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A vida profissional é um marco importante para jovens e adultos, que trilham uma carreira bem sucedida. Porém, muitas vezes a ascensão depende de inúmeros fatores: cursos, especializações, mestrado e qualificações são alguns deles. Mas, um dos aspectos importantes para desenvolvimento é o autoconhecimento, além das escolhas e posição do profissional como cidadão, que podem ser influenciadas diretamente ou não durante a trajetória da vida educacional.

Mesmo com toda a preparação profissional e educacional, atitudes preconceituosas desmerecem a posição de alguns trabalhadores. Uma delas, o racismo institucional, começa inclusive na escola e acompanha a pessoa de pele escura até a vida adulta. “Por muito tempo eu acreditava que poderia fazer parte do mundo acadêmico. Com quase 30 anos eu me encontrei, me reconheci negro e consegui provar para mim mesmo que podia tudo”, fala o educador da Fundação de Atendimento Socioeducativo, Carlos Tomaz, 46 anos, que revela também que desde criança sofria com o racismo institucional.

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De acordo com o historiador Alexandre L’Omi L’Odò , essa é uma realidade camuflada, mas que infelizmente está presente em vários setores, como na educação, na religião, na saúde e em todas as instituições públicas e privadas. “Quando você vê um anuncio de emprego sinalizando que o candidato deve ter boa aparência e citando algumas características, indiretamente, ele está praticando o racismo institucional”, diz o educador. 

Com essas dificuldades, o desenvolvimento intelectual e consequentemente o profissional retardam e ratificam as estatísticas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgadas em 2014. O levantamento mostra que 48% dos trabalhadores brasileiros são negros, porém a média salarial deles é 36,1% menor que os brancos. Essa é a realidade de mais de 50% da população brasileira, que é formada por negros.

Quem já sofreu esse tipo de preconceito foi Edson Axé, coordenador estadual da Rede Nacional de Negros e Negras LGBT em Pernambuco. Para ele, o racismo institucional acompanha toda a vida do negro. Axé passou pela Polícia Militar de Pernambuco e afirma ter vivido uma situação racista na instituição. 

“Mesmo sendo da corporação, fui revistado de forma racista pelo tenente coronel, e, quando fui ao batalhão questionar, o capitão disse: entre a rocha e a maré, quem se dá mal é o siri”, desabafa Axé. Diante desses acontecimentos na vida profissional, o coordenador revela que encontrou um senso de justiça e faz disso o seu alicerce para lutar pela paz e pela igualdade. Formado em recursos humanos, Edson Axé revela que em várias entrevistas para emprego há muito preconceito. “Quando dois candidatos empatam, muitas vezes o que se destaca é o indicado por alguém da empresa ou pela beleza, considerada pelo recrutador”, falou.

Para combater o racismo institucional, o movimento negro tenta desconstruir esse preconceito que está camuflado em várias esferas da sociedade. Um exemplo é a implementação da lei 11645/08, que foi alterada para 10639/03, que determina o ensinamento da história da África no nível fundamental.

Sentindo na pele o preconceito - Uma sala repleta de alunos, dentre eles, Carlos e Luiz, ambos tinham praticamente o mesmo desenvolvimento nas atividades, porém, apenas Luiz era destacado pela professora. Isso fez com que Carlos desejasse ser um dia "Luiz". Esse foi o inicio da história de Carlos Tomaz - educador -, que se formou após os 30 anos de idade, porque não acreditava que pertencia ao mundo da academia e que aquilo não seria para ele. “Eu queria ser o Luiz, garoto de pele, cabelos e olhos claros”, relata Carlos Tomaz durante entrevista ao LeiaJá.  Assista o depoimento do entrevistado:

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