Em 19 de junho de 1898, o cinegrafista italiano Affonso Segretto filmou sua chegada ao Brasil. O estrangeiro fez imagens do Rio de Janeiro e as compilou em um documentário, tido como o primeiro filme rodado em solo nacional e intitulado 'Uma vista da Baia de Guanabara'.
Mais de um século se passou desde então; a data foi imortalizada como o Dia do Cinema Nacional que hoje, em pleno século 21, pode olhar para trás e se orgulhar de sua história. Dos primeiros e parcos documentários produzidos após a chegada de Segretto, passando pelas chanchadas dos estúdios Atlântida, nos anos 1940; até o Cinema Novo, em 1960 e a pornochanchada, em 1970; chegando à Retomada, nos anos 1990, a produção cinematográfica brasileira foi ganhando quantidade e, sobretudo, qualidade, tendo títulos premiados internacionalmente e aclamados pela crítica especializada e pelo público.
##RECOMENDA##Confira 10 filmes que são prova da qualidade do cinema brasileiro:
O pagador de Promessas (Anselmo Duarte, 1962)
Considerado um marco no cinema nacional. Até hoje, único representante brasileiro a vencer a Palma de Ouro em Cannes, desbancando obras de aclamados diretores como Bresson. Também foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Segundo alguns críticos, é uma das maiores produções cinematrográficas do Brasil.
Terra em transe (Glauber Rocha, 1967)
Um dos mais celebrados da filmografia brasileira, o filme contém uma forte crítica social ao contar a história de um país fictício, Eldorado, em crise política. À época de seu lançamento, teve problemas com a censura brasileira e quase foi proibido. Também é muito elogiado pelo seu elenco, que traz nomes como Paulo Autran, Jardel Filho, José Lewgoy e Paulo Gracindo. Foi indicado à Palma e Ouro em Cannes e venceu o Prêmio da Crítica e de Melhor Filme no Festival de Havana, em 1967.
O bandido da luz vermelha (Rogério Sganzerla, 1968)
Este filme se tornou o símbolo do movimento chamado Cinema Marginal, nos anos 1960. Apresenta linguagem e temática transgressoras e tom debochado e crítico. Em 1968, conquistou o grande prêmio do Festival de Brasília, além de também ter sido premiado nas categorias figurino, diretor e montagem.
Pixote - A lei do mais fraco (Héctor Babenco, 1981)
Apesar de ter sido dirigido por um argentino, Héctor Babenco, o filme Pixote traz, em sua história, um forte retrato da realidade brasileira. O longa mostra o cotidiano de jovens abandonados nas ruas de São Paulo e foi indicado ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro.
Carlota Joaquina (Carla Camurati, 1995)
O longa dirigido por Carla Camurati é tido como a obra responsável pela retomada do cinema brasileiro, após amargar anos de enfrentamento à censura e de passar pela extinção da Embrafilme (empresa estatal de produção de filmes), no governo Fernando Collor de Mello. O filme traz uma revisão histórica do período colonial interpretada por grandes atores como Marco Nanini e Marieta Severo. Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Assunção, no Paraguai.
Central do Brasil (Walter Sales, 1998)
Outro grande responsável pela 'retomada', venceu diversos prêmios internacionais como o Urso de Ouro, no Festival de Berlim; o BAFTA, da Academia Britânica de Cinema; e foi o reperesentante brasileiro do Oscar em 1999 em duas categorias, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, para Fernanda Montenegro.
Cidade de Deus (Fernando Meirelles, 2002)
Este longa pode ser considerado um 'hit' da produção nacional. Ganhou a 21ª posição no ranking do site internacional IMDb (ultrapassando clássicos como O silêncio dos inocentes e Casablanca); foi escolhido pela revista Empire como o sétimo melhor filme de todos os tempos e pela Time como um dos 100 melhores filmes da história. Recebeu quatro indicações ao Oscar e consagrou Fernando Meirelles como o primeiro brasileiro indicado na categoria de Melhor Diretor.
Tropa de Elite (José Padilha, 2007)
Tropa de Elite é sucesso absoluto de público e é quase impossível contabilizar quantas pessoas o assistiram. O filme chegou tendo que brigar com a pirataria e, acredita-se que cerca de três milhões de brasileiros tenham assistido à produção antes mesmo de ela chegar às salas de cinema, através de DVDs piratas. Nas bilheterias, foram contabilizados quase dois milhões de espectadores pagantes apenas no primeiro mês em que esteve em cartaz. Ganhou o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim.
Aquarius (Kleber Mendonça Filho, 2016)
O badalado filme do cineasta Kleber Mendonça Filho estreou no festival de Cannes, na França, fazendo bastante barulho. Parte da equipe e do elenco fez um protesto contra o impeachment da então presidente Dilma Rousseff no tapete vermelho do festival. Percorreu com intensidade o circuito internacional e Associação Brasileira de Críticos de Cinema o elegeu como o melhor filme brasileiro daquele ano; o Sindicato Francês da Crítica de Cinema o considerou como Melhor Filme Estrangeiro; além de ter arrebatado diversos prêmios internacionais. Tudo isso sem falar na deslumbrante atuação da atriz brasileira Sônia Braga.
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