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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), demitiu três investigadores e um delegado da Polícia Civil de São Paulo por envolvimento com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O quarteto foi preso em 2013 em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço de investigação criminal do Ministério Público de São Paulo (MP-SP). O caso ocorreu em Sorocaba, no interior de São Paulo.

A demissão ocorre depois de os processos na Justiça envolvendo os agora ex-servidores transitarem em julgado em 2022. Em um dos casos, o então delegado Fernando Toshiyuki Fujino foi condenado no regime semiaberto a dois anos e quatro meses de reclusão por concussão. Ele conseguiu um habeas corpus em setembro deste ano junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O crime de concussão ocorre quando o servidor exige alguma coisa em razão do cargo que ocupa.

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Os outros demitidos são: Carlos Moroni Filho, Marcos Roberto Munhoz e Willian Felipe Martins Soares, segundo o portal Metrópoles. À época da operação do Gaeco, em 2013, as investigações apontaram que os então servidores públicos receberam propina para garantir liberdade de traficantes e divulgar informações internas da polícia. Os processos estão em fase de cumprimento de sentença e estão em segredo de justiça.

Moroni Filho e Munhoz foram condenados a seis anos, quatro meses e doze dias no regime fechado por falsidade ideológica, concussão e por realizarem interceptação sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei. Soares foi condenado por concussão a dois anos e quatro meses no regime semiaberto.

Uma operação da polícia paraguaia e da Polícia Federal brasileira contra uma organização criminosa ligada ao tráfico internacional de drogas e armas deixou ao menos 9 suspeitos mortos, na manhã desta terça-feira, 19, na fronteira do Paraguai com o Mato Grosso do Sul. Um arsenal com armas de guerra foi apreendido. O alvo era Felipe Santiago Acosta Riveros, o "Macho", suspeito de fornecer armas para a facção Primeiro Comando da Capital (PCC). O brasileiro Ricardo Luis Picolotto, o "R7", apontado como braço direito de "Macho", foi preso na operação.

A Operação Ignis, deflagrada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), com apoio da força-tarefa conjunta com a PF do Brasil e o Ministério Público do Paraguai, atacou o quartel-general de "Macho" em uma fazenda nos arredores de Salto del Guairá, cidade paraguaia do departamento de Canindeyú que faz fronteira com a brasileira Guaíra, no Paraná, e Sete Quedas, em Mato Grosso do Sul.

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O ataque aconteceu por terra e pelo ar, com helicópteros. Quando as equipes chegaram, foram recebidas a tiros pelos seguranças do criminoso. Houve confronto e nove suspeitos morreram. Não houve baixa entre os policiais.

Ao menos dez suspeitos foram presos, entre eles o "R7". Na fazenda, foram encontrados fuzis automáticos, pistolas, grande quantidade de munição e uma metralhadora .50, capaz de abater helicópteros. Outras armas foram encontradas na casa do brasileiro, em Salto del Guairá. Outros dois brasileiros estão entre os presos. A Senad informou que "Macho" não está entre os suspeitos mortos.

De acordo com o porta-voz da Senad, Francisco Ayala, a quadrilha chefiada por "Macho" atuava no tráfico de drogas e promovia assassinatos de policiais paraguaios e brasileiros, além de rivais no comércio de drogas. Nos últimos anos, dizem as autoridades, a organização passou a fornecer armas para grupos brasileiros, entre eles o PCC e o Comando Vermelho, do Rio de Janeiro . Em setembro, seis policiais faziam buscas na propriedade de "Macho" quando foram atacados. Um policial foi baleado, mas sobreviveu.

Depois de entrar na organização, o brasileiro Picolotto, o "R7", é suspeito de ter se tornado o elo do grupo com o PCC para o fornecimento de armas. O advogado de Picolotto, Lucas Carvalho, disse, em nota, que seu cliente é réu primário e não possui ligações com crime organizado nem morte de policiais.

Segundo a defesa, Picolotto "foi absolvido em sentença que já transitou em julgado e teve "pedido de prisão revogado em junho de 2023". O advogado também diz que o cliente está colaborando com as autoridades.

Conforme Ayalla, a operação paraguaia foi compartilhada com a PF do Brasil devido à cooperação entre os dois países para o combate aos crimes de fronteira. Os presos brasileiros deverão ser extraditados para o Brasil.

A Polícia Nacional do Paraguai tenta há anos desbaratar a quadrilha de "Macho". O criminoso foi condenado a 25 anos de prisão depois de assassinar e enterrar o corpo de seu patrão, em 2015. No sexto ano de cumprimento da pena ele fugiu. Em 2016, "Macho" foi capturado, mas voltou a escapar um ano depois.

No Brasil, segundo a PF, ele é considerado foragido pela Justiça Federal pelo envolvimento no assassinato de um militar do Exército brasileiro, em 2020, ao resistir uma abordagem. Seu grupo navegava pelo Rio Paraná com uma embarcação carregada com mais de 500 quilos de maconha e reagiu à abordagem, matando um militar. Por esse motivo, seu nome foi incluído na Difusão Vermelha da Interpol.

No Paraguai, Acosta Riveros, o "Macho", é acusado ainda pelo assassinato de um policial e por promover diversos ataques a tiros a delegacias, além de operações de resgate de presos. Segundo a Senad, ele se movimenta em comboios de veículos blindados, com homens fortemente armados, muitas vezes ostentando armas, ao estilo dos cartéis mexicanos.

Até a publicação deste texto, o Estadão não havia localizado a defesa de Felipe Santiago Acosta Riveros. Este espaço está aberto.

A Polícia Federal (PF) realizou, na manhã desta quinta-feira (14), a Operação Irrestrita contra uma célula do PCC que planejava sequestros e atentados contra autoridades. Entre as autoridades que a quadrilha espreitava estão os presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

Com o apoio da Polícia Militar e do Ministério Público do Estado de São Paulo, a PF foi às ruas para cumprir 16 mandados de busca e apreensão e três ordens de prisão preventiva em São Paulo. A PF quer coletar provas para verificar qual era o status dos planos dos investigados.

