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"Eu só gostaria de proporcionar o melhor para o meu filho, como uma boa instituição de ensino e orientação que atenda as suas necessidades. Muitas vezes, o observo pensativo e não sei o que fazer", desabafa Marinete de Souza, mãe de Gabriel da Silva, de 15 anos, estudante de escola estadual. O jovem detém altas habilidades, ou como denominam popularmente, é superdotado. Ainda de acordo com a genitora, Gabriel poderia ter mais assistência e incentivo. 

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Essa reflexão é um dos inúmeros dilemas relatados por dezenas de pais e responsáveis de crianças e adolescentes superdotados. Muitos não sabem lidar com a situação imposta pelos anseios da sociedade e da educação fornecida. Além dos filhos serem tidos como "diferentes", outros estigmas surgem na vida dos pequenos intelectuais, como preconceito, incompreensão, desenvolvimento precoce e até a perda da infância.

Quem pensa que essa angústia e insegurança são comuns apenas à rede pública de ensino, se engana. Escolas particulares também passam por sérios desafios para atender os alunos superdotados. De acordo com Nielson Bezerra, genitor de Victor Bezerra, de 9 anos, que possui alta habilidade e estuda em uma escola particular, há uma dificuldade dos educadores em receber e lidar com as especificidades dos estudantes.

“Nem os professores e nem as escolas estão qualificados! Muitas dos profissionais sugerem que as crianças pulem etapas, mudando de série, por exemplo. Isso, querendo ou não alimenta um problema social, que afeta, indiscutivelmente, a criança”, opina o pai. Ele lembra também que só permitiu que o filho avançasse de turma apenas uma vez. "Ele é uma criança, acredito que deve conviver com estudantes da mesma faixa etária de idade. Desejo que o meu filho tenha uma vida normal”, comenta.

Bezerra, que é educador do Instituto Federal de Pernambuco, da cidade de Barreiros, no interior pernambucano, ainda declara que a maioria da população acredita que só há pontos positivos em ser precoce ou superdotado. Não é bem assim. O pai elenca várias dificuldades: “A pior coisa para mim foi ver o meu filho sem querer ir ao colégio. Sem gostar de frenquentar, sem ter interesse. Além disso, eles enfrentam os desafios do anseio, da competitividade e de intuitivamente querer assumir o controle da situação, por considerarem mais inteligentes”, lamenta o pai.

Segundo a coordenadora do Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S) - entidade que atende 78 estudantes superdotados, de 3 a 16 anos de escolas públicas e particulares -, Jussara Vieira, a formação dos educadores está ultrapassada. "Os professores devem estar preparados para receber alunos com várias especificidades. Estudantes com qualquer tipo de situação, como deficiência cognitiva ou física e os que possuem altas habilidades", ressalta.

Em entrevista ao Portal LeiaJá, a pedagoga e especialista em educação de alta habilidade, relatou quais as principais dificuldades dos estudantes. Assista ao vídeo abaixo:

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Durante a conversa, Jussara alertou os pais e docentes. “Antes de tudo, as crianças devem ter infância. Esse é a principal preocupação e preservação que os pais devem proporcionar aos filhos. Quanto aos professores, eles precisam reforçar de forma equilibrada as habiliadades de cada criança, além de trabalhar os ascpectos do conhecimento e diferenças", finaliza Jussara.

Convivendo com essa realidade, o estudante com estatura de adolescente e olhar intrínseco de um adulto, Gabriel da Silva, de 15 anos, fala com maturidade das séries que precisou pular, das perspectivas futuras e como ele enfrenta isso. “Na verdade já me acostumei a passar por várias turmas e a realizar atividades com mais agilidade que os colegas. Simplesmente as coisas foram acontecendo e hoje encaro tudo com mais maturidade e firmeza e penso em seguir a área de exatas”, explica o estudante, que atualmente está participando da Olimpíada Brasileira de Robótica, que será realizada no mês de agosto.

A tranquilidade do garoto não é a mesma da mãe. Marinete de Souza explica que se preocupa com as evolução do filho. “Esse ano ele termina o terceiro ano e sinceramente não sei o que fazer. O menino quer trabalhar, mas não pode, por causa da idade, quer fazer algum curso, mas não tenho condições. Sinto-me de mãos atadas!”, fala a genitora que ainda relembra quando e como tudo começou. “Meu filho começou a ler com um ano e quatro meses. O desenvolvimento dele sempre foi excelente, inclusive, em uma das vezes que fui buscá-lo na escola, ele estava dando aula. O governo deveria olhar mais para eles”, opina a mãe.

De acordo com a Secretaria de Educação e Esportes (SEE) de Pernambuco, o Estado dispõe de 500 instituições de ensino voltadas para atendimento de estudantes especiais, que abrangem alunos com deficiência especiais e de altas habilidades. Ainda conforme o órgão, a Secretaria detém 1.072 profissionais especializados nessa área. Conforme dados do ano de 2013, aa rede estadual registrou as matrículas de 25 alunos com altas habilidades. 

Segundo a SEE, convém ressaltar que os professores do ensino regular são orientados a estimular a pesquisa e o desenvolvimento cognitivo dos estudantes. Além disso, o educador precisa ser sensível e perceber de que maneira se manifesta o talento do estudante, e usar isso em favor do desenvolvimento do próprio aluno. Quanto à existência de um programa específico para os estudantes de altas habilidades, a Secretaria informou que esse tipo de projeto ainda não existe.  

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