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Enquanto algumas pessoas veem a nudez como um tabu, para um grupo de artistas que desfrutam dos saberes da arte no Centro do Recife, o nu nada mais é do que um instrumento de aprendizado. No tradicional Edifício Pernambuco, localizado na Avenida Dantas Barreto, modelos vivos mantém viva uma atividade histórica e mostram seus corpos despidos para que desenhistas coloquem nas telas e no papel, detalhes da anatomia humana que viram lindas obras artísticas.
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Desde 2013, o “Risco!”, grupo de estudo extensivo ao curso de artes visuais de uma instituição de ensino situada em Olinda, resgatou a atividade de modelo vivo. Porém, a partir do ano passado, o grupo passou a desenvolver atividades de forma autônoma, sem vínculo com a faculdade. Todas as segundas-feiras, artistas, desenhistas, ilustradores, entre outros profissionais, se reúnem para desenhar traços dos corpos e expressões de pessoas nuas, que são justamente os modelos vivos.
“A proposta do projeto é estimular o fazer/pensar o desenho e suas possibilidades enquanto dispositivo de criação na contemporaneidade. O grupo propõe a investigação, o exercício e a sistematização de processos criativos relacionados à expressão gráfica, ao mesmo tempo em que busca estabelecer uma prática cotidiana e integrada com diferentes sujeitos do campo gráfico e do campo performático”, explica a coordenadora do Risco!, Bruna Rafaella Ferrer.
De acordo com a Bruna, o modelo vivo é aquele que geralmente se interessa nas artes do corpo. “Ele presta-se a representar a figura humana como base para estudos e registro em desenho, pintura, escultura, fotografia, performance, entre outras linguagens artísticas. Não existem características físicas determinantes para ser modelo vivo”, explica a coordenadora.
O Risco! conta atualmente com cerca de 20 integrantes. Praticamente todos os modelos possuem uma atividade profissional paralela e os preços das sessões de desenho podem variar conforme o trabalho a ser feito. O grupo estabeleceu uma média de R$ 80 por hora para cada performer, porém, quem optar por uma sessão privada, pode receber uma quantia diferente. De acordo com os integrantes do grupo, em Pernambuco, não existem pessoas que vivem exclusivamente como modelo vivo, uma vez que o mercado, apesar de promissor, ainda não é formalizado.
Vi Brasil (foto abaixo) é uma das participantes do Risco!. Começou a pousar em 1995 com a intenção de “viver a experiência” para contribuir com a arte. Além de modelo vivo, ela é artista visual. Segundo Vi, não existe um padrão de corpo para a modelagem.
“Qualquer pessoa que gosta de arte pode ser modelo vivo. Pode ser qualquer corpo”, explica. No vídeo a seguir, confira depoimentos e pontos de vista de quem desenha e deixa ser desenhado em nome do estudo da arte:
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Apesar de o mercado ainda não ser formalizado, uma boa oportunidade deve surgir para os modelos vivos nas próximas semanas. O Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) promete contratar modelos para contribuir com aulas de desenho do curso disponível na unidade de Olinda. De acordo com o professor da instituição, Ângelo Meyer, será dada prioridade aos estudantes da área de artes, como dança e artes cênicas. Ainda não foi definido o valor a ser pago para os futuros contratados, porém, o IFPE já está realizando uma pesquisa, inclusive fora de Pernambuco, para identificar a média de remuneração dada ao modelo vivo nos outros estados.
O Risco! terá, ainda neste semestre, oficinas para os interessados em se tornar modelos vivos. O grupo ainda não definiu o valor do investimento. Quem quiser conhecer mais a proposta do grupo pode entrar em contato com o telefone (81) 3032-2876. Os encontros ocorrem todas as segundas-feiras, a partir das 19h, no sexto andar do Edifício Pernambuco.