Tópicos | Nana Caymmi

Nana Caymmi deu uma entrevista 'sincerona', na última quinta (28) e chocou o público. A cantora assumiu seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro, atacou alguns colegas de profissão como Gilberto Gil, Chico Buarque e Caetano Veloso, e soltou farpas até para os filhos, entre eles João Gilberto, e a sobrinha, Alice Caymmi, de quem se ressente por não ter seguido seus passos na música.  

Prestes a lançar um novo disco, aos 79 anos, Nana Caymmi Canta Tito Madi, em que homenageia o compositor falecido em 2018, uma das maiores intérpretes da MPB falou sobre diversos assuntos ao jornal Folha de São Paulo. Entre palavrões e deboches, ela começou a entrevista afirmando seu apoio a Bolsonaro e atacando alguns colegas de profissão: "É injusto não dar a esse homem (Bolsonaro) um crédito de confiança. Um homem que estava fodido, esfaqueado, correndo para fazer um ministério, sem noção da mutreta toda. Só de tirar PMDB e PT já é uma garantia de que a vida vai melhorar. Agora vêm dizer que os militares vão tomar conta? Isso é conversa de comunista. Gil, Caetano, Chico Buarque, tudo chupador de pau de Lula. Então, vão pro Paraná fazer companhia a ele. Eu não me importo".

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Ela também relembrou outras figuras importantes da música brasileira, como Emílio Santiago, a quem descobriu e ajudou em sua carreira. "Eu era cama e mesa com Emílio. Se a bicha não fosse bicha, eu estava casada com ela. Foi uma perda pra mim fo***". Em outro momento, ela falou de Simonal e Elis Regina: "Simonal é referência para alguém? Conheci a arrogância dele, andava com escola. Era muito vaidoso. Vi isso na Elis também. Achavam que Elis era toda aquela santidade; não podia ver uma cantora nova que se arrepiava".

Nem mesmo a família escapou dos comentários diretos de Nana. Ela contou como ficou indignada quando soube que as netas frequentavam os shows do cantor Belo: "Não tenho nada contra a pessoa. Mas, duas bisnetas de Dorival Caymmi! Eu já fazia música com quatro anos. Eu comia a canção popular brasileira e fazia parceria. na música e na cama". Sobre o filho João Gilberto, que tem problemas neurológicos por conta de um acidente de trânsito sofrido em 1989, ela disse que planeja levá-lo ao sítio da família após vender seu apartamento no Leblon, Rio de Janeiro: "Vou vender e torrar o dinheiro. Até eu morrer torro essa po** toda. Minhas filhas que se fo**. Eu não aturei elas? Não estou há 30 anos com esse acidentado? Ele vai ter Pequeri. É onde eu quero que ele fique". A cantora também revelou que João Gilberto adora assistir ao programa de Datena e que ela tem que acompanhá-lo.

Alice Caymmi

Sobre a sobrinha, Alice Caymmi, nana demonstrou ressentimento por ela ter escolhido outros caminhos musicais. Apesar de sempre ter tido a voz e postura comparadas às da tia, Alice ignorou a MPB e se jogou no pop. "Eu tinha muita esperança de que ela fosse pro meu caminho. Achei que Alice ia dar mel, mas não deu".

Nesta sexta (29), após a publicação da entrevista de Nana, Alice fez um desabafo em suas redes sociais. A cantora disse que não aguentaria mais violências: "Nunca pedi aprovação de ninguém, nunca pedi ajuda, nunca pedi um real, mas decido exigir respeito. Não concordo em nenhuma instância com o que pessoas que compartilham meu sangue pensam e fazem. Decidi a partir de hoje não esconder o que tanto me machucou".

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A noite deste sábado (7), no Recife, foi dedicada aos 50 anos de carreira de Nana Caymmi. A cantora se apresentou no Centro de Convenções da UFPE, num show marcado por canções do pai, Dorival Caymmi, e de ícones da música como Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dolores Duran, além de conversa descontraída com o público e humor.

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Anunciada como uma das maiores vozes da MPB, antes de sua entrada no palco, Nana começou sua apresentação com apenas 10 minutos de atraso (às 21h10), tempo para que os últimos fãs atrasados pudessem se acomodar na plateia lotada. Aplaudida pelo público e acompanhada por sua banda, a cantora iniciou o repertório com Medo de Amar, de Vinicius de Moraes.

