Tópicos | Operação Ethos

Os desembargadores da 11ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) mantiveram a condenação a 30 anos de prisão do líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, no âmbito da Operação Ethos, que desmontou o núcleo jurídico da facção. Além dele, outros dois criminosos também tiveram suas condenações mantidas.

Deflagrada em 2015, a Operação Ethos teve como foco o combate à chamada "sintonia da gravata" - advogados pagos para atuar em ações criminosas do PCC.

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"Assim, diante dos elementos de convicção destacados, que não deixam nenhuma dúvida acerca da responsabilidade penal do recorrente em relação aos fatos que lhe foram imputados nestes autos, a condenação proclamada na origem deve ser mantida", escreveu o desembargador Xavier de Souza, relator do recurso de Marcola contra apelação.

A denúncia dá conta de que em 2015, em uma rotina de varredura no telhado da Penitenciária de Presidente Venceslau (SP), onde foi encontrada carta com informação de que dois advogados do PCC estavam mancomunados com "um integrante do Condepe, Conselho Estadual da Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, Luiz Carlos dos Santos, sendo que este receberia mensalmente a quantia de aproximadamente R$ 5 mil, pagas pela organização criminosa autodenominada 'PCC', para obter informações privilegiadas dentro do referido Conselho".

Luiz Carlos dos Santos já foi condenado a 16 anos e dois meses de prisão por fabricar relatórios falsos sobre presídios em contrapartida a propinas da facção.

Segundo a denúncia, Santos usava "sua influência, para passar a interferir em órgãos públicos e autoridades do Estado (delegados de polícia, juízes, promotores, desembargadores, etc), efetuando vistorias em estabelecimentos prisionais previamente indicados pelo PCC e produzindo relatórios que não espelhavam a realidade, para servir de subsídio a futuras denúncias a organismos nacionais e internacionais de defesa dos direitos humanos".

A Promotoria dá conta de que foi descoberta uma "célula jurídica" do PCC, "antigamente denominada de 'sintonia dos gravatas', que foi criada, inicialmente, para prestar serviços exclusivamente jurídicos aos líderes pertencentes à sintonia final geral ou do conselho deliberativo da organização criminosa PCC".

"Contudo, com o passar do tempo, este núcleo evoluiu, deixando de prestar apenas assessoria jurídica para, agora, servir de elo de comunicação das atividades criminosas entre os líderes presos e aqueles que estão em liberdade."

Líder máximo do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, de 48 anos, teria outros seis codinomes usados para transmitir ordens nas comunicações da facção, segundo o relatório produzido pela Polícia Civil na Operação Ethos. Ele seria chamado também de Amigo 1013, Boy, Playboy, 40 e ainda Narigudo e Ladrão de Oxigênio. No relatório da Polícia Civil, a ex-repórter do Superpop, da Rede TV, Luana Don, figura como uma das defensoras encarregadas de transmitir os recados dos líderes para os operadores do PCC em liberdade. Ela está foragida.

Em uma das comunicações flagradas pela Polícia Civil enviadas a Marcola e ao preso Antonio José Muller Júnior, de 50 anos, o Granada, um dos advogados relacionados ao esquema pede mudanças na forma de receber seus pagamentos. Ele temia que a polícia descobrisse que ele recebia da facção.

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As planilhas de controle da facção chegam a detalhar atendimentos médicos que os líderes do PCC recebiam por meio do esquema. Marcola teria feito uma consulta em agosto de 2015, segundo esses controles. "Vale a menção acerca de um esquema envolvendo médicos e dentistas da região de Presidente Prudente, também relatados pelas investigações policiais, que podem estar envolvidos em crimes de lavagem de capitais, especialmente quando recebem quantias incompatíveis com simples procedimentos médicos", diz o relatório, que cita o pagamento de R$ 81 mil a um médico, em caso um investigado paralelamente.

Foragida

Cinco das 54 pessoas identificadas nas investigações ainda estão foragidas e tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça. Uma delas é Luana de Almeida Domingos, de 29 anos, inscrita na subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) da Lapa, zona oeste de São Paulo. A advogada atuou também como repórter no programa Superpop, da RedeTV!, entre 2012 e 2015. O escritório do criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que a defendia, informou que renunciou ao caso. O Estado não conseguiu localizar seu novo defensor.

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