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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, divulgou uma nota nesta sexta-feira (5) criticando o vazamento de troca de mensagens entre ele e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol. As conversas foram publicadas pela revista Veja, a partir de um conteúdo recebido pelo jornal The Intercept. No texto, Moro diz que “não há qualquer elemento que ateste a autenticidade das supostas mensagens”.

O ex-juiz responsável pelos casos da operação na primeira instância de Curitiba elencou na nota cinco itens apontados pela reportagem dos quais contesta, como a eventual interferência em um possível acordo de delação premiada entre o Ministério Público Federal e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB). Contudo, não cita o trecho em que disse a Dallagnol ter recebido conselhos do apresentador Fausto Silva sobre a postura dos procuradores federais. À revista Veja, Faustão confirmou a conversa. 

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Além disso, no comunicado em sua defesa, Sérgio Moro destaca que “sempre foi e será um defensor da liberdade de imprensa”, mas “repudia-se com veemência a invasão criminosa dos aparelhos celulares de agentes públicos com o objetivo de invalidar condenações por corrupção ou para impedir a continuidade das investigações”. 

Veja o texto na íntegra:

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente. Lamenta-se que a Revista Veja se recusou a encaminhar cópia das mensagens antes da publicação e tenha condicionado a apresentação das supostas mensagens à concessão de uma entrevista, o que é impróprio. De todo modo, alguns esclarecimentos objetivos:

1 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de quebra de parcialidade por suposta mensagem na qual teria solicitado manifestação urgente do Ministério Público para decidir sobre pedido de revogação de prisão preventiva de José Carlos Bumlai. A prisão preventiva de José Carlos Bumlai foi decretada em 19 de novembro de 2015. Houve pedido de revogação da prisão ao final do mês de dezembro. O recesso Judiciário inicia em 19 de dezembro. Então, a manifestação do Ministério Público era necessária, como é em pedidos da espécie, para decidir o pedido da defesa. A urgência decorre da natureza de pedido da espécie e, no caso em particular, pela proximidade do recesso Judiciário que se iniciaria em 19 de dezembro. Então, a solicitação de urgência, se autêntica a mensagem, teria sido feita em benefício do acusado e não o contrário. Saliente-se que o ministro, como juiz, concedeu, em 18 de março de 2016, a José Carlos Bumlai o benefício de prisão domiciliar para tratamento de saúde, o que foi feito em oposição ao MPF. Os fatos podem ser verificados no processo 5056156-95.2015.4.04.7000 da 13ª Vara Federal de Curitiba.

2 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de quebra de parcialidade por suposta mensagem de terceiros no sentido de que teria solicitado a inclusão de fato e prova em denúncia do MPF contra Zwi Skornicki e Eduardo Musa na ação penal 5013405-59.2016.4.04.7000. Não tem o ministro como confirmar ou responder pelo conteúdo de suposta mensagem entre terceiros. De todo modo, caso a Veja tivesse ouvido o ministro ou checado os fatos saberia que a acusação relativa ao depósito de USD 80 mil, de 7 de novembro de 2011, e que foi incluído no aditamento da denúncia em questão, não foi reconhecido como crime na sentença proferida pelo então juiz em 2 de fevereiro de 2017, sendo ambos absolvidos deste fato (itens 349 e 424, alínea A e D). A absolvição revela por si só a falsidade da afirmação da existência de conluio entre juiz e procuradores ou de quebra de parcialidade, indicando ainda o caráter fraudulento da suposta mensagem.

3 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de ter escondido fatos do ministro Teori Zavascki em informações prestadas na Reclamação 21802 do Supremo Tribunal Federal e impetrado por Flávio David Barra. Esclareça-se que o então juiz prestou informações ao STF em 17 de setembro de 2015, tendo afirmado que naquela data não dispunha de qualquer informação sobre o registro de pagamentos a autoridades com foro privilegiado. Tal afirmação é verdadeira. A reportagem sugere que o então juiz teria mentido por conta de referência a suposta planilha constante em supostas mensagens de terceiros datadas de 23 de outubro de 2015. Não há qualquer elemento que ateste a autenticidade das supostas mensagens ou no sentido de que o então juiz tivesse conhecimento da referida planilha mais de 30 dias antes. Então, é evidente que o referido elemento probatório só foi disponibilizado supervenientemente e, portanto, que o então juiz jamais mentiu ou ocultou fatos do STF neste episódio ou em qualquer outro.

4 - Acusa a Veja o ministro, então juiz, de ter obstaculizado acordo de colaboração do MPF com o ex-deputado Eduardo Cunha. O ocorre que eventual colaboração de Eduardo Cunha, por envolver supostos pagamentos a autoridades de foro privilegiado, jamais tramitou na 13ª Vara de Curitiba ou esteve sob a responsabilidade do ministro, então juiz.