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A ação é um desdobramento da Operação Sequaz que, em março, mirou uma quadrilha ligada a facção paulista que pretendia sequestrar o senador Sergio Moro.

Ao longo das investigações, a Polícia Federal identificou monitoramentos feitos pelo grupo sob suspeita, observando imagens feitas pela internet, com comentários, sobre a residência oficial dos presidentes do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.

O inquérito da Operação Irrestrita foi abastecido com um relatório de inteligência do Ministério Público de São Paulo que aponta que os integrantes da célula 'Restrita' da facção tinham em seus celulares as fotos das casas de Pacheco e Lira. Também constava dos aparelhos uma pesquisa sobre imóveis na Península dos Ministros, no Lago Sul, em Brasília.

A avaliação da Promotoria é a de que tais informações demonstram que houve determinação da cúpula do PCC para que esse setor realizasse levantamentos das referidas autoridades da República. As apreensões da Sequaz foram citadas no relatório do MP paulista logo após o órgão relatar indícios de que, menos de dois meses depois da prisão de Nefo - um dos líderes da quadrilha desbaratada na Sequaz - o PCC movimentou outros integrantes para atuarem na 'Restrita'.

Segundo o documento, prestações de contas dos meses de maio, junho e julho de 2023 demonstraram que a célula do PCC "estaria com uma missão no Distrito Federal, onde alguns de seus integrantes alugaram um imóvel pelo valor de R$2.500,00 mensal, para servir como base de apoio".

"Num período aproximado de pouco mais de dois meses a célula gastou em torno de 44 mil reais para a compra de aparelhos celulares, aluguel de imóvel, transporte, seguro, IPTU, alimentação, hospedagem, mobília do imóvel, compra de eletroeletrônicos, etc", narrou a Promotoria.

Os achados da Sequaz

O relatório da Polícia Federal em Cascavel (PR) sobre os achados da Sequaz apontou como as provas corroboravam a hipótese de um núcleo do PCC "montado para a prática de crimes violentos contra servidores públicos, notadamente em Estados do Brasil que possuem Penitenciárias Federais".

Os investigadores citaram planilhas de gastos em Rondônia, Mato Grosso do Sul, Paraná e no Distrito Federal, além de anotações obtidas no monitoramento telemático, com planos de ataques claros para as Cidades de Cascavel, Curitiba, Campo Grande e Porto Velho. Além disso, citaram as imagens feitas pela internet, com comentários acerta das imagens sobre a residência oficial dos presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

Ao menos desde o começo dos anos 2000, autoridades brasileiras investigam relações entre o grupo terrorista Hezbollah, do Líbano, e a organização criminosa PCC. Essa parceria teria como principal foco o domínio na fronteira do Brasil, Paraguai e Argentina, em uma batalha pelo controle de umas das rotas de drogas e armas na América Latina. Nesta quarta-feira, 8, supostos integrantes do grupo foram presos e outros foram alvo de busca e apreensão por parte da Polícia Federal por suspeita de planejarem ataques a prédios da comunidade judaica no país.

Sobre a relação com o PCC, porém, o assunto sempre foi tratado com cautela pelo governo brasileiro e pouco se fala sobre as relações entre os grupos criminosos. O tráfico de drogas é uma das portas para financiamento de terrorismo e seria o principal motivo para presença do Hezbollah na América Latina. Em troca, o PCC receberia armamento para atuação criminosa.

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Na Justiça Federal, um acusado de integrar o PCC foi preso em fevereiro de 2018, no Rio de Janeiro. Em uma busca realizada por policiais, documentos serviram como provas de um suposto envolvimento de Elton Leonel Rumich da Silva, apontado como um dos líderes da facção paulista, com o grupo terrorista do Líbano.

"Conforme informações da SEAP, quando Elton Leonel foi preso em 27/02/2018 (portando documento falso em nome de 'José Carlos da Silva Júnior', foram encontrados, pela polícia, aparelhos celulares e uma caderneta no apartamento em que Elton Leonel morava. A análise do material apreendido permitiu apurar que existiam indícios de que Elton Leonel possuía ligação com o Hezbollah. O requerimento da SEAP ainda destacou a participação de Elton Leonel na guerra pelo controle das rotas de drogas na fronteira com o Paraguai, sendo suspeito de ser o mandante da morte de Jorge Toumani Rafaat, conhecido como Rei da Fronteira, em julho de 2016", diz trecho de uma decisão judicial do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, que negou habeas corpus a Rumich da Silva. O Estadão procurou a defesa do acusado, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

Na ação desta quarta-feira, além de dois brasileiros presos e de outros dois integrantes procurados no Líbano, agentes da PF ainda fizeram buscas em onze endereços de três Estados - Minas Gerais (7), Distrito Federal (3) e São Paulo (1). As ordens foram expedidas pela Justiça Federal de Belo Horizonte.

De acordo com a PF, os recrutadores e os recrutados devem responder pelos crimes de constituir ou integrar organização terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo. As penas para tais delitos, somadas, pode chegar a 15 anos de reclusão.

Nos últimos anos, a atuação do Hezbollah na América Latina chamou atenção do governo americano. A general americana Laura Richardson havia alertado para "intenções malignas" do Hezbollah no Brasil, ao citar como as atividades do grupo radical na América Latina são uma "preocupação".

Um brasileiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e procurado pela Interpol é suspeito do atentado contra duas juízas paraguaias, no sábado, 9, em Pedro Juan Caballero, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Waldemar Pereira Rivas, o "Cachorrão", é acusado de ser o mandante da execução do jornalista Léo Veras, em fevereiro de 2020, em Pedro Juan. As juízas, Mirna Carolina Ocampos Ramírez e Vivian Marina Quiñónez Vargas, que são irmãs, tiveram a casa em que moram alvejada por mais de 50 disparos de armas de fogo.

Os tiros estilhaçaram vidros, mas as juízas e sua mãe, que também estava na residência, não foram atingidas. Na semana passada, Mirna Ramírez integrou um tribunal de condenação que expediu ordem internacional de captura de Cachorrão.

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Conforme o comissário Javier Gimenez, que investiga o caso, Cachorrão tem estreitas ligações com integrantes do PCC, presos na Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero. Ainda no sábado, a unidade foi ocupada pela Polícia Nacional e 28 celas ocupadas por integrantes do PCC foram revistadas.

