O FBI emitiu um alerta às sinagogas em Nova Jersey, nos Estados Unidos, sobre uma "ampla ameaça à segurança" depois de obter o que chamou de "informações confiáveis" acerca de um nível aumentado de risco à segurança dos templos. O comunicado vem em um momento em que o país norte-americano lida com um crescimento de discursos antissemitas.
"Pedimos neste momento que vocês tomem todas as precauções de segurança para proteger suas comunidades e instalações", escreveu o escritório do FBI em Newark no Twitter na tarde desta quinta-feira (3). "Vamos compartilhar mais informações assim que pudermos. Fique alerta. Em caso de emergência, ligue para a polícia."
##RECOMENDA##O alerta foi publicado depois que as autoridades descobriram uma ameaça online direcionada amplamente às sinagogas em Nova Jersey. A postagem, porém, não tinha como alvo nenhuma sinagoga específica pelo nome, informou um funcionário do FBI, que preferiu não se identificar. O porta-voz do FBI em Newark não deu maiores detalhes sobre a natureza da ameaça. Mas, como resultado do aviso, o Departamento de Polícia de Nova York intensificou o monitoramento para garantir a segurança de "todas as áreas que englobam os cidadãos e sinagogas judeus".
Incidentes de viés antissemita e violência estão aumentando em todo o país. Somente no ano passado, houve 525 incidentes conhecidos de assédio, vandalismo e agressão a instituições judaicas, incluindo sinagogas, centros comunitários e escolas - um aumento de 61% em relação a 2020, de acordo com uma auditoria da Liga Antidifamação. Crimes recentes de preconceito geraram manchetes em todo o mundo.
Em janeiro, um cidadão britânico fez quatro reféns em uma sinagoga no subúrbio de Fort Worth, no Texas, por 11 horas, antes de ser morto pelas autoridades. Em 2018, um homem armado com um rifle de assalto estilo AR-15 e várias pistolas apareceu nos cultos de Shabat na sinagoga Tree of Life, em Pittsburgh, e matou 11 fiéis. Em 2019, um homem esfaqueou cinco pessoas em uma celebração do Hanukkah na casa de um rabino em uma comunidade judaica ortodoxa ao norte de Nova York, ferindo fatalmente uma pessoa.
David Levy, diretor do Comitê Judaico Americano em Nova Jersey, descreveu a urgência do alerta do FBI como rara. "É um reflexo do crescente antissemitismo em nosso país e como esse antissemitismo pode se transformar em violência", disse Levy, acrescentando: "Todo mundo está levando isso a sério". O governador de Nova Jersey, Phil Murphy, comunicou que o gabinete do procurador-geral e o gabinete estadual de segurança interna e preparação estão "trabalhando com as autoridades locais para garantir que todas as casas de culto sejam protegidas".
Jason M. Shames, CEO da Federação Judaica do Norte de Nova Jersey, destacou que sua organização imediatamente ativou o sistema de alerta de segurança da comunidade. Ameaças ligadas a congregações individuais não eram incomuns, disse ele, mas é "bastante incomum" que o aviso venha diretamente do FBI. "O que parece indicar para mim que há algo muito único nisso", acrescentou Shames.
Medidas
Em Lakewood, lar de uma grande comunidade de famílias judias ortodoxas, os policiais foram solicitados a permanecer em serviço por um segundo turno. Uma grande sinagoga no município notificou os moradores de que permaneceria fechada durante o dia e até novas orientações das autoridades.
De acordo com o prefeito do município, Raymond G. Coles, representantes do Departamento de Polícia de Lakewood participaram de uma teleconferência com o FBI na tarde de quinta-feira. "Estamos analisando recursos adicionais caso a situação o justifique", disse Coles.
O deputado Josh Gottheimer comunicou também sobre uma reunião com todas as sinagogas em seu distrito congressional e autoridades policiais para informar sobre as medidas de segurança que devem ser tomadas. "Essas ameaças terroristas adicionais contra a comunidade judaica são no mínimo alarmantes", disse Gottheimer, um democrata cujo distrito inclui o condado de Bergen, que tem uma grande população judaica.
"Isso é o que acontece depois de anos de comentários antissemitas de figuras públicas", acrescentou, citando comentários recentes de Kanye West e um post de mídia social compartilhado pela estrela da NBA Kyrie Irving. "A chave é se levantar e lutar, e não recuar, e deixar bem claro que não vamos nos acovardar." (Com agências internacionais).