Tópicos | Pyeongchang-2018

Cinco anos atrás, Victor Santos tomava conta dos carros estacionados na Cidade Universitária, em São Paulo, aguardando os trocados dos motoristas. Era flanelinha. Depois, lavou carros e foi empacotador em um supermercado. Tinha de ajudar os pais a cuidar dos sete irmãos. Agora, vai estrear no esqui cross-country nos 15 km estilo livre nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Pyeongchang, na Coreia do Sul. Ele compete às 4 da manhã, na madrugada desta sexta-feira (horário de Brasília). Aos 20 anos, virou esquiador.

"Foi muito emocionante quando entrei com os outros atletas do Brasil e o público me aplaudiu. Sempre vi pela tevê e não acreditei que estava vivendo tudo aquilo", disse Victor Santos. "Também me emocionei quando tocou aquela música do John Lennon", afirmou, tentando se lembrar de Imagine.

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A mudança de profissão começou no projeto social "Ski na Rua", que ensina o rollerski ali mesmo nas vias da USP para 95 crianças e adolescentes dos 6 aos 21 anos. O rollerski, ou esqui com rodinhas, é utilizado no mundo inteiro pelos atletas de esqui cross-country nos períodos sem neve. O professor Gideoni Manoel do Nascimento explica que a diferença do asfalto para a neve é apenas a pisada; a técnica é a mesma.

A maioria dos beneficiados pelo projeto mora na favela São Remo, que fica encostada no campus universitário. O projeto é tocado pelo ex-atleta olímpico Leandro Ribela, que esteve em Vancouver-2010 e Sochi-2014 e se tornou o técnico em Pyeongchang.

O garoto da comunidade viu a neve pela primeira vez na Rússia, convidado pela Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN). Em 2015, ele já competia na Europa. Victor Santos não foi o primeiro do projeto a virar atleta da neve. Em 2016, Altair Firmino participou dos Jogos da Juventude na Noruega. Foi a primeira vez que um brasileiro esteve no evento no esqui cross-country. "Isso mostra o potencial desses garotos. O Victor não é um caso isolado", argumentou Leandro Ribela.

A situação financeira do projeto é difícil. Óbvio. Para completar as verbas da CBDN, os gestores organizam jantares beneficentes em restaurantes e hotéis de São Paulo que são parceiros do projeto. No ano passado, arrecadaram R$ 15 mil. O dinheiro ajuda no uniforme e também no lanche dos alunos após os treinamentos, realizados três vezes por semana. O valor também paga o aluguel da sede do Ski na rua, que fica na própria comunidade. São R$ 700 por mês.

Tudo isso impulsiona o esporte. Os brasileiros passaram a figurar no ranking mundial de cross-country por meio das provas de rollerski da Federação Internacional de Ski que a CBDN organiza no Brasil. O País se destaca no ranking sul-americano.

Existe até certo otimismo para a prova de Victor Santos. "Ele já provou ser capaz de fazer boas provas, controlando tudo aquilo que treinamos. O resultado será consequência, mas ele tem boas chances de fazer a melhor marca do Brasil", afirmou o treinador.

Marcando a contagem regressiva de 500 dias para os Jogos Olímpicos de Inverno em Pyeongchang, os organizadores sul-coreanos afirmaram nesta terça-feira (27) que cerca de 90% das obras de novas instalações estão prontas e agora o foco se concentrará na preparação para os eventos-teste.

O Comitê Organizador da Olimpíada de Pyeongchang afirmou que as obras estão dentro do cronograma para uma série de competições esportivas programadas de novembro a abril, que servirão como ensaio para os Jogos de Inverno, que começarão em 9 de fevereiro de 2018.

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Os seis novos locais de competições para os Jogos estão 88% completos e uma nova linha de trem de alta velocidade, concebida para ligar a principal porta de entrada do país - o Aeroporto Internacional de Incheon - com Pyeongchang em menos de duas horas será concluído em junho de 2017 e vai iniciar suas operações em janeiro de 2018, disseram os organizadores.

Os preparativos estão passando por uma transição da "fase de planejamento para a prontidão operacional", disse o comitê organizador em um comunicado. "A Ásia tem um potencial imensurável para se tornar a casa dos esportes de inverno. Pyeongchang tem se dedicado a promover os esportes de inverno e a atrair investimentos em toda a Ásia".

Observando que a Olimpíada de 2018 será o primeiro de três Jogos consecutivos na Ásia - Tóquio receberá os Jogos de Verão de 2020 e Pequim organizará os Jogos de Inverno de 2022 -, o comitê disse que o evento em Pyeongchang será um a "oportunidade de estabelecer ligações mais estreitas entre os países-sede próximos e construir pontes através do esporte".

Os organizadores de Pyeongchang-2018 superaram atrasos em obras, conflitos envolvendo locais de competições e dificuldades para atrair patrocínios domésticos nos últimos anos. O otimismo sobre a preparação aumentou após a realização bem-sucedida dos primeiros eventos-teste no início deste ano.

Apesar de um início lento, os organizadores dizem que mais de 80% da meta de conseguir US$ 850 milhões (aproximadamente R$ 2,76 bilhões) em patrocínios domésticos foi alcançado. Agora eles têm a expectativa de atingir 90% até o final do ano.

Um programa de eventos culturais com a presença de cantores pop e estrelas do esporte local foi realizado em Seul nesta terça-feira para marcar o início da contagem regressiva.

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