As juízas Mirna e Vivian estão sob proteção policial. Outros três magistrados que integraram a comissão pediram medidas protetivas. A ordem de captura foi expedida depois que o Tribunal de Apelação Penal do Paraguai anulou a decisão do Tribunal de Execução que havia inocentado Cachorrão pela morte de Léo Veras, alegando falta de provas, em novembro de 2022.

O tribunal determinou que Rivas fosse submetido a novo julgamento e pediu a inclusão de seu nome na lista vermelha da Interpol, organização internacional de cooperação policial. Desde a absolvição, ele está foragido.

Jornalista morto com 12 tiros

O jornalista Lourenço Veras, mais conhecido como Léo Veras, jantava com a família, em fevereiro de 2020, quando um grupo invadiu sua casa. Após receber os primeiros tiros, o jornalista correu para os fundos do imóvel, mas foi alcançado. Ele foi atingido por 12 disparos. Os atiradores fugiram em um Jeep de cor branca, veículo que estava em nome de Rivas. Brasileiro que morava em Pedro Juan, Veras denunciava o tráfico de drogas e armas na fronteira, área de atuação do PCC.

Cachorrão foi preso em maio daquele ano por agentes da polícia paraguaia. Uma perícia em seu celular mostrou que, dias antes do crime, ele havia recebido ligações de integrantes da facção presos na penitenciária de Pedro Juan.

O suspeito ficou encarcerado até o julgamento em que foi absolvido, em 3 de novembro de 2022. O acusado saiu em liberdade, mesmo sendo procurado pela Justiça brasileira para cumprir pena por homicídio no Brasil.

Em maio de 2022, dois homens em motos aquáticas invadiram a praia privativa de um hotel na Colômbia e mataram a tiros o promotor paraguaio Marcelo Pecci, responsável pela Unidade Especializada de Crime Organizado e Narcotráfico do Paraguai. Pecci atuou em casos de grande repercussão, como o assassinato da filha de um governador regional, no ano passado. Foi ele, porém, quem apresentou a acusação contra Rivas por associação criminosa e homicídio doloso pela morte do jornalista brasileiro.

Cachorrão foi acusado de um latrocínio (roubo seguido de morte) ocorrido em 30 de abril de 1998 em Dourados, no Mato Grosso do Sul. O crime foi praticado contra o douradense Nilson Soares, 25, que teve sua moto roubada. Waldemar Rivas foi preso dois anos depois em território paraguaio com a moto levada no assalto.

Em 2008, ele foi extraditado para o Brasil para cumprir a pena por envolvimento no latrocínio e saiu em regime semiaberto em 2012. O sentenciado descumpriu o regime e voltou para Pedro Juan Caballero, onde já havia estabelecido contatos com o PCC, e se tornou membro da facção. O Brasil pediu a extradição de Rivas, mas o pedido só apareceu no sistema da Justiça paraguaia um dia depois que ele foi solto.

A reportagem não conseguiu contato com o defensor de Waldemar Rivas. No julgamento em que Cachorrão foi absolvido por falta de provas, a defesa apontou que a promotoria fez uma atribuição de autoria "inexistente e insustentável juridicamente".

O defensor explorou o fato de ter havido divergência sobre o veículo usado pelos assassinos de Léo Veras. Enquanto a promotoria apontava que o veículo era um Jeep Renegade, de propriedade de ‘Cachorrão’, a investigação policial falava em um Jeep Cherokee, que não pertencia a ele.

Os ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram restabelecer a condenação de um dos líderes do PCC, Leonardo Vinci Alves de Lima, o "Batatinha", a dez anos e sete meses de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico. Por maioria de votos, o colegiado revogou uma decisão do ministro Sebastião Reis Júnior que considerou nulas provas que embasavam a sentença imposta ao líder do PCC.

A avaliação do colegiado é a de que a "fundada suspeita" justificaria a busca pessoal realizada pela polícia contra "Batatinha", em uma operação de rotina há quatro anos, quando ele foi flagrado com drogas.

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O integrante da facção foi preso em flagrante com 2 quilos de cocaína após ser abordado pela Polícia Militar durante patrulhamento em 28 de agosto de 2019, na Vila Andrade, bairro da zona Sul de São Paulo.

Em junho, Reis Júnior mandou soltar "Batatinha". O ministro entendeu que a busca pessoal feita pelos policiais no réu - que levou à prisão em flagrante - foi motivada apenas por seu "nervosismo ao avistar a viatura policial".

Segundo o STJ, a condenação de "Batatinha" no caso já havia transitado em julgado quando a defesa entrou com pedido de habeas corpus na Corte.

Agora, nos termos do voto da ministra Laurita Vaz, a Sexta Turma acolheu recursos do Ministério Público Federal e do Ministério Público de São Paulo, derrubando a decisão de Reis. A Procuradoria e a Promotoria argumentaram a legalidade dos procedimentos que levaram à condenação.

Os ministros Rogerio Schietti Cruz, Antonio Saldanha Palheiro e o desembargador convocado Jesuíno Aparecido Rissato acompanharam o voto da presidente da Corte. Restou vencido o relator, Sebastião Reis Júnior.

A ministra Laurita Vaz evocou a jurisprudência do STJ sobre os parâmetros para reconhecer a "fundada suspeita" e destacou que "Batatinha", "ao se deparar com a patrulha da Rota, subiu na calçada, parou a motocicleta e tentou se desfazer de seu aparelho celular".

"No contexto descrito, não há como negar a presença de justa causa a viabilizar a diligência, tendo sido, ademais, reforçada a suspeita da prática de ilícitos pela conduta do agente de inutilizar o aparelho celular que trazia consigo", ponderou Laurita.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), entrou com um pedido de indenização por danos morais de R$ 50 mil contra um homem que lhe chamou de "advogado do PCC". Desde o ingresso na Suprema Corte, o magistrado nega que advogou para a organização criminosa.

A acusação contra Moraes foi feita pelo advogado criminalista Celso Machado Vendramini, em junho de 2023, durante um júri na Justiça de São Paulo de dois policiais que respondiam pelo assassinato de dois suspeitos de roubo.

