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A presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) tornou sigiloso o processo interno sobre a entrada de um policial federal na sala segura do órgão, onde o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outros documentos são elaborados, segundo a Folha de São Paulo. Em denúncia feita à reportagem, servidores relataram, em condição de anonimato, que a conduta do agente foi suspeita e que a entrada da Polícia Federal na sala em questão é um episódio inédito. Os denunciantes também dizem que o documento sobre a solicitação de entrada do policial teria sido apagado dos registros. 

Em resposta a um pedido de informação, a Polícia Federal afirmou à Folha que ao menos desde 2017 recebe solicitações do Inep para a realização de vistorias na gráfica responsável pela impressão das provas, e que a visita denunciada não teve protocolo diferente das demais, tendo sido voltada à “segurança do ambiente, dos equipamentos, do controle de acesso, dos níveis de segurança de acesso”, entre outros aspectos. 

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Os servidores também relataram que a liberação representa maior vulnerabilidade do exame, embora não haja relatos de que o policial tenha tido visto questões ou o tema da redação do Enem. Eles também estranham o sigilo do processo e o sumiço do sistema de um dos documentos relacionados à autorização de entrada —a associação de servidores já denunciou a exclusão de arquivos do sistema por ordem da presidência. 

O agente da PF, segundo informou a corporação, teve acesso ao local no dia 2 de setembro. Danilo Dupas Ribeiro, presidente do órgão, assinou um ofício em 20 de agosto em que prevê a avaliação do ambiente seguro do Inep e a emissão de um relatório com recomendações —a partir desse documento é que se autorizou, em outro ofício, o policial entrar na sala protegida. 

Este processo, por sua vez, está com acesso restrito no sistema eletrônico de informações do governo. O ordenamento prevê que o gestor justifique o motivo da restrição a processos públicos, o que não teria ocorrido. O agente que realizou a visita não teve o nome informado à reportagem ou de forma geral. 

O presidente do Inep e o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disseram nesta quarta-feira (17) no Congresso que a inspeção é normal. Ela teria ocorrido por causa de uma reforma nessa sala. 

A autorização de entrada no ambiente teria sido assinada por Eduardo Carvalho Nepomuceno Alencar, assessor de Governança e Gestão Estratégica do Inep, segundo relatos que chegaram à Frente Parlamentar Mista de Educação, também ouvidos pela reportagem. Nepomuceno é pessoa de confiança de Dupas no Inep. No dia em que o policial esteve no local, servidores foram pegos de surpresa. Um deles teria se prontificado a acompanhar o policial. 

"Questionamos o ministro, solicitamos imagens do circuito interno e eles têm um mês para responder", disse o presidente da Frente Mista de Educação, deputado Professor Israel Batista (PV-DF). 

"Ministro tenta minimizar, mas o fato é que a presença se deu de maneira irregular, sua presença foi apagada do SEI [Sistema Eletrônico de Informações]." 

A ex-presidente do Inep, Maria Inês Fini, disse que esse tipo de visita à sala segura “nunca aconteceu em nenhum ano anterior”. "Jamais houve necessidade de uma vistoria", afirmou a ex-presidente do Inep. "A sala é excepcionalmente bem guardada. Até um brinco minúsculo que eu tenho era preciso retirar. Existe um scanner para você entrar lá, é feita uma identificação digital." 

Crise no Ministério da Educação 

Os relatos e a denúncia intensificam a tensão já existente entre o Ministério da Educação (MEC) e o Inep. Às vésperas do Enem, 37 servidores pediram exoneração de cargos contra a atual gerência da entidade. Denúncias falam em pressão para interferir no conteúdo da prova e assédio moral sobre os trabalhadores. 

 

Depois de conhecer as políticas para redução de danos para dependentes de drogas em Amsterdã, na Holanda, há pouco mais de uma semana, secretários da gestão Fernando Haddad (PT) defenderam o conceito de "sala segura" para separar os dependentes de crack da Cracolândia da influência dos traficantes. Na Holanda, essas salas são clínicas vigiadas onde os viciados podem consumir droga, especificamente heroína, sob supervisão do Estado. "É um debate que precisas acontecer no Legislativo, porque há aspectos legais que impedem a instalação dessas salas por aqui", disse o secretário municipal de Segurança Urbana, Roberto Porto. "Mas é fundamental. Nós precisamos encontrar uma forma de separar o traficante do usuário. Fazer uma separação físicas entre eles", enfatizou.

Essa separação permite o acesso do poder público e assistência médica ao dependente e diminui a criminalidade associada à droga, como furtos e roubos, segundo a secretária de Assistência Social, Luciana Temer. Nas salas seguras holandesas, os dependentes chegam até a receber uma dose de heroína, que passa por controle de qualidade para evitar toxinas misturadas com as drogas. "Dessa forma, até os índices de infecção diminuíram", afirmou o secretário de Direitos Humanos, Rogério Sottili.

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A secretária Temer, no entanto, afirmou que há diferenças importantes entre as características das dependências de crack e de heroína, como chances de overdose (comum com a heroína e praticamente inexistente no crack) e sintomas das crises de abstinência. Assim, em um cenário em que uma política pública dessa natureza pudesse ser implementada, diversos ajustes seriam necessários. Na conversa, o secretário Porto discutiu os critérios de avaliação sobre a eficiência ou não do Programa Braços Abertos, que a Prefeitura desenvolve na Cracolândia, e inclui a oferta de alimentação, moradia, assistência médica e emprego para os dependentes de crack na Cracolândia.

"O que é sucesso do programa? A abstinência? Na Holanda, há casos de que em que a pessoa passará a vida frequentando salas seguras. Mas ela não comete crimes, não pede esmolas, não rouba", disse, ao explicar que a questão da degradação social e urbana decorrente da Cracolândia pode ser resolvida sem, necessariamente, que as pessoas deixem e usar droga. "Dentro do que vimos, o consumo de drogas é proibido na rua, mas liberado dentro de locais específicos. Há um benefício para o restante da cidade, que não convive com dependentes nas ruas", afirmou a secretária Temer.

Maconha.

A Prefeitura, que faz entrevistas e acompanhamentos diários com os cerca de 400 dependentes de crack que ocupam a Cracolândia, já havia divulgado, na semana passada, que foi detectada uma redução de até 70% no consumo diário de pedras entre os dependentes - quem fumava 30 pedras por dia chega a consumir cinco atualmente. "O que nós notamos, por outro lado, foi o aumento do consumo de maconha. Algumas das pessoas estão trocando crack por maconha", disse Porto.

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