Tópicos | Negritude

No Brasil há um forte cenário de subrepresentação das mulheres no parlamento, tendo em vista que representam 53% do eleitorado brasileiro e 46% dos filiados a partidos políticos. A representação de mulheres negras no Congresso Nacional é de apenas 2%, e na Câmara dos Deputados esse número cai para 1%. 

Em 2018, a Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco elegeu 49 parlamentares, 86% deles se autodeclararam brancos, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apenas 14% dos 49 se autodeclaravam negros, sendo cinco pardos e apenas as Juntas (PSOL) e Doriel Barros (PT), declarados pretos. 

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Representado na Alepe por Jô Cavalcanti, a mandata coletiva Juntas é representada por cinco mulheres, e três de autodeclaram negras, incluindo Jô. 

Em Brasília, na Câmara Federal, Marília Arraes foi a única mulher eleita em 2018 entre os 25 deputados federais eleitos em Pernambuco. A parlamentar se autodeclara no TSE como branca.

Por isso, pela ausência de parlamentares e parlamentares negras em Pernambuco e para estimular as candidaturas de mulheres negras, surgiu a campanha Eu Voto Em Negra, que faz parte do Projeto Mulheres Negras e Democracia, que atua em toda a região Nordeste do Brasil. É uma campanha pela representatividade política de mulheres negras no poder e incentivando a diversidade. 

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Do coletivo Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, Piedade Marques destacou que o movimento de incentivar o voto em mulheres negras é diferente no processo eleitoral. “Hoje não dá mais para falar num eu individual, principalmente quando a gente fala de processos eleitorais. Acho que essa é uma estratégia branca que traz o indivíduo como primeiro plano, e a primeira coisa que a gente faz é trazer uma experiência a partir de nós”, observou. 

“As candidaturas de mulheres negras pensam tanto em mulheres quanto em homens, porque existem várias iniciativas pensando em diminuir esse gap, mudar a fotografia. Existem várias expressões que vamos usar para dizer que não dá mais para usar um sistema de representação onde a gente não se vê fisicamente, culturalmente, e nem das nossas vidas, as nossas necessidades, e que o estado brasileiro precisa garantir”, reforçou. 

Para Piedade, pensar no voto em mulheres negras é atravessar com o que foi aprendido durante anos. “É romper com tudo o que a gente aprendeu, que é um indivíduo que tem dinheiro e vai poder fazer coisas enormes nesse processo eleitoral, que a gente diz que é um processo coletivo construído a partir do que o próprio movimento negro fala, desde a primeira pessoa escravizada”, disse. 

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Ela informou que a Rede de Mulheres Negras de Pernambuco tem conduzido, junto a outras organizações antirracistas, o lugar da mulher a partir de outro viés. “Não só o movimento negro, mas com a Casa da Mulher do Nordeste, que é uma das principais parceiras para essa iniciativa, que é o Eu Voto em Negra que é para além de uma campanha. É um resgate. Um conforto de coresponsabilidade de todos nós, negros e negras, que colocamos os nossos corpos na disputa, e como temos responsabilidade com cada mulher que se coloca na disputa. A campanha pensa em trazer as pautas e propostas e em ampliar o que mais nos cruza, a pauta do antiproibicionismo, desencarceramento, que são questões que nos atravessam ao longo da nossa história”, pontuou. 

Pensar numa frente de política pública respeitada para pessoas negras é um dos principais motivos para que tenham mulheres negras e antirracistas no parlamento. A ausência dessas mulheres gera um impacto negativo na construção e implementação de políticas públicas para a população. “A mandata coletiva Juntas, por exemplo, é um modelo de participação no espaço legislativo, e a importância da ampla participação delas. A gente não pensa só em eleger uma única candidata, seja dentro de uma mandata coletiva ou não, mas que seja uma bancada de mulheres negras. A nossa proposta é que tenhamos mais de uma”.

Ailza Trajano é candidata a deputada federal pelo PCdoB de Caruaru, capital do Agreste de Pernambuco, e também faz parte da União de Negros e Negras da Igualdade. Ela destacou a importância de incentivar que cada vez mais candidaturas negras sejam colocadas na disputa. “Para que as mulheres também se sintam mais encorajadas a entrar na política. Quando a gente convida mulheres a participarem, ainda existe o medo de se colocar, de estar de frente com essa questão de serem candidatas, porque a gente sabe que é um mundo que foi pensado para os homens, sobretudo cis e brancos”. 

“A gente vem quebrando esse paradigma de que só é feito para homens e estamos ocupando este espaço”, destacou Ailza. “Quanto mais mulheres ocuparem este espaço, mais bancadas, e mais mulheres negras, melhor ainda”. 

