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Nesta terça-feira (11) acontece a partir das 19h, a primeira vivência percussiva com o Mestre Zé Negão. O encontro faz parte do projeto KANdubLÉ: Tambores tradicionais aos tambores digitais e ocorrerá no Canto das Memórias, localizado na rua Lucionise Moura de Melo, 5 - João Paulo II, Camaragibe - PE. O projeto nasceu com a  proposta de fundir os tambores sagrados do candomblé de Pernambuco com batidas adubadas com dub e beats digitais. 

A iniciativa é realizada pelo Coletivo Olódùmarè, com a produção da LAIA (Laboratório de Intervenções Artísticas), incentivo do Funcultura e parceria do coletivo Orê Produções. 

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Nesta primeira fase do projeto, acontecerão encontros na Região Metropolitana do Recife e irão passar por terreiros de Mestras e Mestres da cultura popular e dos terreiros de candomblé do estado. Participam nesta primeira fase, a Yalorixá e Mestra, Mãe Maria Helena de Oyá e o Mestre e Axogum Tonzinho. 

PRÓXIMAS VIVÊNCIAS

Mestre Axogun Tonzinho 

Data: 12/04 

Local: Ilê Omo Òrìsà Nanan Burúkú 

Horário: 19h

Endereço: Rua Ipanema, nº 85, Sapucaia - Olinda - PE

Mestra Mãe Maria Helena Sampaio 

Data: 15/04

Horário: 10h

Local: Ilê Obá Aganjú Akoloya (Terreiro de Mãe Amara)

Endereço: Rua das Águas Verdes, nº 58, Pátio de São Pedro - Recife - PE

EP em Licença Livre

A cada novo encontro, novas possibilidades de sons e ritmos. Os resultados de cada encontro serão gravados e por fim ‘Adubados’ e mixados. O EP ficará disponível para a reprodução gratuita em licença livre, permitindo o uso e mixagem das faixas, desde que o artista que utilizar a obra, disponibilize o seu conteúdo final também em licença livre. 

SERVIÇO - Mestre Zé Negão ministra vivência percussiva no projeto KANdubLÉ

Data: 11/04

Entrada: Gratuita

Informações: (81) 97906-5749 - Marcone da Laia

 

*Via assessoria de imprensa. 

O próximo sábado (14), será de muito coco em Camaragibe com mais uma edição da Sambada da Laia. Comemorando o aniversário da Mestra Fátima, integrante do coletivo Laia, a festa contará com as participações de Mestre Zé Maria, Dona Del do Coco, Afoxé Oyá Tokolê e, do anfitrião, Mestre Zé Negão, além de outros expoentes da cultura popular. A sambada acontece no espaço Canto das Memórias Mestre Zé Negão, às 17h. 

A Sambada da Laia é uma ação cultural que celebra a cultura popular tradicional como elemento de preservação da memória e identidade da cidade de Camaragibe. Esta edição faz parte de um ciclo de um ano de atividades do coletivo Laia, que recebeu apoio do Funcultura. Para o primeiro semestre do próximo ano, já estão programadas algumas atividades como rodas de diálogo. 

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A festa acontece no espaço Canto das Memórias Mestre Zé Negão e vai comemorar o aniversário da Mestra Fátima, que tem um longo histórico de atuação na comunidade. Artesã e costureira, ela vem promovendo, desde a década de 1980, a transmissão desses saberes através de cursos e oficinas para os moradores da região. 

Serviço

Sambada da Laia - aniversário da Mestra Fátima

Sábado (14) - 17h às 21h

Canto das Memórias Mestre Zé Negão (Rua Lucionise Moura de Melo, 05 – João Paulo II – Camaragibe)



 

A vida não era fácil no município de Goiana, Mata Norte de Pernambuco, quando José Manoel dos Santos nasceu, no ano de 1950. E continuou difícil enquanto o garoto crescia em meio ao trabalho pesado do corte da cana na Usina Maravilha. Para aliviar as agruras da existência, ele ia 'espiar' os cocos, maracatus e cirandas que aconteciam na região. Mal sabia ele que ali estava se formando um mestre Griô, hoje um dos mais importantes da cultura popular pernambucana e o único a levar adiante a tradição do coco de senzala, variação do ritmo oriunda dos negros escravizados. 

Foi vendo, ouvindo e observando, "de mutuca", como conta, que o mestre aprendeu sobre cultura popular. Naquele tempo, admirar era tudo quanto lhe cabia: "Porque os velhos, eles são fechados para os jovens. No lugar que tinha dois velhos conversando um jovem não chegava no meio não, só se ele chamasse. Eu ficava de mutuca, tudo eu me admirava, agora, não me envolvia não, porque o menino pra se envolver em qualquer coisa, só se um velho levasse", relembra. 

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E foi através de alguém mais velho que Zé Negão subiu ao palco para cantar pela primeira vez. Sua Tia Armira o levou para uma festa em Ponta de Pedra e lá ele fez sua estreia, cantando seis cocos. Da plateia, veio uma reclamação misturada com conselho de um emissor um tanto duvidoso. Um homem que, segundo o mestre, estava visivelmente embriagado, desaprovou o repertório escolhido pelo coquista, feito com "coisas dos outros" e deixou o recado: "Se aprume, meu fio, você tem veneno". 