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Vendramini também apontou que o ministro decretou prisões ilegais de bolsonaristas que participaram da tentativa de golpe de 8 de janeiro, sem oferecer audiência de custódia.

"Os senhores viram aqui quando eu falei de Alexandre de Moraes, o promotor falou 'ó, está sendo gravado, hein...'. Tá querendo me intimidar. Eu não tenho medo não, dele, de ninguém. Me processa, doutor, não me ponha medo. Não tenho medo de ninguém. É um indivíduo que tá lá, que foi secretário (inaudível), da PUC de SP, que é advogado do PCC", disse o advogado.

Em 2017, ainda na sabatina do Senado, Alexandre de Moraes explicou que seu escritório defendeu a cooperativa de transportes Trancooper, suspeita de ter ligação com o PCC.

"A atuação do escritório era de casos de indenização por acidente de trânsito. Como se chegou à questão do PCC? Determinado deputado estadual de São Paulo era um dos cooperados e na sua campanha para reeleição pediu emprestada a garagem da cooperativa para reunião. Nessa reunião, estavam presentes duas pessoas que estavam sendo investigadas por ligação com o crime organizado", se posicionou o ministro. 

A investigação policial aponta que o suspeito de ter disparado contra o policial da Rota, Erickson David da Silva, de 28 anos, seria uma das novas lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) que despontam na Baixada Santista. 'Deivinho' conheceu a facção há sete anos e teria recebido lições de tiro em uma das células do grupo criminoso instaladas nos morros existentes na região.

O promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), Silvio de Cillo Loubeh, que atuou na investigação e repressão aos saques de trens na Baixada Santista, acredita que os traficantes atiraram contra a polícia para proteger o ponto de tráfico. "Infelizmente, essa é a realidade da Baixada Santista. Nesses lugares a polícia é sempre recebida a tiros." Segundo ele, o atirador fazia parte da chamada "contenção" - grupos de pessoas armadas que protegem o ponto de tráfico.

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"Isso acontece em Santos, no Rádio Clube; em Cubatão, na Vila Esperança e na Vila dos Pescadores; em São Vicente, em Fazendinha, Dique do Piçarro, Dique da Caixeta e Sambaiatuba; e no Guarujá, na Vila Zilda. Se a polícia intensificar as operações, vamos ter mais confrontos", afirma Loubeh.

Investigações conduzidas em 2020 pelo MP-SP mostraram a ação da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) na Baixada Santista. Na ocasião, foi identificado que o traficante Frank Cavalcante Nobre, além de exercer a função de "cadastro final" na região do litoral paulista, também coordenava o tráfico de rua do PCC no Amazonas. Frank foi preso em agosto daquele ano, em Cubatão, mas outras lideranças ocuparam seu posto rapidamente.

Alguns chefes do PCC até são oriundos da Baixada Santista, como é o caso de André Oliveira Macedo, o André do Rap, um dos criminosos mais procurados do Estado. Também está foragido, mas sem abandonar a região, o traficante André Luiz dos Santos, o Keko, uma das pontes do PCC com o tráfico internacional.

Dificuldades enfrentadas

Um policial militar lotado no Guarujá, e que falou ao Estadão sob a condição de não ser identificado, contou as dificuldades que os policiais de fora, enviados para reforçar o policiamento na região, estão enfrentando.

"O pessoal aqui é mais fechado, mais desconfiado e solidário entre eles. Tem morro, mangue, muita 'quebrada'. Quem não conhece fica exposto", disse ele. Segundo o agente, o PM da Rota morto não teve tempo de conhecer a região. "Nesse aspecto, estava vulnerável", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na última segunda-feira (25), a Polícia Civil prendeu Mariana Fragoso, de 25 anos, que ficou conhecida como "Senhora do Fuzil", na cidade de Campinas, no interior de São Paulo. Ela, que confessou armazenar armas do PCC, exibia uma rotina de ostentação em suas redes sociais. Suas publicações incluam viagens para lugares paradisíacos e idas a estabelecimentos de luxo. 

No apartamento de Mariana, a Polícia encontrou dois fuzis 556, uma submetralhadora 9mm e uma pistola 9mm, além de munições. A prisão ocorreu no âmbito da Operação "Paiol", instaurada para combater o crime organizado nas regiões de Sumaré, Hortolândia e Campinas.

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Mariana Fragoso expunha vida de luxo nas redes sociais. (Reprodução/Instagram)

"A investigada informou aos agentes que realizava a guarda das armas e munições. A suspeita foi levada para a sede da DISE e, após as medidas de polícia judiciária, foi conduzida à Cadeia Pública de Paulínia", diz a nota oficial da Polícia. 

De acordo com o R7, mulher também disse à Polícia que recebia cerca de R$ 1.000 por mês para manter o armamento em casa. Além disso, ela estava com um teste de gravidez em mãos, alegando que acabara que descobrir uma gestação. 

O site também afirma que Mariana alugava armas para criminosos, embora não tenha indicado os nomes dos donos das armas na conversa com os policiais. Apesar disso, os investigadores acreditam que conseguirão mais informações sobre o esquema no celular da mulher, que foi apreendido. 

Redes sociais

As publicações da mulher, em redes sociais, expondo lanchas em praias e diversos procedimentos estéticos, geraram desconfiança sobre a origem de seus rendimentos. No Instagram, Mariana é seguida por mais de 11 mil pessoas.

O senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) afirmou neste sábado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma "desinformação grave" sobre o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) de sequestrar o parlamentar. Na semana passada, o petista disse acreditar em uma "armação do Moro" ao comentar o caso. O ex-juiz participou no sábado da 9ª edição do Brazil Conference, de um painel sobre regulação de fake news.

Para o senador, o presidente deu um mau exemplo em matéria de desinformação ao falar de uma "armação". Moro disse ainda ver com preocupação a proposta da atual gestão de criar uma entidade autônoma para supervisionar se as plataformas estão cumprindo normas de regulação. O governo encaminhou sugestões ao projeto de lei das Fake News, de relatoria do deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). O ex-juiz afirmou ver risco de censura nas proposições.

