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Após se reunir com o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, o relator-geral do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que não há espaço na proposta orçamentária do próximo ano para que o governo induza a retomada do crescimento. "No orçamento de 2016, não há espaço para o anticíclico, para o governo movimentar a economia", disse Barros, em entrevista coletiva.

Sem dar detalhes, o deputado relatou ter tratado com Barbosa sobre compromissos assumidos pelo governo com o orçamento, aprovado pelo Congresso na semana passada. O novo ministro, segundo o deputado, também aproveitou a conversa para se colocar à disposição dos parlamentares.

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O relator afirmou que Barbosa tem uma visão desenvolvimentista e considera que é possível conciliar ajuste fiscal com alavancagem da economia feita pelo próprio governo. Mas o deputado ressalvou que isso é uma possibilidade desde que haja recursos para se realizar isso.

Barros disse que no orçamento do próximo ano há R$ 45 bilhões previstos para investimentos públicos. Ele destacou que o Congresso garantia a elevação de R$ 10 bilhões ao previsto inicialmente. Mas frisou que o valor para 2016 é "muito menor" do que foi investido dois, três anos atrás.

O relator afirmou que, de 2014 para este ano, os investimentos do governo federal já caíram 37% e, quando se computa a inflação, a queda chega a 45%. "Claro que isso diminui o impacto na economia", disse, ao enumerar que a redução dos investimentos do governo e da Petrobras implicaram, em suas contas, uma redução de 2,7% do PIB de 2015.

Barros admitiu que, no próximo ano, com certeza haverá contingenciamento do orçamento. O deputado disse que isso não é uma novidade porque o governo precisa avaliar se a expectativa de receita vai efetivamente se consolidar. Ele afirmou que há, no orçamento de 2016, uma série de receitas condicionadas, ou seja, que precisam ser aprovadas pelo Congresso, como é o caso da CPMF - o governo prevê arrecadar R$ 10 bilhões com a volta do imposto do cheque no ano que vem.

Para mostrar o engessamento orçamentário, o deputado anotou que a Receita Primária Bruta de 2015, de R$ 1,447 trilhão, é praticamente igual à do próximo ano, de R$ 1,451 trilhão. E que deve haver um aumento de 12% das despesas.

Barros repetiu que, diante desse quadro, vai ser difícil para o governo cumprir a meta de superávit primário de 0,5% do PIB em 2016.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, fez na noite desta segunda-feira, 4, uma ampla defesa do ajuste fiscal e disse o "momento atual é de transição". "É o momento de revertermos políticas anticíclicas, que se esgotaram, como tem dito a presidente da República", afirmou Levy, ao representar a presidente Dilma Rousseff em evento realizado nesta noite na capital paulista.

Levy lembrou que nesta semana a Lei de Responsabilidade Fiscal completou 15 anos e disse que ela foi um "marco" na gestão do País. "A Lei de Responsabilidade Fiscal implementou novos padrões e é um modelo para outros países", afirmou, ressaltando que a lei foi um processo de aprendizado e transformação cultural brasileiros que deve ser valorizado.

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O ministro destacou a trajetória econômica brasileira nas últimas duas décadas e disse que especialmente "nesses 15 anos" o Brasil teve muitas conquistas. "Fomos capazes de retirar mais de 30 milhões de pobreza, de reduzir a desigualdade", afirmou. "É um feito notável, num período curto."

Levy citou o papel da indústria, do agronegócio e do setor de serviços como fundamentais para o desenvolvimento econômico e destacou o pré-sal como "uma oportunidade de construir um Brasil melhor para outras gerações". Ele disse ainda que hoje o Brasil já produz 800 mil barris de petróleo por dia do pré-sal e que "brevemente" chegará a marca de um milhão.

Setor automotivo

Para Levy, a melhora da conjuntura da economia deverá levar as empresas fabricantes de veículos a aumentar as vendas para o exterior. "A indústria automobilística, em dado momento, exportava parcela significativa de seus carros. Nesse novo ambiente em que estamos vivendo, certamente terá capacidade de competir pela própria qualidade em novos mercados", disse. "É assim em todo o mundo: descobre novos mercados e vai crescendo."

O ministro também falou que "há perspectiva de licitações de áreas de petróleo do pós-sal, em terra e no mar." Ele não especificou quando e em quais condições esses processos poderão ser adotados, em resposta de jornalistas sobre se há um debate no governo em relação à necessidade de revisão da lei de conteúdo nacional de fornecedores para a estatal.

"Esse é um tema que alguns ministros têm mencionado, mas eu não tenho participado diretamente", apontou Levy. "A Petrobras tem feito avanços muito significativos e acho que a produção do pré-sal tem crescimento importante."

O ministro reforçou ainda que o governo tem se esforçado para aprimorar seus dados e sua comunicação, pois "o mais alto grau de transparência facilita a eficiência no processo de decisão das empresas e das pessoas". "Nos esforçamos para aumentar o grau de transparência das estatísticas, especialmente as fiscais", afirmou a uma plateia de empresários e executivos.

Segundo ele, a discussão a respeito da avaliação dos gastos públicos é cada vez mais importante para a tomada de decisões. "A efetividade do gasto público só será aferida se soubermos o que queremos gastar", afirmou. Disse ainda que a discussão sobre "o que se alcança com cada real gasto vai ser cada vez mais importante e terá cada vez mais interesse da sociedade toda."

Ele pediu o apoio dos empresários para que o governo possa concluir o ajuste o mais rápido possível e com isso "colocar o Brasil de novo na rota do crescimento". "Eficiência e efetividade são duas palavras cada vez mais importantes num mundo competitivo que o Brasil vai ter que se posicionar", afirmou.

E completou dizendo que a abertura do País é fundamental e que para conquistar mercados o Brasil terá de estar aberto a novas tecnologias e também à concorrência. "A concorrência é fundamental, onde não há concorrência não há melhora eficiência", disse.

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