje. A maior parte das cassações ocorreu por meio do Ato Institucional n.º 5, editado em dezembro de 1968. Da longa lista dos punidos também fizeram parte Mário Covas, Leonel Brizola, Ivete Vargas, Chico Pinto e Alencar Furtado.

Ao analisar a lista, a deputada Luiza Erundina, presidente da Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, observou que parte significativa dos cassados exercia o primeiro mandato. "Eram os mais idealistas, os que tinham menos medo e que disseram não ao autoritarismo", assinalou a deputada.

A homenagem não distingue parlamentares que tiveram o mandato cassado por oposição daqueles que perderam o mandato sob suspeita de corrupção. "O que imperava nas cassações era o arbítrio, a ausência de qualquer participação do parlamento nas decisões", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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