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O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius de Carvalho, outro painelista da mesa, rebateu o ex-juiz. "Tenho a certeza que não é nem um pouco a intenção do governo Lula censurar o que as pessoas dizem ou não dizem nas redes sociais. O governo Lula não é o governo Bolsonaro", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um novo procurador da República vai assumir a investigação sobre o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar o senador Sérgio Moro (União-PR).

Depois de pedir o arquivamento do inquérito na esfera federal e sugerir a transferência do caso para o Ministério Público de São Paulo, o procurador José Soares foi substituído pelo colega Adrian Pereira Ziemba.

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Ao manter a investigação na Procuradoria em Curitiba, a 2.ª Câmara de Coordenação e Revisão Criminal do Ministério Público Federal (MPF) deixou expresso que Soares poderia pedir, 'com fundamento em sua independência funcional, a designação de outro membro' do MPF para conduzir o inquérito.

O pedido dele também foi negado pela juíza Gabriela Hardt, substituta na 9.ª Vara Federal Criminal de Curitiba.

A investigação começou no início de fevereiro, depois que um ex-integrante da facção jurado de morte delatou o plano. Os próximos passos incluem a tomada de depoimento dos suspeitos presos e a perícia nos celulares, computadores e documentos apreendidos na Operação Sequaz.

O procurador responsável inicialmente pelo inquérito defendeu que o caso deveria ser remetido para São Paulo porque o plano foi descoberto pelo Ministério Público do Estado. Ele também afirmou que os crimes investigados devem ser processado na Justiça estadual.

Por enquanto, o entendimento do MPF e da Justiça Federal no Paraná é que a transferência seria prematura.

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP) instaurou um inquérito para apurar o envolvimento de policiais civis e militares no vazamento de dados do sistema de inteligência estadual. As informações restritas podem ter sido usadas no caso do plano de sequestro do senador Sergio Moro (União). 

A investigação começou depois que a Justiça Federal do Paraná retirou o sigilo do inquérito que apura a articulação do PCC. Em uma das mensagens interceptadas pela Polícia Federal no começo de fevereiro, um integrante da facção solicita dados sobre o deslocamento de uma viatura através da consulta pelo Sistema Detecta. 

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Utilizada pela segurança pública de São Paulo desde 2014, o sistema integrado de inteligência é usado para fiscalizar o trânsito e localizar criminosos. Ele possui três mil câmeras, fotos e informações sobre foragidos, desaparecidos e dados sobre a situação de veículos. 

O crime apurado pela 4ª Delegacia da Divisão de Crimes Cibernéticos (DCCIBER), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), é de invasão de dispositivo informático. O Ministério Público ainda não representou sobre o caso. 

A opinião pública digital reagiu mal às falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao ex-juiz e atual senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), segundo dados do Monitor Genial/Quaest de redes sociais. O levantamento mostra que a declaração do petista sobre uma suposta "armação de Moro" atingiu 93% de reação negativa no Twitter. Lula analisou como armação a operação deflagrada pela Polícia Federal na semana passada para neutralizar os planos do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar autoridades, incluindo o hoje senador.

As reações negativas, entretanto, começaram logo no começo da semana com a primeira declaração do presidente sobre um desejo que tinha quando preso. Segundo Lula, em todas as visitas que recebia, as autoridades lhe perguntavam se estava bem e ele dava a mesma resposta: "Só vai ficar bem quando eu f***r com o Moro". Essa fala fez com que as menções positivas do presidente nas redes sociais, que ficavam em uma média de 53% desde o começo do mandato, não chegassem a 20%, pior índice da série histórica.

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Essa mesma declaração sobre o pensamento enquanto preso gerou mais de 358 mil menções nas redes, sendo que menos de 10% foram em defesa do petista. As críticas defendiam uma suposta ameaça de Lula contra Moro e, portanto, um possível crime de responsabilidade, passível de impeachment. Esse discurso foi protagonizado pela oposição e serviu de justificativa para o deputado Bibo Nunes (PL-RS) abrir um pedido de impeachment contra o presidente.

A narrativa da defesa foi que as falas enfatizaram um pensamento do passado. Como mostrou o Estadão, ministros disseram que Lula sempre chora ao comentar os 580 dias que passou na prisão por ordem de Moro.

O levantamento também mostra que Lula conseguiu converter alguns apoios para críticas após a sua segunda declaração, sobre uma suposta "armação de Moro". O assunto alcançou o patamar de conteúdo mais comentado no dia, com 812 mil menções, sendo que 93% delas eram negativas para Lula.

O Monitor Genial/Quaest de redes sociais é um monitoramento digital realizado pela Quaest em parceria com a Genial Investimentos. Essa pesquisa levou em consideração considerou menções relacionadas à polêmica entre Lula e Moro no período de 0h do dia 21 de março até 16:30h do dia 24 de março.

A Polícia Federal diz não ter dúvidas da aplicação de valores oriundos do tráfico de drogas para o financiamento das ações da quadrilha ligada ao PCC que planejava sequestrar o senador Sergio Moro. Durante as investigações que culminaram na Operação Sequaz, nessa quarta-feira (22), com a prisão de nove investigados, a corporação levantou diversos bilhetes e anotações que mostram a contabilidade do crime. Somente um dos informes chega a listar gastos de R$ 500 mil.

Ao requerem as diligências, os investigadores argumentaram à Justiça Federal que o patrimônio identificado em nome de terceiros é 'parte vital' das ações policiais para a 'completa desarticulação dos crimes em apuração'. A PF destaca que, com a prisão dos líderes do grupo, o patrimônio é novamente absorvido pela organização criminosa para continuar a prática dos mesmos delitos.

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"A prova disso está na anotação sobre os "cofres" onde se citam claramente Nadim e Tobe, ambos mortos pelo PCC e naturalmente as armas sob a responsabilidade deles foram deslocadas para continuar com a mesma missão anterior, qual seja, o ataque a autoridades públicas. No caso concreto, tanto o resgate de Marcos Willian, vulgo Marcola quanto o sequestro (e morte) do senador Sergio Moro", ressaltou a corporação.

