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O PT pretende utilizar a gestão de Fernando Haddad em São Paulo a partir de 1º de janeiro de 2013 para reciclar sua agenda programática. Cravada no coração do principal reduto do PSDB, a cidade promete ser, a partir do ano que vem, "laboratório" de testes de projetos do governo federal que poderão servir de bandeira na campanha eleitoral de 2014.

A promessa de Haddad de "derrubar os muros" que separam a população pobre da rica será complementada, segundo petistas, por um trabalho conjunto da Prefeitura com a presidente Dilma Rousseff com foco especial na nova classe média, um contingente de 40 milhões de consumidores surgido na última década.

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Em conversas com seus conselheiros políticos, Dilma costuma repetir que essa parte da população brasileira continua sem acesso a planos de saúde e a escolas particulares. Acabará cobrando, portanto, a melhoria desses serviços do poder público.

"Nosso grande desafio é o da melhoria dos serviços públicos, porque esses 40 milhões que entraram na classe média recentemente ainda têm renda muito baixa", disse o deputado Paulo Teixeira (SP), um dos petistas que trabalhará na tentativa de transformar projetos da gestão Haddad num laboratório para o programa de governo do partido com vistas à campanha de 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os investimentos e as políticas econômicas brasileiras tem surtido efeito. Na última década, o perfil socioeconômico do país mudou – e muito. A principal mudança foi o fortalecimento da classe C, que passou a integrar a classe média.

Pelo menos metade das famílias que moram em favelas e em áreas de ocupações no Brasil pertence à nova classe média, segundo dados sobre renda do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1992, a classe C era composta por 34,96% da população, em 2009 chegou a 50,5% e os dados mais recentes apontam que 53% dos brasileiros estão nessa condição. A classe média é dominante do ponto de vista eleitoral e quando falamos do ponto de vista econômico, ela detém em torno de 46,24% do poder de compra e supera as classes A e B (44,12%) e D e E (9,65%).

A nova classe média representa mais de 100 milhões de brasileiros, um aumento de 37% apenas nos últimos dez anos. Os números indicam ainda que ocorreu uma considerável mobilidade social nos últimos anos, além do avanço da classe média, cerca de 19,3 milhões de pessoas saíram do nível da pobreza. Essa nova classe social cresce cerca de 4% ao ano.

Até pouco tempo atrás, depois de quitar as faturas básicas mensais, essas pessoas não tinham renda para consumir nada além da cesta básica. Hoje, são capazes de comprar sapatos e bolsas, têm acesso à tecnologia e frequentam escolas e faculdades particulares. Tudo graças às mudanças econômicas do país, que elevaram a renda dos brasileiros e injetaram mais R$ 100 bilhões na economia nacional desde 2002.

Vale ressaltar que o crescimento econômico brasileiro beneficiou tanto as classes privilegiadas quanto as populares. A justificativa para essas mudanças está no aumento das oportunidades de emprego e, se falarmos dos trabalhadores já empregados, se justifica nos reajustes nos salários.

Não podemos dizer que o país mudou de perfil da noite para o dia. Essa mudança é resultado de múltiplos fatores, desde a política de estabilização dos preços, passando pelas mudanças demográficas, da educação ao mercado de trabalho. Do ponto educacional, o estudo "Vozes da classe média" elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, apontou que 49% dos jovens filhos que fazem parte dessa nova classe média estudaram mais do que os pais.

São esses mesmos jovens que estão buscando melhorar. Buscam aumentar o grau de escolaridade para garantir melhores salários e desempenhar funções no mercado formal. Aliado a isso, o conhecimento torna esse público mais exigente na hora de consumir. Este é o novo perfil do brasileiro, esforçado, interessado e exigente.

O diretor de regulação do sistema financeiro do Banco Central, Luiz Awazu, reconheceu, junto com outros economistas, que o País ainda carece de alguns dados sobre o novo acesso de muitos brasileiros aos serviços bancários, especificamente na chamada "nova classe média". "Faltam alguns dados para se trabalhar com controles mais robustos sobre a sustentabilidade desse processo", disse, ao comentar o grande aumento do acesso ao crédito dessas famílias.

Em painel sobre "Mapeamento da demanda por inclusão financeira no Brasil", no III Fórum Banco Central sobre Inclusão Financeira, Awazu afirmou que o Brasil viveu "uma série de transformações estruturais" nos últimos anos no tema financeiro e que, por isso, novos controles são necessários. A afirmação de Awazu foi feita após o debate entre vários economistas que pontuaram os desafios do maior acesso aos serviços bancários entre as famílias de menor renda.

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À mesa estavam o secretário de Ações Estratégicas da presidência da República, Ricardo Paes de Barros; o professor da PUC Rio, Juliano Assunção; o economista-chefe do centro de políticas sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri; e o sócio-diretor do Instituto DataPopular, Renato Meirelles. Entre os debatedores, um dos principais pontos coincidentes é o de que o Brasil precisa de mais informação para entender a chegada desses novos clientes às instituições financeiras.

Paes de Barros, da Presidência da República, ressaltou que o mercado de crédito ainda é novo no Brasil. "Há um volume de assimetria de informação gigantesco. O que precisamos agora é aproveitar muito bem a racionalidade para termos o máximo de informação possível para todos que tomam decisão", disse.

Na mesma linha, o professor da PUC, Juliano Assunção, afirmou que bancos precisam ter cuidado com a avaliação de risco. "As pessoas também precisam ter cuidado com um evento excesso de otimismo", disse. "Nesse sentido, de entender melhor o que está acontecendo, uma instituição absolutamente crucial é o IBGE".

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