5 - Acusa a Veja que o ministro, então juiz, de ter comandado a Operação Lava Jato por conta de interferência ou definição de datas para operações de cumprimento de mandados de prisão ou busca e apreensão. Ocorre que, quando se discutem datas de operações, trata-se do cumprimento de decisões judiciais já tomadas, sendo necessário que, em grandes investigações, como a Lava Jato, haja planejamento para sua execução, evitando, por exemplo, a sua realização próxima ou no recesso Judiciário.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública sempre foi e será um defensor da liberdade de imprensa. Entretanto, repudia-se com veemência a invasão criminosa dos aparelhos celulares de agentes públicos com o objetivo de invalidar condenações por corrupção ou para impedir a continuidade das investigações. Mais uma vez, não se reconhece a autenticidade das supostas mensagens atribuídas ao então juiz. Repudia-se ainda a divulgação distorcida e sensacionalista de supostas mensagens obtidas por meios criminosos e que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente, sem que previamente tenha sido garantido direito de resposta dos envolvidos e sem checagem jornalística cuidadosa dos fatos documentados, o que, se tivesse sido feito, demonstraria a inconsistência e a falsidade da matéria. Aliás, a inconsistência das supostas mensagens com os fatos documentados indica a possibilidade de adulteração do conteúdo total ou parcial delas.

O vazamento de novas conversas trocadas por meio de aplicativos entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol provocou repercussão nas redes sociais nesta sexta-feira (5). No Twitter, a hashtag mais comentada no país é '#MoroSuaCasaCaiu'. 

As mensagens divulgadas em reportagem da revista Veja sugerem que o ex-juiz responsável pelos casos da operação na primeira instância de Curitiba orientou os procuradores, retardou a inclusão de provas em processos e cobrou manifestações no Ministério Público Federal (MPF).

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As conversas também revelam que o ministro foi contra o fechamento de um acordo de delação premiada entre o MPF e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), e expressou conselhos dados pelo apresentador Fausto Silva para os procuradores sobre como se portarem diante da imprensa para falar das investigações dos casos de corrupção. 

Deputados e senadores também estão usando a hashtag no microblog para desferir criticas contra o auxiliar do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Revista Veja revela que Moro cometeu sim ilegalidades, além do conluio com o MPF e outros, atuou para evitar delações, crimes que poderiam ser revelados,  esclarecidos e punidos se perderam pelo caminho na atuação seletiva, parcial e criminosa do juiz.#MoroSuaCasaCaiu”, declarou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

“Fora dos autos (e dentro do Telegram), @SF_Moro pediu à acusação que incluísse provas nos processos que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez pressão para que determinadas delações não andassem. #MoroSuaCasaCaiu”, comentou o líder do PT no Senado, Humberto Costa.

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Uma nova leva de diálogos do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, com procuradores da força-tarefa da Lava Jato, entre eles Deltan Dallagnol, divulgada nesta sexta-feira (5) aponta que o ex-juiz recomendou que o Ministério Público Federal (MPF) não fechasse um acordo de delação premiada com o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), preso desde 2016. 

O novo vazamento de mensagens trocadas pelo ministro foi publicado pela revista Veja em parceria com o jornal The Intercept, que iniciou a divulgação das conversas no último dia 9

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Em uma das mensagens, Moro, que foi responsável pelos casos da operação na primeira instância em Curitiba, questiona Dallagnol sobre rumores que teriam surgido sobre uma possível delação de Cunha e exprime: “sou contra”. O diálogo, de acordo com a reportagem, foi registrado em 5 de julho de 2017. 

Veja a conversa:

Moro (às 23:11): Rumores de delação do Cunha... Espero que não procedam

Dallagnol (às 23:14):  Só rumores. Não procedem. Cá entre nós, a primeira reunião com o advogado para receber anexos (nem sabemos o que virá) acontecerá na próxima terça, estaremos presentes e acompanharemos tudo. Sempre que quiser, vou te colocando a par

Moro (às 23:28): Agradeço se me manter informado. Sou contra, como sabe.

Uma possível delação de Eduardo Cunha foi especulada diversas vezes nos bastidores da Lava Jato. Na época em que foi registrada a conversa entre Moro e Dallagnol, divulgada pela Veja e o The Intercept, notícias registraram a possibilidade do emedebista falar sobre os esquemas de corrupção investigados pela operação.  Uma eventual delação dele, segundo políticos, poderia estremecer a atuação de alguns caciques. 

O site The Intercept disse ter tido acesso a trocas de mensagens privadas com  gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais tanto de Moro quanto de procuradores da investigação. 

Além da negativa diante de Cunha, os novos trechos revelados através da revista sugerem ainda que Moro também cobrou manifestação do MPF sobre a investigação do caso de pecuarista José Carlos Bumlai. Outra conversa também mostra o momento em que Deltan Dallagnol avisa a procuradora Laura Tessler que Moro o havia alertado sobre a falta de uma informação na denúncia de um réu. O acusado em questão é Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo.  

Em nota, o ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que Sérgio Moro "não reconhece a autenticidade de supostas mensagens obtidas por meios criminosos, que podem ter sido adulteradas total ou parcialmente e que configuram violação da privacidade de agentes da lei com o objetivo de anular condenações criminais e impedir novas investigações. Reitera-­se que o ministro sempre pautou sua atuação pela legalidade”.

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