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A candidata do União Brasil à Presidência, Soraya Thronicke, classificou como "horror" os ataques que recebeu nas redes sociais durante o debate presidencial da TV Bandeirantes. No programa, Soraya confrontou o presidente, sobretudo pela maneira desrespeitosa que ele tratou as mulheres. "Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vêm para cima da gente sendo tigrão, eu fico extremamente incomodada", disse. No debate, Bolsonaro atacou a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, e a candidata do MDB, Simone Tebet.

"Nos intervalos do confronto, minha equipe me passava os ataques que eu estava sofrendo na internet, por força da minha participação. Isso é um horror, é o subsolo do abismo", disse ela ao Estadão. Soraya foi alvo nas redes por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), de quem já foi aliada.

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A parlamentar afirmou que se sente insegura em meio a clima agressivo da campanha e avalia pedir reforço da segurança à Polícia Federal. "Este clima já raivoso das eleições faz com que o alerta seja acionado. Caso eu sinta necessidade, vou pedir reforço, sim, da minha segurança, e acho que todos os demais candidatos devam fazer o mesmo, caso achem necessário". De acordo com ela, quando concorreu ao Senado em 2018 foi necessário o uso de um colete à prova de balas por "ameaças no decorrer do processo eleitoral".

Soraya citou o "clima de rivalidade que tomou conta de parte da população e que já ocasionou em morte meses atrás", em referência ao episódio em que Marcelo Arruda, militante do PT, foi morto em Foz do Iguaçu (PR) em julho por um bolsonarista, e disse que teme "por sua vida, por sua família e por sua equipe".

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do presidente, criticaram a senadora após a atuação dela em relação a Jair Bolsonaro no debate. Nas redes sociais, Flávio e Eduardo lembraram que a candidata a presidente se associou ao pai deles na eleição de 2018. Em resposta a uma postagem de Flávio, a senadora do União Brasil disse que o atual presidente e o filho são "traidores da pátria".

Uma pesquisa divulgada nesta sexta-feira (7), pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública, aponta que 41% dos soldados, cabos, sargentos e subtenentes (os praças) das polícias militares do Brasil interagem em ambientes bolsonaristas no Facebook, sendo que 25% participam de redes bolsonaristas radicais tidas como radicais pelos pesquisadores. Ao todo, 12% dos PMs nessa rede social compartilham comentários contrários ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso.

O dado foi obtido a partir de um levantamento do Fórum feito em parceria com a empresa de inteligência digital Decode. O estudo levantou o nome de mais de 885 mil policiais civis, militares e federais do País no Portal da Transparência e os procurou nas redes. 16% deles têm perfis no Facebook. A pesquisa se concentrou em analisar mais de 2,8 milhões de interações de 879 agentes de segurança com perfis abertos, de acesso público, para não violar a privacidade dos policiais. Apenas 6% dos agentes interagem com pautas ligadas aos direitos humanos.

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O diretor-presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, afirma que a pesquisa foi feita para tentar mensurar uma percepção já identificada de proximidade das forças de segurança com as pautas bolsonaristas. Ele destaca que, historicamente, as polícias de todo o mundo têm proximidade com pautas de viés conservador, de manutenção da ordem.

"Ser conservador não é problema nenhum. É um segmento da sociedade. O que chamou a atenção da gente é que, dentro deste grupo, tem uma parcela defendendo a ruptura institucional. Este sim é um problema." A questão, para Lima, é o fato de o efetivo das corporações serem grandes e estarem armadas ao defender esses discursos. O tema precisa receber atenção de demais órgãos de estado, como o Ministério Público, e das próprias corregedorias, ainda na avaliação do fórum.

Um dos fatores que o Fórum avalia como catalisadores da participação desses agentes na rede o é o próprio discurso empoderador das polícias trazido pelo grupo político do presidente. "(Os policiais) se sentem empoderadas a partir do discurso do Bolsonaro e se sentiram à vontade inclusive para dizer contra o congresso, prender o Supremo."

O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) admitiu, nessa quarta-feira (5), ter extrapolado "limites éticos" ao chamar de "déspota" o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi dita após a Justiça de São Paulo ordenar a exclusão de seis vídeos do parlamentar que ataca o magistrado, que conduz o inquérito que o investiga por esquema de financiamento de atos antidemocráticos.

Os vídeos publicados pelo deputado foram divulgados após Moraes determinar a soltura do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, outro alvo do inquérito dos atos antidemocráticos. Moraes decretou a proibição do uso de redes sociais ao blogueiro, medida que levou Otoni a classificar o ministro como "déspota".

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"Tenho consciência de que, ao manifestar-me em defesa do jornalista Oswaldo Eustaquio, extrapolei meus próprios limites éticos ao adjetivar o ministro de forma que deselegante. Tirando esse fato, no qual peço desculpas publicamente ao ministro, não considero que nenhuma das minhas falas ou postagens tenham o mesmo cunho de agressividade, e sim refletem o meu livre e sagrado direito de expressão", afirmou Otoni de Paula. "Também não acredito que serei perseguido pelo ministro por um erro, não de conteúdo, mas de adjetivação".

Nesta quarta, o juiz Guilherme Madeira Dezem, da 44ª Vara Cível de São Paulo determinou a exclusão de seis vídeos do deputado. A decisão foi tomada em ação movida por Moraes contra o parlamentar em São Paulo. De acordo com o juiz Dezem, a "liberdade de expressão é o valor dos mais caros nas democracias liberais". "No entanto, isso não significa que a prática de atos criminosos esteja abarcada por ela", disse.

As mesmas gravações levaram a Procuradoria-Geral da República a denunciar criminalmente o deputado por difamação, injúria e coação contra Moraes. A peça assinada pelo vice-procurador-geral da República Humberto Jacques de Medeiros afirma que o deputado teria utilizado "violência moral e grave ameaça" para coagir Moraes a beneficiar a si próprio e a Oswaldo Eustáquio no curso das investigações, além de ofender a dignidade e o decoro do ministro.

"As expressões intimidatórias utilizadas pelo denunciado escapam à proteção da imunidade parlamentar e atiçam seus seguidores nas redes sociais, de cujo contingente humano já decorreram investidas físicas contra o Congresso e o próprio Supremo", afirmou Medeiros.

COM A PALAVRA, O DEPUTADO OTONI DE PAULA

"Tenho consciência de que, ao manifestar-me em defesa do jornalista Oswaldo Eustaquio, extrapolei meus próprios limites éticos ao adjetivar o ministro de forma que deselegante. Tirando esse fato, no qual peço desculpas publicamente ao ministro, não considero que nenhuma das minhas falas ou postagens tenham o mesmo cunho de agressividade, e sim refletem o meu livre e sagrado direito de expressão. Também não acredito que serei perseguido pelo ministro por um erro, não de conteúdo, mas de adjetivação" , afirma o deputado Otoni de Paula.

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