Na estrada há pouco mais de duas décadas, o rapper pernambucano Poema Liricista sempre dependeu dos próprios 'corres' para fazer sua música acontecer. Como todo artista independente, ele subverte as dificuldades práticas da lida com jogo de cintura, disposição e claro, muita rima. Agora, o músico está fazendo uma rifa para viabilizar seu terceiro EP, contando com a ajuda de amigos e do público.
O Liricista conheceu a cultura Hip Hop a fundo em 1997, mas só um pouco depois, nos anos 2000 deixou “de ser ouvinte para fazer seus próprios raps”. O músico passou por alguns grupos, como os já extintos Hipótese Real e Afetados pelo Sistema - esse último que originou posteriormente, o Sem Peneira pra Suco Sujo - e participou de vários feats com outros MCs e a Chave Mestra até que, a pedido do próprio público, resolveu bancar o caminho solo. “Eu tinha essa necessidade de lançar algo sozinho e alguns admiradores do trabalho já me cobravam isso. A galera queria me ouvir num EP solo, num single, então em 2014 eu lancei meu primeiro EP”, disse em entrevista ao LeiaJá.
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Com Versos Íntimos, seu primeiro trabalho solo na rua, Poema Liricista deixava de ser um MC “de participações” para rapidamente cravar um lugar de destaque na cena do rap pernambucano. Em 2017, um segundo EP, Atentado Poético, consolidou a carreira do rapper e o colocou, em definitivo, como um dos grandes nomes do cenário local. Esse trabalhos, e alguns outros singles já lançados podem ser conferidos nas principais plataformas digitais.
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Apostando no boombap e flertando com o trap, o Liricista investe pesado nas rimas. Suas composições passeiam por referências que vão do cinema à literatura, duas de suas paixões, e constroem discursos fortes e marcantes, que não passam alheios aos ouvintes: “Sempre busco trazer alguma coisa, eu gosto de fazer a galera, se não conhece aquilo ir atrás, conheço várias pessoas que passaram a conhecer livros e filmes através das referências das minhas músicas”, comemora o artista.
Trabalhando de forma independente desde o início da sua trajetória, o rapper pernambucano conhece de perto as dificuldades de bancar o próprio trabalho. Assim como muitos outros 'operários' da cultura, ele também tem passado por ‘perrengue’ para fazer acontecer durante a pandemia, no entanto, as redes e plataformas digitais têm ajudado a fidelizar o público e ainda atrair novos fãs.“Sem show, aumentou o número de ouvintes mensais nas plataformas, então percebi que mensalmente eu tava fazendo uma receita no Spotify e a esperança (agora) é fazer essa renda aumentar. Me aproximei mais do público, sempre recebo mensagens de pessoas que disseram que passaram a ler e assistir filmes depois das músicas, isso te motiva a continuar.
Rima e Rifa
Neste final de ano, Poema Liricista tem se dedicado à produção de seu terceiro EP. Ainda sem nome definido - provavelmente Retorno do Boombap -, o disco conta com algumas participações e uma parceria com o produtor LF Beatmaker. O álbum vai trazer bastante da pegada que consolidou o Liricista no cenário local do rap mas o músico previne que os planos podem mudar daqui até o lançamento do trabalho. “Sou bem imprevisível, pode ser que eu desmanche tudo e faça de novo”, brinca.
Já para viabilizar o projeto, o pernambucano está contando com a ajuda de parceiros e do próprio público. Para levantar o valor necessário para finalizar o álbum, Liricista lançou uma rifa com o valor de R$ 20. Os prêmios são tatuagens, biquínis e a colocação ou manutenção de dreadlocks. Tudo armado de forma coletiva entre artistas que também serão beneficiados com o resultado final do ‘corre’. “Eu tenho alguns amigos artistas, tatuadores e dreadmakers, eu acordei com a galera de ser quase como uma permuta. Fechei com a galera de dividir alguns valores. Todos nós vamos estar nos ajudando”. Aqueles que quiserem colaborar com o trabalho do rapper de outra maneira, pode também contribuir através do PIX 059.732.264-33. Mais informações através do @poemaliricista.