Segundo a PF, os 'cofres' - locais onde são armazenadas armas da facção - pertencentes a 'Nadim' e 'Tobe', que foram mortos pelo próprio PCC, hoje estão sob guarda de Janeferson Aparecido Mariano, o 'Nefo', principal articulador do plano de atentado contra Moro. O líder da quadrilha alvo da Sequaz é apontado como um dos líderes da Restrita, núcleo do PCC encarregado de eliminar ex-integrantes da facção e atacar autoridades e agentes públicos.

A Operação Sequaz mirou não só investigados diretamente envolvidos com o planejamento do sequestro de Moro - os quais foram responsáveis por vigiar os passos do senador e alugar imóveis que serviram de base para o grupo -, mas também integrantes do 'alto escalão' do PCC, apontados como mentores do atentado, atuando como líderes da 'Restrita'.

Ao argumentar que o dinheiro do PCC abasteceu o plano de sequestro de Moro, a PF também cita áudios encontrados em conta na 'nuvem' de Claudinei Gomes Carias, o 'Nei', braço-direito de 'nefo'.

Segundo a corporação, o áudio 'deixa claro que se a prestação de conta não for enviada no tempo certo, a financeira da Bolívia que vai cobrar eles'. Para a PF, a mostra que o dinheiro que é recebido pelos investigados vem do tráfico de drogas.

Analisando os mesmos áudios, os investigadores viram indícios de que parte dos integrantes da quadrilha desviou valores para proveito próprio. Em uma das conversas, 'Nei' encaminha prestação de contas com números que 'causam estranheza' a seu interlocutor, ainda não identificado pelos investigadores.

A PF usou o caso para argumentar como seria 'relevantíssima a indisponibilização dos bens': "Com a provável prisão dos integrantes do grupo, esses objetos voltarão para a organização e continuarão a financiar esse tipo de atividade criminosa'", assinalou a PF.

Apontada pela Polícia Federal (PF) como mulher do 'cabeça' do plano de atentado contra o senador Sérgio Moro (União-PR), Aline de Lima Paixão recebeu autorização para aguardar a investigação em liberdade. Ela havia sido presa na quarta-feira, 24, na Operação Sequaz, que revelou as articulações do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar e matar o ex-juiz da Lava Jato. Com a decisão, Aline será monitorada por tornozeleira eletrônica.

A investigação afirma que ela 'agiu diretamente na consecução do plano criminoso'. Aline teria armazenado códigos criados pelos criminosos para se referir aos comandos e aos alvos do plano Sérgio Moro era 'Tókio' e sequestro era 'Flamengo'.

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"Vou te mandar umas mensagens que são códigos para eu não esquecer e ter aí quando chegar. Então não apaga. É importante para mim, ok amor?", escreve Janeferson Aparecido Mariano Gomes, apontado pela testemunha que delatou o plano como o responsável por arquitetar toda a ação. "Tira print e guarda isso aí. Vou apagar aqui para todos, ok? Entendeu?", diz outra mensagem enviada na sequência.

Além do auxílio ao plano, ela também teria um papel importante na contabilidade da organização criminosa, segundo a PF.

A juíza Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba, autorizou a soltura porque Aline tem filhos menores de 12 anos. Essa é uma orientação do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Considerando a excepcionalidade de prisão de mães com filhos menores (até 12 anos), entendo que a substituição da prisão preventiva por medidas cautelares diversas, no caso, é medida que se impõem", diz um trecho da decisão.

Além da tornozeleira, ela está proibida de manter contato com os outros investigados e precisará ficar em casa no período noturno. Durante o dia, não pode ultrapassar os limites da cidade de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo.

Nove pessoas foram presas por suspeita de participação no plano de atentado a autoridades. Até o momento, Aline foi a única colocada em liberdade.

O plano foi delatado por um ex-integrante da facção criminosa, jurado de morte, em depoimento ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP). Ele forneceu números de celular de pessoas próximas a Janederson, que foram grampeados pela Polícia Federal. A partir daí, a investigação identificou que os criminosos levantaram informações pessoais do senador e de sua família, monitoraram endereços ligados ao ex-juiz e chegaram a alugar imóveis para colocar o plano em prática. A PF desconfia que eles cogitaram agir no segundo turno da eleição.

A retaliação ao senador teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos - Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos 'cabeças' da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.

Antes de abrir a Operação Sequaz nesta quarta-feira, 22, e prender nove integrantes de uma quadrilha ligada ao PCC que planejava sequestrar o senador Sérgio Moro, a Polícia Federal vigiou os investigados em uma casa alugada pelo grupo para servir como base do crime. A residência localizada no bairro Jardim Social, em Curitiba, tem duas edificações.

Os agentes da PF não só observaram a movimentação de entrada e saída do imóvel, mas também usaram drones para tentar flagrar os investigados dentro da residência. Verificaram, em dias alternados, luzes acesas e sacolas de lixo. Também observaram que existiam roupas masculinas no varal da casa dos fundos e toalhas estendidas na casa da frente.

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As diligências em endereços usados pela quadrilha para arquitetar o plano contra Moro levaram à avaliação da juíza Gabriela Hardt - responsável pela decisão que abriu a Sequaz - de que os endereços estavam sendo utilizados pela organização criminosa.

Segundo a juíza, os atos sob suspeita 'estão efetivamente em andamento em Curitiba há pelo menos seis meses, contando com a presença física dos investigados, compra de veículos, aluguel de imóveis e monitoramento de endereços e atividades' de Moro.

Os investigadores chegaram os endereços após vasculharem as contas de e-mails da quadrilha e identificarem diversos documentos com 'prestação de contas' dos gastos com o plano de sequestro de Moro. Nas listas, é possível verificar valores dispendidos com aluguéis.

Além disso, com base na análise de chamadas, os investigadores observaram que a quadrilha buscava imóveis que não só serviriam de base para o grupo criminoso, mas também para um possível cativeiro, no caso de êxito no sequestro do senador.

A PF aponta também que os criminosos alugavam imóveis para servirem de 'paiol' - locais de armazenamento de armas e manutenção de cofres. A quadrilha ainda visitou chácaras na região de Contenda e São José dos Pinhais.