Em seguida, Nana encarou o drama da letra de Sem Você - de Tom Jobim e também Vinicius, arrancando gritos de “Linda!” de uma fã.  Após agradecer, brincou com o calor. “Tá quente assim mesmo, é?”, perguntou já com o auxílio de um leque nas mãos. A canção seguinte foi Por Causa de Você, mais uma de Tom Jobim.

Dolores Duran foi representada em Ternura Antiga e em Se é Por Falta de Adeus, esta última numa parceria com Tom Jobim. Castigo encerrou o bloco Tom/Vinicius/Dolores, com Nana convocando a plateia para cantar junto, que correspondeu ao chamado e, pela primeira vez desde o início do show, acompanhou a cantora em coro.

O bloco seguinte foi todo de “Seu Dorival”, como Nana preferiu chamar o pai. Canções como Só Louco, Marina, João Valentão, Não Tem Solução e Dora foram algumas das escolhidas pela filha. Nesta última, Nana contou que a composição foi feita para sua mãe, Stella Maris. “Bonito, né? Tenho saudades dele”, foram as palavras da cantora para lembrar Dorival Caymmi.

A todo o tempo, Nana era acarinhada pelo público, o que criou um clima intimista entre ambos. Não raro os pedidos de música surgiam entre gritos da plateia, que eram atendidos aos poucos, já que várias das canções constavam no repertório. Os fãs se divertiam com os comentários da cantora. “Que raça apressadinha! Vocês têm algum compromisso? Então me deixem em paz!”, respondeu Nana ao ouvir um uníssono “não” de deus fãs. Afinal, o compromisso maior era se deliciar com a emoção da inconfundível voz no palco.

Por falar em repertório, a filha do baiano Caymmi fez várias brincadeiras e riu com os fãs ao comentar sobre as músicas escolhidas por ela, que no geral versam sobre amores sofridos e desilusões. “Adoro meu repertório. É brabo, não consigo nem entender como tem gente que ouve. Mas faz parte da minha natureza. Fico arrasada, mas eu canto”.

Na apresentação ainda houve espaço para Nana Caymmi falar sobre os 100 anos do pai. Se estivesse vivo, Dorival completaria seu centenário em 2014. E a filha adiantou que está preparando uma série de homenagens. Já na reta final de um show impecável, que cativou o público pela força das canções e pelo carisma de sua intérprete, Nana cantou Não Se Esqueça de Mim e foi aplaudida de pé.

De volta para o bis, ela ainda cantou Dora - mais uma vez, Eu Sei Que Vou Te Amar e se despediu da plateia com Maracangalha. Após 1h40 de apresentação, o público pôde dizer que, de fato, fez parte das comemorações de Dinahir Tostes Caymmi, a Nana.

Sandra Ramos, enfermeira paulista que veio ao Recife para tirar férias, não perdeu a oportunidade de ver a cantora mais uma vez e se disse fã incondicional. “Achei perfeito o show. Tudo que tem a voz de Nana Caymmi fica maravilhoso”. O engenheiro químico Ricardo Petrarca disse já ter assistido a mais de dez shows dela pelo país. “Não me canso. Sempre valerá a pena ouvir Nana mais uma vez", confessou.

A cantora Nana Caymmi traz ao Recife a turnê de comemoração dos seus 50 anos de carreira, cantando os sucessos de sua trajetória musical. No repértório, composições de Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dolores Duran e, claro, de seu pai Dorival Caymmi.

Nana é de uma das mais importantes famílias musicais do Brasil. Além de seu pai, seus irmãos Danilo e Dori também têm contribuições significativas para a musicalidade brasileira. A cantora é dona de um timbre único e de uma técnica vocal invejável, e sempre prima pelo repertório refinado. 

Serviço
Nana Caymmi
Sábado (7), às 21h
Teatro da UFPE (Av. dos Reitores, Cidade Universitária)
Plateia - R$ 140 e R$ 70 (meia) | Balcão - R$ 100 e R$ 50 (meia)
Informações: 81 3207 5757

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