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O Narramazônia, grupo de estudos interinstitucional do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura (PPGCLC), da UNAMA - Universidade da Amazônia, e do Programa de Pós-Graduação Comunicação, Cultura e Amazônia, da Universidade Federal do Pará (UFPA), promove palestra virtual nesta sexta-feira (18), às 16 horas, com o professor doutor Frederico Fernandes, atual presidente da ANPOLL – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Letras e Linguística. O evento será transmitido pelo Google Meet e faz parte da comemoração dos seis anos do grupo de pesquisa. As inscrições podem ser feitas no perfil @ppgclcunama, no Facebook.

Desde 1998, Frederico Fernandes leciona na Universidade Estadual de Londrina, onde desenvolve atividades de ensino e pesquisa com estudantes de graduação e pós-graduação, tendo a carreira de pesquisador voltada, principalmente, para as relações entre oralidade, sonoridade e literatura.

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Em entrevista ao LeiaJá, o professor aborda o atual cenário das pesquisas acadêmicas no Brasil, que atualmente possui mais de oito mil pesquisadores na área de Letras e Linguística, de acordo com diagnóstico do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, além de contar com mais de 150 programas de pós-graduação em todas as cinco regiões do país.

“No entanto, como todas as áreas de conhecimento, estamos sofrendo muitas dificuldades para o financiamento da pesquisa no Brasil. Temos lutado junto à ANPOLL para a sobrevivência da área e manutenção de conquistas obtidas entre 2000 e 2015. Centros importantes de memória, como a Fundação Casa de Rui Barbosa, estão correndo o risco de fechar e isto representa um duro golpe para a memória literária e linguística brasileira”, diz Frederico.

O pesquisador lembra que pesquisas da área de Humanas passaram a ser financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) somente na década de 1980. De lá para cá, assinala, as muitas conquistas que foram alcançadas têm sido retiradas.

Frederico avalia os prejuízos causados pela falta de orçamento para despesas mínimas das instituições públicas de ensino superior. “Isso é algo que vem se agravando desde o último ano da gestão de Dilma Rousseff, mas piorou muito com Michel Temer e degringolou na era Bolsonaro. É claro que isso afeta o cotidiano de trabalho, e afeta diariamente a qualidade de vida e o plano de combate à desigualdade, já que o ensino superior é a principal porta de ascensão social”, observa.

Frederico Fernandes afirma que várias áreas de pesquisa têm se destacado no Brasil atualmente, mas ele chama atenção para o crescimento na área de estudos das poéticas orais, da qual ele faz parte. Ele conta que quando deu início às pesquisas sobre narradores orais, nos anos de 1990, era difícil a academia lidar com os temas trabalhados hoje. “Pode-se dizer que após 30 anos o cenário é completamente diferente e muitos de nossos alunos tornaram-se docentes, incorporando em suas aulas textos de circulação oral”, explica.

Em 1995, quando coordenou o Grupo de Trabalho de Literatura Oral e Popular, em parceria com dois professores paraenses, Josebel Akel Fares e José Guilherme Fernandes, surgiu a revista Boitatá, a única no Brasil voltada exclusivamente para textos de poéticas orais e da voz. “Muitos programas de pós-graduação trazem em suas linhas de pesquisa a problemática da oralidade e isso revela um tema que vem se consolidando cada vez mais”, acrescenta.

O pesquisador afirma que incentivar as pesquisas acadêmicas é importante para a construção de uma identidade inclusiva no país. Segundo ele, apesar de sermos uma nação de tradição oral, foi incorporado o mito de uma superioridade da escrita em relação à oralidade.

“Textos de circulação oral abrangem praticamente todas as expressões artísticas, das vanguardas ao etnotexto. Há muitas fontes artísticas e literárias que passam pela oralidade e elas contribuem para o ensino de Língua, Literatura, História, Geografia, entre outros”, diz.

Frederico Fernandes aponta que as Estratégias Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) afirmam a relevância do papel da área de Humanas em questões de internacionalização, no combate à desigualdade social, da promoção da educação, entre outros.

O pesquisador cita, inclusive, que no atual contexto pandêmico a internacionalização é essencial para o país obter doses da vacina. “Estamos presenciando uma catástrofe nesse âmbito, a despeito de o Brasil ter uma rede consolidada de pesquisa em universidades estrangeiras”, afirma.

“O mesmo vale para o combate à desigualdade social: populações mais carentes são as mais afetadas e têm os indicadores de qualidade de vida comprometidos, algo que se resolve com a educação”, diz Frederico. Ele ainda acrescenta que o sucesso de quem está numa ponta trabalhando nos laboratórios, produzindo vacinas, depende do humanista na outra, lendo e compreendendo os impactos sociais.

“No fim, vale a máxima do Fórum de Humanas de que todas as ciências são humanas. Se a população não cobrar seu direito à ciência, teremos um país cada vez mais desigual e atrasado em relação ao resto do planeta”, conclui.

O Narramazônia tem como um dos principais objetivos estudar teóricos e teorias de narrativas midiáticas e literárias, para que se possa pensar o mundo contemporâneo como uma imensa narrativa em que estamos inseridos, explica o professor Paulo Nunes, do curso de Letras da UNAMA um dos coordenadores. Para acessar a palestra, 

Por Isabella Cordeiro.