A corporação vasculhou imagens armazenadas nas contas em 'nuvem' da quadrilha e verificou fotos de áreas de lazer, casas e móveis, 'denotando indícios de que os imóveis fazem parte dos levantamentos para montagem das bases da facção em Curitiba'.

No Paraná, os investigadores constataram que o líder da quadrilha Janeferson Aparecido Mariano, o 'Nefo', e seu braço-direito Claudinei Gomes Carias, o 'Nei', alugaram inicialmente um apartamento e uma casa em Curitiba. No entanto, 'por causarem transtornos' no prédio e não pagarem os valores devidos, foram procurados tanto pelo síndico do edifício quanto pela imobiliária.

Os agentes chegaram a visitar o prédio em questão, localizado no bairro Jardim Botânico, em Curitiba. Segundo os investigadores, o posicionamento é 'privilegiado para fugas', uma vez que é próximo da Rodoviária de Curitiba e no caminho para o Aeroporto de São José dos Pinhais, 'auxiliando tanto em um deslocamento para a prática de crime, quanto para a saída em locais de fácil deslocamento'.

A PF conversou com os condôminos, sendo que uma moradora lembrou que, em setembro e outubro do ano passado, três homens se hospedaram em um apartamento do prédio e 'de uma hora para outra', abandonam o local sem comunicar nada e sem pagar o devido aluguel.

Os investigadores levantaram fotos dos veículos que foram estacionados na garagem durante a estadia dos investigados no prédio, identificando um carro blindado, com comunicação de venda para o pai de uma outra investigada, Hemilly. A PF chegou a levantar a hipótese de que o veículo poderia ser usado no crime planejado pela quadrilha.

Outro endereço visitado pela Polícia Federal foi a primeira casa alugada pela quadrilha. Segundo uma das vizinhas ouvidas pelos investigadores, durante a estadia do grupo, foram realizados alguns churrascos no local. A vizinha também relatou que 'eram muito bagunceiros e deixavam muito lixo espalhado, mas conversavam pouco'.

Em meio às anotações dos criminosos, a Polícia Federal identificou o uso da expressão 'nova locação casa' chegando ao novo endereço usado pela quadrilha no bairro Jardim Social, em Curitiba. De acordo com a PF, 'Nei' comprou duas camas que foram entregues na residência.

Analisando conversas mantidas por 'Nei', a PF identificou que o número 2 da quadrilha se referia à casa e ao apartamento que foram alugados inicialmente pelo grupo como 'primeira casa' e 'apartamento'. Já a expressão 'segunda casa' faz referência ao imóvel localizado no bairro jardim social, havendo ainda uma edificação nos fundos do mesmo terreno, a 'casa do fundo'.

Em representação à Justiça, o delegado Martin Purper destacou que a casa locada pelos criminosos fica entre o escritório de advocacia da família Moro e um antigo apartamento, que é próximo da atual moradia da família. Ainda de acordo com o chefe da Operação Sequaz, o endereço é 'totalmente compatível' com o histórico de movimentação de 'Nei'.

'Iminência'

Ao requerer as medidas da Operação Sequaz à Justiça Federal, a Polícia Federal alegou 'iminência' do plano de sequestro de Moro argumentando que o líder da quadrilha, Janeferson, e sua mulher Aline de Lima Paixão, se mudaram no início de fevereiro 'buscando cadastrar todos os dados em nome de terceiros, notoriamente para tentarem ficar invisíveis quando do cometimento dos gravíssimos delitos'.

Os investigadores também sustentaram que o número 2 do grupo, Claudinei, um dos responsáveis pelos levantamentos e vigilâncias sobre as vítimas, 'apresenta constantes deslocamentos ao Paraná, não deixando qualquer dúvida que o crime está se concretizando em Curitiba'.

Considerando ainda que as vigilâncias, deslocamentos para a capital paranense e outras ações da quadrilha ocorrem desde meados de agosto de 2022, a Polícia Federal alegou que a 'situação do plano é de estabilidade nos propósitos ilícitos'.

O vice-presidente Geraldo Alckmin publicou um vídeo em rede social, nesta quinta-feira (23), defendendo e parabenizando a ação da Polícia Federal (PF) em deflagrar uma investida para desarticular um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) contra o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR). A publicação foi feita horas depois do presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar que o caso seria uma "armação" do ex-juiz da Lava Jato.

"O governo Lula não se curvará diante de ameaças criminosas. O Estado brasileiro não admitirá ameaças à ordem pública e nem ameaças à sua população", disse Alckmin. O vice-presidente também parabenizou o Ministério Público de São Paulo e o Ministério da Justiça, além dos funcionários de segurança pública.

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Em visita ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ) nesta quinta-feira (23), Lula afirmou que as suspeitas do caso são uma "armação" de Moro. As falas contradisseram declarações do ministro da Justiça, Flávio Dino, que tinha conhecimento havia 45 dias das investigações e chamou de "mau-caratismo" a tentativa de politizar "uma operação séria".

"Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Eu vou pesquisar e saber o porquê da sentença. Até porque fiquei sabendo que a juíza (Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba) não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele", disse.

Na quarta-feira, a Operação Sequaz foi deflagrada pela Polícia Federal para desmantelar um plano que mirava o ex-juiz Sérgio Moro. A ofensiva ocorreu cerca de 45 dias após o início das investigações. A PF foi acionada pelo Ministério Público de São Paulo, que identificou risco à segurança de Moro e também do promotor de Justiça Lincoln Gakiya. Mais de cem agentes foram às ruas cumprir 11 mandados de prisão em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. O efetivo vasculhou 24 endereços.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT), tentou minimizar os ruídos causados pela fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que os desdobramentos da operação da Polícia Federal (PF) que identificou planos da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) seriam uma armação do próprio parlamentar.

Em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, Pimenta disse que a declaração de Lula a respeito da ação da PF não tinha o intuito de questionar o trabalho da instituição, mas sim "o conjunto de coincidências" envolvendo atores da Lava Jato no caso e o "método" de repercussão utilizado por Moro ao comentar a operação. As criticas também se referem ao "timing" da decisão que revelou o plano de sequestro do senador.