De acordo com ela, em Caruaru há apenas 12 candidaturas à Câmara Federal, sendo 10 de homens e apenas duas de mulheres. “É muito simbólica essa questão da maioria ser homem e apenas duas mulheres numa cidade como Caruaru”, detalhou. 

O novo trabalho produzido pela Multi Amazônia Brasil e Produtora e pelo Coletivas Xoxós ganha vida ao som do toque de tambores, enquanto as memórias e experiências de vida da atuante Andréa Flores se entrelaçam a uma pergunta subliminar feita ao público: “Quantas cabeças pensam o nosso viver? Quem nos pensa?”.

"Divinas Cabeças" traz o protagonismo de uma mulher negra, afroamazônida, e transita por assuntos como ancestralidades, negritude, espiritualidade, diferença e cura. Todos esses pontos se entrelaçam a partir da questão-desejo “Eu quero uma boneca que se pareça comigo! Que se pareça comigo...”, que se fez presente na infância da performer.

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As apresentações on-line serão nas próximas quartas-feiras, 21 e 28 de abril, de 22 horas à meia-noite. “Divinas Cabeças” é um projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc (2020), por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Pará (Secult-PA). Estará disponível, em sua versão digital, no Facebook e Instagram do Teatro do Desassossego.

Serviço

Espetáculo “Divinas Cabeças”.

Onde: Facebook e Instagram do Teatro do Desassossego.

Quando: Dias 21 e 28 de abril de 2021, disponível de 22h à 0h.

Realização: Multi Amazônia Brasil e Produtora e Coletivas Xoxós.

Projeto contemplado pela Lei Aldir Blanc (2020), por meio da Secretaria de Estado de Cultura do Pará.

FICHA TÉCNICA:

Performance e Dramaturgia: Andréa Flores.

Performance Musical: Leoci Medeiros.

Direção Musical: Leoci Medeiros e Thales Branche.

Direção vocal: Thales Branche.

Preparação vocal: Tainá Coroa.

Trilha Original: Thales Branche, Andréa Flores e Leoci Medeiros.

Iluminação: Vandiléia Foro e Coletivas Xoxós.

Ambientação Cenográfica e Figurino: Coletivas Xoxós.

Fotografia e Design gráfico: Danielle Cascaes.

Assessoria de Imprensa: Lucas Del Corrêa.

Gerenciamento de Mídia: Lucas Del Corrêa e Yasmin Seraphico.

Direção de Palco: Roberta Flores e Leoci Medeiros.

Produção Audiovisual: Grazi Ribeiro.

Direção Audiovisual: Alexandre Baena.

Encenação e Direção cênica: Wlad Lima.

Residência Artística: Teatro do Desassossego.

Realização: Multi Amazônia Brasil Produtora e Coletivas Xoxós.

Por Lucas Del Corrêa.

 Nesta terça (16), o presidente da Fundação Cultural Palmares, Sérgio Camargo, usou suas redes sociais para atacar Lumena e Karol Conka, participantes do Big Brother Brasil, exibido pela Rede Globo. Ambas, mulheres negras, vem recebendo críticas pela maneira de militar na casa, considerada agressiva por parte do público.

“A máscara da negritude tóxica caiu - ruim para a esquerda, bom para o Brasil”, escreveu Camargo. Em outra publicação, ele também disse que a atriz Maria Flor, que vem criticando publicamente o presidente Jair Bolsonaro, está “surtada” por “abstinência de dinheiro público”. “Lumena do BBB e a surtada Maria Flor são excelentes cabos eleitorais para a reeleição de Bolsonaro em 2022. Continuem nessa doideira, meninas”, ironizou Camargo.

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Camargo é conhecido por endossar as críticas do presidente Jair Bolsonaro ao movimento negro. Em dezembro de 2020, ele defendeu, por exemplo, que pessoas negras não deveriam deixar o cabelo crescer. “Máquina zero obrigatória para a negrarada” e “nada é mais ridículo do que ter orgulho do cabelo”, escreveu o presidente da Fundação Palmares, responsável por promover a afro-brasilidade.

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O grupo de estudo e pesquisa Nós Mulheres (Pela Equidade de Gênero Étnico-racial), da Universidade Federal do Pará (UFPA), realiza, pela primeira vez, o webinário “Amazônia Negra: imagens, narrativas e saberes em diálogo”, que será realizado integralmente no formato virtual, nos dias 8, 9 e 10 de dezembro. O evento terá participação de pesquisadores, estudantes, ativistas, professores e todos aqueles interessados em um debate crítico sobre a Amazônia e suas conexões de saberes.

Segundo os organizadores, os movimentos negros são o eixo central, "a partir de suas intelectualidades e contribuições críticas, no reconhecimento da heterogeneidade amazônida enraizada em trânsitos ancestrais de mulheres e homens negros, cis e trans, e que fazem da memória um contínuo exercício de construção do presente". O webinário propõe uma interlocução de vozes de diferentes espaços da negritude amazônida, dialogando também com distintas frentes de pesquisa, estudo e militância.