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Rodas de conversas, mesas de debates e conferências sobre variados assuntos marcaram o I Círculo de Saberes do "Narramazônia", realizado em Belém. Um evento encantou o público: professores e pesquisadores que estudam a “Academia do Peixe Frito”, grupo de escritores representativo de uma das fases mais produtivas da literatura paraense, no século XX, promoveram uma sarau com a poeta Marília de Menezes, filha de um dos integrantes do grupo, o poeta e escritor Bruno de Menezes. Marília recitou poemas e contou histórias de sua convivência com o pai.

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Freira da ASD (congregação Adoradoras do Sangue de Cristo), irmã Marília distribuiu conhecimento e simpatia. “A irmã Marilia Menezes veio acrescentar na nossa pesquisa porque ela é parte da família de um dos principais membros da 'Academia do Peixe Frito', o Bruno de Menezes, editor da revista Belém Nova, que foi o que fundou o modernismo no Estado do Pará. Ela trouxe informações que agregaram conhecimento acadêmico e recitou um dos poemas de seu pai”, explicou a doutoranda e também participante da roda de conversa Carla Soares

O  encontro de professores, pesquisadores e graduandos discutiu narrativas, jornalismo, literatura e produções dentro da Amazônia. Realizado em parceria entre pesquisadores da Universidade da Amazônia (Unama) e Universidade Federal do Pará (UFPA), o "Narramazônia" - Narrativas Contemporâneas na Amazônia Paraenseressignificou o olhar sobre a Amazônia, através de discussões  de quem vive o território e o indivíduo amazônida.

Após dois anos em um grupo de pesquisa, proposto pelos professores doutores Paulo Nunes (PPGCLC/Unama), Alda Costa (FACO/PPGCOM/UFPA) e Vânia Torres (FACOM/UFPA), o evento serviu para comemorar os avanços e produções que o grupo vem realizando nos últimos anos. “O Círculo de Saberes serve para comemorar a parceria entre a Unama e a Universidade Federal do Pará e celebrar a fraternidade de três pesquisadores, e estamos comemorando com muita felicidade, com debates e discussões extremamente enriquecidos”, explicou Paulo Nunes.

Alda Costa, uma das idealizadoras do grupo Narramazônia, enfatizou a importância de narrar as histórias e experiências de vida com um olhar de dentro para fora. “A gente sempre ouviu falar de um olhar de fora para dentro e o Narramazônia tem a finalidade de contar de dentro para fora, discutir quem é esse amazônida, o que ele pensa e o que ele faz. O grupo tem a finalidade de pesquisar os modos de vida e  o modo de agir dos indivíduos da Amazônia”, destacou a pesquisadora.

Integrando alunos de graduação, mestrandos, doutorandos e interessados, o evento reafirmou a necessidade de mostrar as várias faces da Amazônia, pelo olhar de quem vive nela. “Essa discussão é importante porque estamos falando de várias Amazônias. A Amazônia não é única. Da heterogeneidade e das especificidades do território. A literatura, jornalismo, publicidade e várias outras áreas do conhecimento são pesquisadas aqui", disse Alda Costa.

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O primeiro encontro de pesquisadores e estudantes das Narrativas Amazônicas “Narramazônia” começou na terça-feira (29), no Sesc Boulevard. O evento intitulado “Círculo de Saberes” é um projeto de divulgação das pesquisas e descobertas do grupo de estudo que nasceu da parceria entre professores da Universidade da Amazônia (Unama) e da Universidade Federal do Pará (UFPA).

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Pela manhã, professores doutores das duas instituições iniciaram o debate com as considerações da representante da coordenação do Narramazônia, Alda Costa. “Estamos aqui com a finalidade de discutir e refletir sobre a construção narrativa na Amazônia”, disse a professora.

Foram convidados para compor a mesa representantes da Unama e UFPA: Maria Betânia Fidalgo; vice-reitoria da Unama; professor Leandro Lage, coordenador do PPGCLC/UNAMA; Elaide Martins, do PPGCOM/UFPA; e Fátima Pessoa, da coordenação do ILC (UFPA).

Ainda durante a manhã, o professor Paulo Nunes homenageou a professora Maria do Socorro Simões, estudiosa das narrativas míticas amazônicas. Ela também recebeu, das mãos da professora Vânia Torres, o troféu estilizado com a imagem de um muiraquitã (conhecido como amuleto da sorte amazônico). O prêmio foi um símbolo das suas contribuições ao estudo das narrativas na região.

“Amazônia Rios de Saberes” foi a primeira palestra da manhã, realizada pela professora Rosa Acevedo Marin, seguida pela roda de conversa “Academia do Peixe Frito: Literatura e Negritude na Amazônia”. O bate-papo contou com a participação da filha do poeta Bruno de Menezes, Marília Menezes, que contou, em poesia, as experiências do pai na feira do Ver-o-Peso com seus amigos intelectuais. Bruno foi um dos principais poetas paraenses e integrante da academia que hoje é tema de estudo de um dos principais grupos de pesquisa sobre o Modernismo Paraense. O evento continuou na quarta-feira (30), pela manhã.

Por Alcione Nascimento, especialmente para o LeiaJá Pará.

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