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A Olimpíada de Tóquio acabou no domingo, mas Rayssa Leal segue brilhando. A jovem skatista ganhou nesta quinta-feira o prêmio Visa Award, que é concedido ao atleta que melhor representou os valores olímpicos nos Jogos, segundo votação popular. A honraria é entregue pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em parceria com um dos seus patrocinadores.

"Visa e COI parabenizam Rayssa Leal por ter mostrado que a amizade e a esportividade aos seus oponentes tem maior significado do que ganhar a medalha de ouro", anunciou a entidade responsável pela organização da Olimpíada. Em Tóquio, a skatista de apenas 13 anos faturou a prata na modalidade street.

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O prêmio celebra a amizade, a inclusão, a aceitação e a coragem, valores que foram "exemplificados" por Rayssa, segundo o COI. A brasileira foi escolhida em votação popular, no próprio site oficial da Olimpíada. "Do início ao fim, a brasileira demonstrou verdadeiras qualidades de espírito esportivo. Ela se manteve próxima das suas adversárias, deu abraços e comemorou enquanto elas faziam suas performances na Olimpíada pela primeira vez", registrou o comunicado da premiação.

"Mesmo quando Nishiya Momiji finalmente derrotou Rayssa no dia da medalha de ouro, a brasileira expressou o verdadeiro poder do espírito olímpico ao correr para ser a primeira a abraçar a rival japonesa e dar os parabéns", afirmou.

Como prêmio, Rayssa ganhou a oportunidade de escolher uma instituição para receber uma doação de US$ 50 mil (cerca de R$ 260 mil). Pelas redes sociais, ela afirmou que vai direcionar o valor para a ONG Social Skate, da cidade de Poá, em São Paulo.

"Hoje fui reconhecida, como a atleta que mais representou os valores Olímpicos durante os Jogos! E, como prêmio, iremos ajudar a @ongsocialskate, que transforma a vida de várias crianças através do Skate! Obrigada pelos votos galerinha! Essa conquista é nossa! Juntos somos mais fortes!", declarou a jovem skatista.

Rayssa Leal era a Fadinha do skate até pouco tempo atrás. Aos 11 anos, a pequena atleta nascida em Imperatriz, no Maranhão, resolveu deixar para trás o apelido que ganhou nas redes sociais. Mudou a maneira como se apresenta e abandonou a fantasia de fada que a fez viralizar, mas não perdeu o encanto. Pelo contrário. Desde o fim do ano passado, Rayssa integra a seleção brasileira na modalidade street, que consiste em uma pista que simula obstáculos de rua como escadarias, rampas e corrimões.

Ela está pronta para representar o Brasil em Tóquio. Caso o ranking internacional que classifica os skatistas para os Jogos Olímpicos de 2020 fechasse hoje, Rayssa estaria credenciada para a competição - não há limite de idade para se classificar. Ela é a 3ª melhor do mundo e a segunda do Brasil. Mas a menina agitada, cheia de energia e de sorriso fácil, ainda com aparelho na boca, não leva tudo isso tão a sério.

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Treina três horas todos os dias, exceto aos domingos, e encara as competições como um momento de diversão. "Para mim é como se fosse uma brincadeira de rua, mas saber que eu consigo ajudar meus pais com isso é meu maior orgulho", diz Rayssa ao Estado.

De fato, o começo não foi dos mais fáceis. A primeira vez que a pequena subiu em cima das quatro rodinhas foi aos 6 anos, quando ela pediu um skate de aniversário. Rayssa confessa que foi "um pouquinho difícil" no começo, mas um ano depois já estava competindo. Aprendeu tudo por conta própria, vendo vídeos no celular e repetindo cada manobra inúmeras vezes até conseguir. Para isso, deixou de lado a boneca, que nunca foi seu brinquedo favorito, e aproveitou o tempo longe de outras crianças para se dedicar.

O incentivo de inscrevê-la em torneios partiu dos skatistas que frequentavam a mesma pista que ela, ao perceberem seu talento. Os pais decidiram, então, atravessar o Brasil para levá-la ao Campeonato Brasileiro de Street Infantil, em Santa Catarina. "Não tínhamos dinheiro para a passagem de volta nem para nos alimentarmos direito todos os dias lá", conta Lilian Leal, mãe de Rayssa. Em sua estreia competindo, a maranhense foi campeã. De quebra, ela conquistou o público a ponto de os donos dos food trucks que participavam do evento juntaram dinheiro para ajudar sua família a voltar para casa.

Rayssa foi treinando, melhorando e colecionando títulos, até que sentiu a necessidade de se desafiar em novas categorias. Aos 9 anos, parou de competir entre as crianças e passou a disputar a categoria geral. Ficou um pouco nervosa no começo, mas logo descobriu uma maneira de se tranquilizar. "Fico pensando no meu irmão e isso me dá incentivo para ir bem", revela antes de dizer que Arthur Felipe, de 4 anos, é fã de futebol como ela. Corintiana, Rayssa também arruma tempo entre os estudos, lições de casa e sessões de fisioterapia para atuar de lateral-direita na escolinha de futebol que frequenta duas vezes por semana.

Mas não se engane, não restam dúvidas quando ao que ela quer no futuro: "skatista profissional", responde, certeira. O objetivo principal já foi estabelecido. "Desde quando surgiu a ideia de colocar o skate na Olimpíada já pensei na possibilidade de estar na seleção brasileira. Meu sonho é ganhar uma medalha de ouro e acho que consigo", diz. Para isso, o primeiro passo é continuar bem no ranking.

O próximo compromisso de Rayssa é no tradicional Dew Tour, torneio que ocorre em Long Island, na Califórnia. De 13 a 16 de junho, os principais nomes tanto do park quanto do street estarão competindo pelo pódio e, portanto, por pontos na corrida olímpica. "Eu não estou mais nervosa como estava nos últimos campeonatos. Como estou indo bem, acho que consigo pegar um pódio lá também", projeta a garota.

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