Zé Negão, então, se 'aprumou'. Mas até chegar ao patamar de mestre passou por muitos bocados. A princípio, para desenvolver sua própria arte: "Comecei a fazer meus coquinhos, mas mesmo assim era aquela dificuldade. Se você não tem um instrumento, um ponto de referência, aí tudo que vai fazer é dificuldade". Ele deixou sua cidade natal e veio para a capital, Recife, trabalhar na indústria. Ele passou 13 anos se dedicando ao trabalho na fábrica de tecido Cotonifício Capibaribe S.A. enquanto o fazer artístico ficou adormecido. Ele criou sua família, perdeu a visão por conta dos produtos químicos usados no então ofício (o mestre tem hoje apenas 10% do olho esquerdo), e quando deixou a fábrica retomou sua real vocação: “Voltei senão eu ia ficar louco”. 

Foi em meados da década de 1980 que Zé Negão deixou a indústria têxtil em direção  à mudança de vida. Primeiro no endereço: o mestre e sua família mudaram-se para Camaragibe em busca de novos ares que pudessem melhorar a saúde de um dos filhos. Lá ele começou a desenvolver diversos trabalhos em prol da comunidade. Ao lado de sua esposa, Mestra Fátima, construiu um posto de saúde, uma escola e, com o projeto Zé Negão, passou a ministrar aulas de  percussão, dança, corte e costura, entre outras atividades. 

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A dedicação à comunidade ganhou outro tom em 2006, quando passou a integrar o Laboratório de Intervenção Artística (Laia), como coordenador e articulador comunitário. Em 2014, fundou em sua própria casa, localizada no bairro de João Paulo II, periferia de Camaragibe, o Espaço Museal Canto das Memórias Mestre Zé Negão, um lugar dedicado à difusão e preservação de seus saberes e que guarda todo o seu acervo, com instrumentos, livros e fotografias. 

O trabalho do mestre é mantido com o dinheiro que consegue arrecadar com cachês, projetos e prêmios como os estaduais Ariano Suassuna e Ayrton de Almeida, e o nacional Culturas Populares, recebidos em 2018. No entanto, é o instinto de resistência que o mantém firme no enfrentamento às dificuldades para continuar na ativa: "Hoje existe uma situação financeira para o artista no Brasil. Quem trabalha com cultura no Brasil toma ‘nó de cana de boca de jumento’ pra poder sobreviver".

No entanto, além da vivacidade e disposição, admiráveis para um senhor de 69 anos, o mestre encontra nos seus pupilos a esperança para o futuro. Ele é acompanhado pelos músicos da Laia, dois deles, Marcone e Patrícia, olham bem de perto pelo o mestre, desde o cuidado em lembrá-lo de tomar água à parte de produção, até o pedido de 'bença' ao encontrá-lo. Ele retribui dividindo o que tem de mais valioso, sua experiência na cultura e na vida: "O meu desejo é que eles tenham muitos anos de vida. Eu posso ir até amanhã, eles vão dar seguimento, já que eu não consegui fazer do meu sangue".

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Sambada da Laia

Também é criação do Mestre Zé Negão a Sambada da Laia, evento que reúne admiradores do coco em Camaragibe há 13 anos. "Essa sambada foi uma loucura que a gente fez", brinca o mestre ao relembrar da primeira edição da festa que aconteceu para marcar a despedida de solteiro de um conhecido.

Deu tão certo que a sambada passou a acontecer uma vez por mês reunindo mestres e mestras do coco e um público cada vez maior. Atualmente, são realizadas seis festas por ano em um novo modelo que procura celebrar os grandes coquistas pernambucanos em seus meses de aniversários.

Em agosto, é a vez de celebrar o próprio Mestre Zé Negão. Filho do "mês do vento", que no próximo sábado (10) comemora seus 69 anos ao lado dos amigos, da esposa, a Mestra Fátima, e de outros mestres como Galo Preto, Juarez, Ulisses e os grupos Chinelo no Chão e Coco Kpoerê, entre outros convidados.

O Mestre Zé Negão, um dos únicos expoentes do Coco de Senzala em Pernambuco, vai celebrar 69 anos de vida com uma grande festa, no próximo sábado (10). Ele recebe convidados, no Canto das Memórias Mestre Zé Negão, localizado em Camaragibe, para uma noite de música ancestral e comemoração. A festa começa às 17h.

O evento também celebra os 16 anos do Laboratório de Intervenção Artística (Laia) - do qual Zé Negão é coordenador desde 2006 -, e os 13 anos da Sambada da Laia, evento mensal com os mestres e mestras do coco tradicional. 

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Estão confirmados para a noite de sambada os mestres Ciriaco; Galo Preto; Zé Maria; Tio Antônio; Antônio; Juarez e Ulisses; além do Maracatu de Baque Solto Cruzeiro do Forte; Lia de Camaragibe, Dona Maria de França; e dos grupos Chinelo no Chão e Coco Kpoerê.

Serviço

Sambada da Laia para Mestre Zé Negão

Sábado (10) - 17h

Canto das memórias Mestre Zé Negão (Rua Lucionise Moura de Melo, 5 - João Paulo II - Camaragibe

Gratuito

 

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