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A queda do preço do petróleo afetou os negócios na maior feira mundial do setor, a Offshore Technology Conference (OTC), que terminou no início da noite desta quinta-feira, 7, em Houston, Texas, nos Estados Unidos. Um dos principais indícios foi a queda de 13% no número de participantes este ano na comparação com 2014, de acordo com um balanço divulgado no final do evento.

A feira, que começou na última segunda-feira, 4, teve 94,7 mil participantes de 130 países, entre executivos, investidores, analistas e funcionários de companhias do setor, ante recorde de 108,3 mil no ano passado. Apesar do menor público, a OTC teve este ano a maior área de exibição em seus 47 anos de existência, atraindo 2,7 mil companhias. "A OTC continua trazendo o mundo inteiro para Houston", disse o presidente ("chairman") da feira, Ed Stokes. Apesar da queda de público, ele ressalta que o total de participantes este ano foi o sexto maior nos 47 anos da feira.

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Uma das razões para o crescimento da área de exibição é que os contratos foram fechados no primeiro semestre do ano passado, antes, portanto, de os preços do petróleo começarem a despencar. Já a queda do público é reflexo do corte de gastos que vem marcando o segmento no mundo todo, destaca o secretário-geral do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Milton Costa Filho.

2016

A OTC de 2016 foi marcada para os dias 2 a 5 de maio. A expectativa é de que a reunião do ano que vem também sinta os efeitos da queda do petróleo, pois muitos dos contratos estão sendo fechados agora. Por isso, espera-se um tamanho menor da feira no ano que vem, ressalta o conselheiro do IBP, João Carlos de Luca.

Em outubro, será realizada a OTC Brasil. Segundo Luca, o evento, no Rio, pode não ter o mesmo tamanho da edição anterior, também refletindo o ambiente no segmento de corte de custos. Mas ele ressalta que a feira vai acontecer logo depois da 13ª rodada de licitações de petróleo e gás, marcada para 7 de outubro, e com o governo sinalizando mudanças na regulação para o setor.

A perspectiva de flexibilização das regras foi um dos fatores que ajudaram a aumentar o interesse na OTC deste ano dos investidores e empresas de petróleo e gás pelo Brasil, ressalta Luca. Os eventos do Brasil tiveram lotação esgotada, a Petrobras teve agenda cheia de reuniões e várias companhias estrangeiras mostraram interesse em fazer parceira com companhias brasileiras.

A Petrobras veio reticente para a feira de petróleo Offshore Technology Conference (OTC), a maior do mundo, com 108,3 mil participantes inscritos, mas o interesse de empresas e investidores americanos em fazer negócios no Brasil acabou se mostrando muito elevado. A avaliação é do assessor da presidência da Petrobras para Conteúdo Local e coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), Paulo Alonso.

"Viemos para cá um pouco reticentes porque o Brasil, os nossos indicadores macroeconômicos estão complicados, o País não está crescendo", ressaltou. "E o que vimos quando chegamos aqui é que os americanos não estão nem aí para isso", completou, afirmando que nas conversas reservadas com as empresas do setor durante a OTC tem ouvido dos investidores e empresários que a situação ruim atual do Brasil é conjuntural.

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"Saímos do Rio com uma agenda mais ou menos estruturada. Mas depois apareceram muitas demandas de empresas pedindo para se reunirem conosco", disse ele em rápida conversa com jornalistas nesta quarta-feira. A agenda de encontros com as empresas estrangeiras segue na quinta-feira, 7, último dia da feira em Houston.

Mais cedo, Alonso fez uma apresentação em que voltou a mostrar oportunidades de negócios para investidores estrangeiros na cadeia do setor de petróleo e gás do Brasil. A associação com uma empresa brasileira é uma das melhores formas de entrar no País, afirmou. "A revisão do plano estratégico está acontecendo. É hora de os fornecedores irem para o Brasil."

Ele ressaltou que a Petrobras não poderia falar da demanda que terá por equipamentos e serviços porque o número vai estar no novo plano de negócios da empresa, que deve sair em cerca de "40 ou 50 dias". "Posso assegurar que a demanda será importante, sustentável", disse, citando que os contratos já fechados somaram US$ 100 bilhões entre 2015 e 2020.

Nas apresentações, a Petrobras não tem sido questionada pelos investidores sobre o escândalo de corrupção e a operação Lava Jato. As principais dúvidas levantadas pelos investidores são sobre a legislação brasileira, especificidades do mercado local e as regras do setor no país.

Sete Brasil

A Petrobras está fazendo um completo redesenho financeiro do projeto de sondas envolvendo a Sete Brasil, disse Alonso, afirmando que o Banco do Brasil está na liderança do projeto, mas sem dar maiores detalhes. "Aconteceram muitas variáveis na indústria do petróleo. Todas as petroleiras estão revendo seus planos de negócios", disse ele.

Dona do maior programa de investimento da área de petróleo no mundo e de contratos cobiçados por empresas de diferentes países, a Petrobras, para frustração de fornecedores, este ano terá presença discreta na OTC - a mais importante feira offshore do setor que começa nesta segunda em Houston, no Texas.

A companhia - no momento em intensa discussão sobre novas estratégias para conteúdo local e sobre como concretizar investimentos bilionários com sondas no Brasil para fomentar a indústria nacional - enviou poucos nomes de peso ao evento americano. Tampouco terá seu tradicional estande no local onde estarão mais de 2.500 empresas de mais de 40 países.

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Ao mesmo tempo, permanece forte entre estrangeiros o interesse no Brasil e nas oportunidades do pré-sal, já que além do investimento recorde da Petrobras a região tem liderado as grandes descobertas de óleo no mundo. A palestra/almoço com a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, está com ingressos esgotados desde a semana passada. Também são concorridos painéis técnicos sobre tecnologias ligadas à exploração do pré-sal.

De Magda, executivos querem detalhes regulatórios sobre como acessar o mercado brasileiro e aguardam com expectativa sinais de quando será realizada uma nova rodada de licitações de blocos exploratórios pela ANP, o que não ocorre desde 2008.

Empresários reunidos ontem num tradicional churrasco para brasileiros, que desde 1993 acontece no domingo que antecede a feira nos subúrbios de Houston, mantinham as esperanças de que uma rodada possa acontecer ainda neste ano. Estavam presentes entre a centena de convidados no jardim bucólico de um empresário do setor representantes do alto escalão do Grupo EBX, da Andrade Gutierrez, da Sete Brasil, entre outras.

A OTC acontece duas semanas após a presidente da Petrobras, Graça Foster, ter recebido em Brasília a secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Hillary mostrou interesse em participar da exploração do pré-sal. Em resposta, Graça Foster disse que fornecedores americanos são bem-vindos à companhia. Mas Graça não estará na OTC. Esta semana, tem na agenda uma viagem para a África em comemoração ao aniversário do BNDES.

Da Petrobras, os principais nomes presentes na OTC são Carlos Tadeu, do centro de pesquisas da companhia (Cenpes), cotado neste ano duas vezes para uma diretoria na empresa, e Solange Guedes, da Engenharia de Produção.

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