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Programação

O I Webinário “Amazônia Negra: imagens, narrativas e saberes em diálogo” terá a participação de pesquisadores, representantes da luta e defesa dos direitos humanos, de movimentos sociais e coletivos do Pará, Rio Grande do Norte, Amapá, Maranhão, Paraná, São Paulo, Bahia e de países como Moçambique. Destaque também na programação é a dramaturga, pesquisadora no campo das artes e uma das fundadoras do Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa), Zélia Amador de Deus, que recentemente foi homenageada com o título de professora emérita da UFPA. Os debates serão totalmente virtuais nas plataformas oficiais do evento na internet.

Após a mesa de abertura, prevista para as 9h30 do dia 8 de dezembro, será lançada ainda a ficção literária intitulada “Meu mundo! Eu, rio e Mar!”, escrita pela professora Mônica Conrado, com prefácio de Zélia Amador de Deus e posfácio de Benedito Medrado (docente∕UFPE). A obra será em formato e-book e poderá ser baixada gratuitamente após o lançamento. Ela narra a história de uma moça negra chamada Marina que, da infância à vida adulta, sonhava em conhecer o mar. 

O Nós Mulheres foi criado, em 2008, com o objetivo de trazer a abordagem interseccional a partir das epistemologias negra e decolonial em estudos e pesquisas na Universidade Federal do Pará em nome da heterogeneidade de mulheres, homens negros amazônidas e de outras regiões do país, em parceria com os movimentos negros e de articulações de mulheres negras.

Serviço

I Webinário “Amazônia Negra: imagens, narrativas e saberes em diálogo”

Data: 8, 9 e 10 de dezembro de 2020

Programação completa e inscrições gratuitas aqui.

Redes sociais do Nós Mulheres

Transmissão on-line pelo canal do Youtube do Nós Mulheres

*Haverá emissão de certificados.

Mais informações nas nossas mídias sociais. 

Instagram: @nosmulheres_ufpa

Facebook: /GPNosMulheres

Twitter: @nosmulheresufpa

YouTube: NosMulheres

Da assessoria do evento.

No desfile de comemoração aos seus 85 anos, o irreverente calunga olindense Homem da Meia-Noite sairá, como manda a tradição no Sábado de Zé Pereira, no dia 25 de fevereiro do próximo ano, homenageando as raízes negras da nossa cultura. A agremiação, que arrasta um multidão pelas ladeiras de Olinda durante a madrugada, reverenciará a figura mística do candomblé e a cultura afrodescendente brasileira, com o tema 'Negro Rei'.

O Clube de Alegoria e Crítica também homenageará centenário do Maracatu Leão Coroado, trazendo as batidas das suas alfaias para o Bonsucesso. Também serão homenageados o maestro e violinista Israel França e o dançarino Paulo Cristo, que atualmente leva a cultura de Pernambuco para diversos países. 

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As tradicionais camisas também já começam a ser vendidas na sede do Clube, localizada no largo do Bonsucesso, no Sítio Histórico de Olinda. Elas também receberam traços e cores que remetem à cultura negra, e custam R$ 35.

A grande novidade que marca a saída do bloco será a confecção da roupa do gigante. Os 85 anos do calunga terá produção especial do Grupo de Coco Bongar de Olinda, com reverência ao tema 'Negro Rei'.

No mês da consciência negra no Brasil (novembro), a exposição MPB - Música Preta Baiana reúne fotografias de vinte músicos baianos, negros e independentes no Visca Sabor & Arte, em Rio Vermelho, Salvador. O evento foi idealizado pela fotógrafa Débora Monteiro e pela jornalista Ana Camila.

Como parte da programação do projeto, os músicos fotografados por Débora se apresentam às terças-feiras de novembro no palco Visca, às 20h, com entrada gratuita. Serão cinco apresentações por noite, entre eles, o cantor e compositor Dão, Larissa Luz, Flávio Assis, Mariella Santiago, Jorge Hilton e Manuela Rodrigues.

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A exposição MPB – Música Preta Baiana se pretende um evento de continuidade e convergência do atual momento da música baiana independente produzida pela comunidade negra. “Por isso a ideia de unir música e fotografia para celebrar o som e a imagem da cultura afrodescendente na Bahia em um mesmo projeto, inspirado nos artistas que escolheram viver da música de forma independente”, ressalta Débora Monteiro.

Com o apoio financeiro da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através do Fundo de Cultura, a exposição fica aberta à visitação até o dia 30 de novembro.

Serviço
MPB - Música Preta Baiana
Visca Sabor & Arte (Rio Vermelho, Salvador-BA)
Terça a domingo, das 18h às 02h
Abertura quinta (1º), às 19h

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