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Uma das histórias bíblicas mais conhecida pelos cristãos é a de Noé, um profeta que recebe a missão de construir uma arca para salvar centenas de animais do grande dilúvio. A narrativa toma poucas páginas do livro de Gênesis, porém seu desdobramento fora da Bíblia é imensurável. A história já foi adaptada para livros infantis e até músicas religiosas. Agora, a história ganha uma sombria adaptação cinematográfica.

Dirigido por Darren Aronofsky (Cisne Negro), Noé conta a história do profeta de mesmo nome (Russell Crowe, estrela de O Gladiador) que muda sua vida e seu modo de agir para completar uma missão divina. Apesar de ser baseado num épico bíblico, o filme indaga as relações humanas, ou melhor, a falta delas. A missão de Noé não é fácil, nem de total heroísmo. Para cumprir seu destino, o profeta se torna uma pessoa sombria e deixa para trás milhares de seres humanos que passam sede e fome.

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Impiedoso, Noé desperta medo e ira em sua esposa Naameh (Jennifer Connelly, de Uma Mente Brilhante) e seus filhos Sem (Douglas Booth), Cam (Logan Lerman, de As Vantagens de Ser Invisível) e Jafé (Leo McHugh Carroll). Quem também integra a família é Ila (Emma Watson, a Hermione da saga Harry Potter). Ela foi encontrada ferida e desamparada ainda na sua infância. A atuação de Crowe não chega a ser brilhante, mas também merece reconhecimento. Inicialmente o papel de Noé seria vivido por Christian Bale (trilogia Batman) ou por Michael Fassbender (12 anos de escravidão). Mas por incompatibilidade na agenda nenhum dos dois acertou com a produção. Já Jennifer Connelly emociona no papel, assim como Emma Watson, que cada vez mais conquista seu espaço em Hollywood. 

Outro personagem bíblico bastante conhecido que aparece no filme é Matusalém. O ancião é vivido por Anthony Hopkins, famoso por interpretar Hannibal Lecter nos cinemas. Noé é neto de Matusalém. É durante uma visita ao avô que o profeta descobre sua grande missão na Terra. 

Noé é uma grande produção épica com várias cenas de lutas e até gigantes. "Os guardiões", como são conhecidos, parecem mais com os robôs de Transformers, embora sejam constituídos por rochas e luz. Esses personagens não estão na história original da Bíblia e a mistura entre o clássico e a ficção causa um incomodo no início, mas depois vira um belo show de efeitos especiais.

Aronofsky se considera ateu, mas é um grande admirador da história de Noé por causa das decisões que ele precisa tomar para garantir a salvação dos animais. Em relação ao roteiro, o diretor apresenta um cuidado ao se referir a Deus, criador do mundo segundo a Bíblia. No filme, a maioria dos personagens se refere à imagem divina apenas como “O Criador” ou "Ele". 

Apesar de ser uma história para salvar animais, os bichanos mal aparecem no filme. A produção não utilizou nenhuma espécie real nas gravações, tudo é digital. Em Noé, fica evidente algumas características próprias de Darren Aronofsky. O personagem principal é confuso e cheio de dilemas, assim como a bailarina Nina, interpretada por Natalie Portman em Cisne Negro, também do mesmo diretor. Já as “visões” de Noé sobre sua missão aparecem após uma montagem de pequenas sequências de imagens que possuem o mesmo estilo técnico utilizado em Réquiem para um sonho.

A trilha sonora não fica de fora. Sempre instrumental, a música incorpora a emoção da cena. É um elemento típico de Aronofsky que ganhou forma pelo músico Clint Mansell, também compositor da trilha de Cisne Negro. Antes de Noé, o diretor não havia trabalhado com produções de blockbusters. Apesar de ter um filme com objetivo de garantir um grande espetáculo ao público, Aronofsky não deixa sua maior característica de fora: a complexidade da mente humana.

Proibição de Noé

O épico bíblico de Darren Aronofsky foi vetado em três países islâmicos: Catar, Bahrein e Emirados Árabes Unidos. A produção contraria uma das crenças do Islã, já que retrata a imagem de um profeta. 

No Brasil, Noé entra em cartaz nesta quinta-feira (3). A novidade fica para os recifenses, que poderão assistir ao filme numa tela gigante com tecnologia IMAX. As sessões acontecem a partir desta sexta (4), na nova etapa do cinema do Shopping Recife, em Boa Viagem.

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