O mercado futuro de juros repercute nesta quarta-feira declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre o reajuste do preço da gasolina. O ministro disse que não é "oportuno" falar de novo aumento, mas sinalizou que a política de preços para os combustíveis pode mudar. A fala de Mantega renova as preocupações com a inflação e, assim, faz com que os juros futuros iniciem o dia em alta.
A informação de que o governo vai flexibilizar a meta fiscal em 2013 contribui para esse movimento. Mas o rumo dos negócios ao longo do dia também depende da divulgação de dados de atividade.
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"Apesar de o ministro ter descartado novo aumento dos combustíveis agora, até porque um reajuste acabou de ser concedido, o fato de ele falar que estarão mais atentos ao petróleo no mercado internacional mantém as taxas futuras pressionadas", diz o gerente de renda fixa da Lerosa Investimentos, Carlos Fernando Vieira. Ele acrescenta que a informação sobre a flexibilização da meta fiscal, embora traga mais clareza diante de críticas sobre manobras fiscais, "é outro indício de que o governo pode estar menos preocupado com a inflação e mais com o crescimento, o que adiciona pressão à curva de juros".
Na noite de terça-feira (05), Mantega afirmou que a tendência é que novos reajustes nos preços dos combustíveis acompanhem mais de perto a variação da cotação do barril de petróleo no mercado internacional. "Nós procuraremos estar mais colados à variação de preços do barril de petróleo lá fora para que não haja, digamos, nenhum prejuízo para a Petrobras". No entanto, evitou dizer quando ocorreria um novo reajuste. "Nós acabamos de dar um aumento para a gasolina, portanto, não me parece oportuno falarmos de um novo aumento".
Meta fiscal
Quanto à meta fiscal, o governo criará um novo mecanismo que permitirá contabilizar até R$ 20 bilhões das desonerações de impostos como parte do superávit primário. Formalmente, manterá o compromisso de fazer um esforço fiscal de R$ 155,9 bilhões, ou 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB). Porém, com o novo artifício, o governo poderá poupar até 41,8% menos do que o previsto e, ainda assim, terá cumprido legalmente o esforço fiscal prometido.
Segundo o ministro da Fazenda, as desonerações constituem "gastos tributários". "A meta de 3,1% do PIB é importante, vamos continuar a contenção, mas poderemos flexibilizar quando houver investimento. Agora, pedimos ao Congresso um limite adicional para o caso de fazermos desoneração. Isso mantém o espírito e faz parte do momento", afirmou Mantega.
Novos dados>/b>
Ainda na manhã desta quarta serão divulgados números sobre o Nível de Utilização da Capacidade da Indústria (Nuci) em dezembro e no acumulado de 2012, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), às 11 horas, e dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sobre a produção automobilística em janeiro, no mesmo horário. Para o Nuci, a previsão é que termine dezembro entre 81,20% e 81,90%, com mediana de 81,40%, segundo levantamento do AE Projeções. Às 12h30, o Banco Central revela o Índice de Commodities (IC-Br) referente ao mês passado.
"Os juros futuros ficam atentos aos números da CNI, que devem apontar nova alta do Nuci, e da Anfavea, com perspectiva de um mês de janeiro positivo. Com isso, os dados forneceriam suporte às altas recentes dos DIs", diz o economista Silivio Campos Neto, da Tendências Consultoria, no serviço online da empresa.
Já a inflação percebida pelas famílias de baixa renda, divulgada mais cedo, acelerou de 0,76% em dezembro para 0,98% em janeiro, conforme o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O indicador mensura o impacto da movimentação de preços entre famílias com renda mensal entre 1 e 2,5 salários mínimos. Em 12 meses, a alta acumulada é de 7,03%.
Às 9h25, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2014 projetava taxa de 7,29%, ante 7,28% no ajuste de terça-feira (05); o DI com vencimento em janeiro de 2015 marcava 8,05%, de 8,02% na véspera; e o contrato para janeiro de 2017 tinha taxa de 9,04%, ante 9,00% no ajuste anterior.