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Um dos exemplos citados pelo ministro sobre o método de divulgação do caso foi a publicação de Moro no Twitter na última terça-feira (21) repercutindo a fala de Lula sobre pensar em "f..." o hoje o senador, no período em que esteve preso na carceragem da PF em Curitiba.

Interlocutores do presidente também atribuem a fala desastrada à instabilidade emocional provocada toda vez que ele se lembra do tempo em que esteve preso. Ministros dizem que ele sempre chora ao comentar os 580 dias que passou na prisão por ordem de Moro. Eles reconhecem o dano causado pelas falas dele nesta quarta-feira (22), mas contemporizam dizendo que normal diante do que vivenciou com Moro.

"O que gera o questionamento foi esse conjunto de coincidências, fatos, que acabam trazendo revolta e toda uma memória sobre um método que foi utilizado contra ele (Lula) várias vezes, com os mesmos personagens. Muito mais do que como presidente, mas como ser humano, é natural o sentimento de indignação", disse Pimenta. "Mas em nenhum momento ele questiona o trabalho da Polícia Federal e do Ministério da Justiça. Muito pelo contrário, o presidente tem consciência do trabalho da Polícia Federal". explicou.

Como mostrou o Estadão, o Planalto decidiu agir para frear a repercussão negativa das falas de Lula. Na última quarta-feira, 22, Pimenta já havia convocado uma coletiva de imprensa às pressas na tentativa de explicar as xingamentos do presidente a Moro em referência ao período na prisão. Hoje, o ministro da Secom foi novamente escalado para divulgar a versão da Presidência sobre os posicionamentos recentes de Lula.

Ao mencionar os "mesmos personagens", Pimenta se referia à juíza Gabriela Hardt, que determinou nesta quinta-feira, 23, a suspensão do sigilo das investigações sobre o plano de sequestro do senador. A decisão da magistrada foi dada cerca de uma hora após a fala de Lula questionar o despacho feito por ela e chamar de "armação do Moro" o desenrolar do caso.

"Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro. Eu vou pesquisar e saber o 'porquê' da sentença. Até porque fiquei sabendo que a juíza (Gabriela Hardt, da 9.ª Vara Federal de Curitiba) não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele", disse Lula durante visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio.

Hardt foi substituta de Moro na 13ª Vara Federal de Curitiba durante a operação Lava Jato e já chegou a condenar Lula a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção passiva no caso do Sitio de Atibai. As decisões da juíza acabaram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou o foro do Paraná incompetente para julgar Lula.

O deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) criticou as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) da manhã desta quinta-feira, 23, quando disse que o plano do PCC para assassinar o senador Sérgio Moro (Podemos-PR) poderia ser uma "armação" do ex-juiz federal.

"Lula disse que a investigação do atentado do PCC contra Sérgio Moro é uma "armação do Moro", atacando as instituições e agindo de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo, o que configura crime de responsabilidade", disse. "Em vez de se colocar ao lado da lei, das forças de segurança e das vítimas, Lula se colocou ao lado do PCC", afirmou o ex-procurador da República.

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Durante uma visita ao Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, nesta manhã, Lula se pronunciou junto de apoiadores a respeito da Operação Sequaz, que desarticulou um plano da facção criminosa para assassinar o ex-juiz federal Sérgio Moro e o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, além de outras autoridades. "Quero ser cauteloso. Vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro", disse o presidente.

As presenças do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e da ministra do Turismo, Daniela do Waguinho, também foram objeto de crítica do deputado. "Ambos investigados por crimes que o negacionismo petista não vê", disse Dallagnol.

Sérgio Moro também rebateu as afirmações do presidente durante uma entrevista concedida à CNN no começo da tarde. "Se acontecer algo, a responsabilidade é de Lula", disse o senador. Ele também afirmou que aguarda uma retratação do petista e reiterou a expectativa de que seu projeto de lei, apresentado nesta quarta, 22, receba apoio da chefia do Executivo. A proposta legislativa visa punir a premeditação de atentados contra autoridades públicas.

Endereços ligados ao senador Sérgio Moro (União-PR) estariam sendo monitorados há meses por membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). Os criminosos planejavam sequestrar o ex-juiz da Operação Lava Jato em um ousado plano para tentar resgatar Marcola, uma das lideranças da facção.

A Polícia Federal (PF) encontrou filmagens da fachada do prédio onde o ex-juiz morava em Curitiba, o que indica que os criminosos montaram campana em frente ao apartamento.

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Outro endereço de interesse foi o local de votação do ex-ministro. Os investigadores encontraram um relato detalhado de reconhecimento, com descrição de acessos, câmeras, segurança e rotas. A PF acredita que os traficantes tenham cogitado agir no segundo turno da eleição.

"As ações para a concretização do ataque ao Senador Sergio Moro iniciaram-se, efetivamente, em setembro do ano passado, justamente no período eleitoral, quando o atual Senador era candidato ao cargo ocupado nos dias de hoje. Vale lembrar que Sergio Moro permaneceu com escolta por 180 dias, o que expirou em 24/10/2021, motivo pelo qual ocorreu uma janela de oportunidade interessante para os criminosos", reportou o delegado Martin Bottaro Purper à Justiça Federal.

Os membros do PCC fizeram uma longa pesquisa sobre a vida do ex-juiz. Nas anotações descobertas pela Polícia Federal, consta até os bens declarados por Moro no Imposto de Renda. Informações sobre a filha dele, como universidade e estágio, também foram levantadas.

"Importante destacar que as anotações não se referem apenas ao senador, mas à sua esposa e filhos, indicando que eles também podem ser alvo dos criminosos", alertou o delegado.

Os investigadores acreditam que facção tenha alugado mais de um imóvel em Curitiba para usar como base na execução do plano.

A retaliação teria sido motivada por mudanças nas regras para visitas a detentos - Moro proibiu as visitas íntimas em presídios federais quando era ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro. Como ministro ele também coordenou a transferência e o isolamento dos 'cabeças' da organização criminosa nos presídios de segurança máxima.

O plano, que envolveria ainda atentados contra policiais e agentes penitenciários, foi tornado público nesta quarta-feira, 22, na Operação Sequaz, que prendeu nove suspeitos.

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