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Terça-feira, 25 de setembro de 2012. Nesse dia era inaugurado o Centro do Artesanato de Pernambuco (CAPE). Com um investimento de R$ 6,5 milhões, o espaço dedicado à difusão da produção artesanal pernambucana conta com um auditório, área de exposições, Centro de Atendimento ao Turista e um restaurante com capacidade para 400 pessoas. 

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Ligado a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, o equipamento foi o primeiro a ficar pronto do projeto de reforma do Porto do Recife. Hoje são 660 artesãos inscritos, que enviam suas peças para que sejam vendidas no local. Eles não precisam pagar nenhuma taxa por isso, mas para poder ter seu trabalho exposto é preciso passar por uma curadoria que avalia três peças diferentes.

Peças em cerâmica são os produtos com maior saídaA assessora do espaço Taís Machado explica as condições necessárias para que o artesão possa participar do CAPE. "Ele precisa tirar a Carteira do Artesão, aqui no Centro do PAB (Programa do Artesanato Brasileiro) e submeter as três peças para avaliação da curadoria. Quando aprovado suas peças são postas à venda sem nenhum custo ao artesão, então se ele disser que ela custa R$ 10, ele vai receber R$ 10 por ela quando vendida. O que acontece é que estabelecemos uma taxa de 25% a mais do valor para que possamos arcar com os custos de pessoal e de manutenção".

O ambiente climatizado, localizado ao lado do Marco Zero do Recife é ponto de encontro de turistas e moradores da capital e de outras cidades do Estado. Conhecidamente um dos principais produtores de artesanatos do Brasil - vide as diversas feiras especializadas no ramo que ocorrem  durante todo o ano - o CAPE foi criado para tentar aproximar quem compra de quem faz o artesanato.

"Você pode reparar que em cada peça tem uma tag, uma etiqueta. Nela consta não só o valor do produto, mas também o nome de quem fez e o contato, assim quem deseja, por exemplo, encomendar para uma entrega pode falar direto com o artesão, já que a gente não realiza esse tipo de serviço", diz Taís Machado.

Hoje são mais de 20 mil peças no estoque, que está sempre em constante movimento. "Recebemos material constantemente, especialmente de cerâmicas, que são mais baratas e possuem grande rotatividade. São cerca de 5 mil pessoas comprando semanalmente no espaço, número que aumenta quando tem a ciclofaixa e outros atrativos nas imediações", comenta a assessora.

Dalva Dias elogia o conforto e a facilidade de acesso ao localMachado ressalta que mais de 50% do público comprador é formado por pernambucanos, como a relações públicas Chussely Souza Lima. Ela que vem ao espaço pela terceira vez conta que sempre volta com as mãos cheias de sacolas. "Em outras cidades a gente encontrava espaços assim, é muito importante ter um centro como esse aqui no Recife". Ela destaca o conforto e a acessibilidade do CAPE.

"Aqui tem um bom acesso, é bem mais confortável. Temos uma bela vista também, é muito mais atrativo vir para cá". E continua: "A variedade de peças de qualidade aqui também é bem maior, a gente pode escolher qualquer coisa aqui para presentear sem medo de errar. Eu organizo eventos e trouxe os visitantes para cá das outras vezes", conta. Dalva Dias de Souza concorda com Chussely. Ela, que é cadeirante, chegava ao lugar pela primeira vez e afirma que o Centro "É muito agradável,  uma das coisas boas é que aqui eu posso me movimentar. Os espaços, o ambiente é muito bonito. Eu voltarei aqui com certeza".

 

Célia Novaes: a coordenadora do PAB em Pernambuco

Célia Novaes conta que é chamada de mãe por alguns artesãos

Ainda durante o governo Arraes, a cientista social Célia Novaes começou o seu trabalho para cadastrar os artesãos pernambucanos. Hoje ela continua este trabalho, em uma sala reservada ao PAB - Programa do Artesanato Brasileiro - logo na entrada do Centro do Artesanato de Pernambuco. Aos setenta anos, ela mostra por que é chamada de mãe por alguns artesãos e fala com orgulho e segurança sobre o programa governamental de cadastro e fomento do artesanato.

"O PAB é um programa a nível nacional, antigamente se chamava PNDA, que ficava no Ministério do Trabalho até o governo Fernando Henrique, quando migrou para o Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior. Essa mudança se deu por que o artesanato é ponto de desenvolvimento de municípios e estados do país e é um dos principais produtos de exportação de algumas regiões", explica.

A cientista, que coordena o projeto pela segunda vez, conta que um dia pegou um carro, uma máquina de escrever, mandou fazer diversas carteirinhas em uma gráfica e foi junto a um motorista percorrer todo o estado de Pernambuco para cadastrar os artesãos de todos os municípios. "Quando o combustível acabou, tive que falar com meu marido para ele pagar e a gente poder voltar para casa. A sorte é que acabou bem na cidade em que ele era juiz, aí eu enchi o tanque e deixei para ele pagar depois".

Para a coordenadora, é bastante importante. "Ele mostra o artesão e o seu significado para o estado e para uma nação cultural", justifica. "Cada estado tem sua coordenação, eu coordenei no governo Arraes e voltei por que acredito no programa. Ele tem não só o desenvolvimento, mas também a capacitação dos artesãos", completa.

O cadastro no programa é completamente sistematizado hoje em dia. "Nós temos mais de cem municípios cadastrados que foram levantados por uma empresa licitada que percorreu as regiões do estado. Mas eu acredito que ainda tem uma grande quantidade de artesãos para serem cadastrados. E também acredito que o desejo de se cadastrar aumentou", afirma Novaes.

Tanto o Centro do Artesanato, quanto a Casa da Cultura possuem como grande chamariz a produção artesanal que ali é vendida, mas possuem uma grande diferença segundo a cientista social. "A Casa da Cultura é composta por uma grande maioria de comerciantes de artesanatos e aqui (Centro do Artesanato) nós vendemos diretamente do artesão. Mas os dois são orgãos que realmente dão certa força ao consumo do artesanato e do artesão".

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